Faltam docentes
no Ensino Superior na Paraíba
Das três
universidades públicas do estado, a UEPB é a que apresenta maior
carência
No Dia dos
Professores (15), o Jornal da Paraíba publicou reportagem que revela
a falta de docentes nas quatro instituições públicas de ensino
superior da Paraíba, que precisariam de mais de mil novos
professores para suprir a demanda, de acordo com as Seções Sindicais
do ANDES-SN no estado e demais entidades da Educação e movimentos
sociais da Paraíba. As instituições têm crescido desde 2007, com a
expansão e criação de cursos e o aumento na oferta de vagas. No
entanto, a contratação de novos profissionais de ensino não seguiu o
mesmo ritmo.
Segundo o Jornal
da Paraíba, das três universidades públicas do estado, a Uepb é a
que apresenta maior carência de docentes efetivos. A instituição tem
o quadro de 1.200 professores concursados para lecionar nos oito
campi no Estado, mas a estimativa da Associação dos Docentes da
universidade (Aduepb) é que seriam necessários pelo menos 500 novos
profissionais.
“À medida que
cada novo campus foi criado, a partir de 2007, existiu também uma
demanda de professores específicos para trabalhar nos cursos. Mas a
Uepb ainda permanece sem fazer os concursos necessários ao
provimento dessas vagas e o professor substituto, que legalmente
seria apenas para dar suporte ao professor efetivo, é uma realidade
permanente na instituição”, declarou à reportagem a diretora da
Associação dos Docentes da Universidade Estadual da Paraíba
(Aduepb), Seção Sindical do ANDES-SN, Cristiane Nepomuceno. “Com
isso, a universidade gasta menos, à medida que ela não se sente
obrigada a pagar a mesma remuneração que pagaria ao professor
efetivo com a mesma titulação”, acrescentou.
De acordo com o
jornal, a docente explicou que a falta de professores efetivos na
instituição estadual ocorre em todas as áreas de graduação, e
denuncia que o problema afeta também as áreas de pesquisa e extensão
da universidade. “Essa situação acontece em praticamente todos os
departamentos e isso prejudica o professor a desenvolver atividades
para além das aulas. São professores substitutos permanentes, porque
existe a vaga, mas não se faz um concurso e aí esse professor
termina ocupando a vaga que é de um efetivo”, disse.
Segundo a
reportagem, nas universidades federais da Paraíba (UFPB) e de
Campina Grande (UFCG), o déficit de profissionais é estimado em 200
para cada uma. Os representantes dos docentes das instituições
afirmam que as áreas de ensino mais afetadas são de ciências exatas,
licenciaturas e saúde. Segundo o diretor da Associação dos Docentes
da UFPB (Adufpb) – Seção Sindical do ANDES-SN -, Jaldes Menezes, no
campus de João Pessoa a carência é mais sentida nas graduações de
licenciaturas. Já nos campus do interior, o problema afeta os alunos
dos cursos das áreas de exatas. “A UFPB tem 2.500 professores, mesmo
assim nós temos um déficit nos cursos de licenciatura em Física,
Matemática, História, Química. Nos campus do interior isso também
acontece, mas o Litoral Norte é o campus mais precarizado. Tivemos
um crescimento na universidade por conta do Reuni, em 2007. Mas as
salas estão abarrotadas de alunos, com 60 e até 70 alunos por turma,
e os professores ficam sobrecarregados. Então, a universidade
precisa contratar mais professores”, afirmou ao Jornal da Paraíba.
Na UFCG o
problema se repete, e a área de saúde é a mais carente de
profissionais. O diretor-secretário da Associação dos Docentes da
UFCG (Adufcg), Seção Sindical do ANDES-SN, Antonio Lisboa, reclama
que a contratação de professores substitutos prejudica os estudantes
e os professores que precisam se afastar para qualificações de
pós-graduação. “Desde 2007 a universidade não tem um programa para
qualificação de professores, alegando que não tem como contratar
substitutos. Nos campus de Cuité, Campina Grande, Patos e Cajazeiras
temos problemas de falta de docentes para dar conta das disciplinas
regulares, acompanhar os alunos em estágios e programas de
pesquisa”, denunciou à reportagem.
Já no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFPB) são 1.200
professores, segundo informações da Associação dos Docentes da
instituição (Adifpb). A quantidade é considerada insuficiente e,
ainda de acordo com os representantes dos docentes, seriam
necessários pelo menos 100 novos educadores. “Apesar de a
instituição ter feito muitos concursos, principalmente para o
interior, os professores não assumem porque a instituição não
oferece a infraestrutura necessária na cidade. Estamos precisando de
docentes nas áreas de tecnologia, principalmente nas engenharias”,
disse a presidente do Sindicato dos Professores do IFPB, Vânia
Medeiros, ao Jornal da Paraíba.
Mobilização
O 1º
vice-presidente da Regional Nordeste II do ANDES-SN, Josevaldo
Cunha, comenta que as Seções Sindicais do Sindicato Nacional
localizadas na Paraíba, juntamente com outros movimentos sociais e
entidades da educação do estado, têm se mobilizado para denunciar a
situação precária vivida pelas instituições de ensino superior. “A
pauta das Seções Sindicais e dos movimentos sociais dialoga com a
pauta que o ANDES-SN tem definido em suas instâncias para dar
encaminhamento nas diferentes esferas de negociação que o Sindicato
Nacional busca dialogar na defesa da educação pública. Estas pautas
estão relacionadas, entre outras questões, à contratação de
docentes, carreira, ao combate à precarização do trabalho e a luta
pelos 10% do PIB para a educação pública já!”, afirma.
Problema se
repete no ensino básico
De acordo com a
reportagem, a falta de professores também é um problema recorrente
no ensino básico. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Educação
do Estado da Paraíba (Sintep-PB), seriam necessários pelo menos 6
mil novos educadores para as mais de 800 escolas da rede. De acordo
com o presidente do sindicato, Paulo Tavares, a carência maior é na
área das disciplinas de exatas. “A escola estadual está sendo
implementada com os professores prestadores de serviço. No último
concurso, a maioria dos professores foi chamado, mas ainda temos
alguns processos. Mesmo assim, o quadro que temos não supre as
necessidades do Estado e seriam necessários no mínimo, 6 mil
professores de um novo concurso”, afirmou na matéria.
Ainda segundo o
professor, na maioria das escolas estaduais também não há
profissionais como psicólogos, orientadores educacionais e
assistentes sociais para atender os alunos. “A Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) fala sobre a necessidade da atuação
desses profissionais nas escolas para o complemento pedagógico,
porque a escola hoje não é formada apenas pelos professores e
diretores”, acrescentou.
Fonte: ANDES-SN, 17/10/13.