Estudantes de Enfermagem da UFCG estão em greve há 19 dias
 

Alunos do curso denunciam falta de professores e exigem contratação imediata dos docentes

Os estudantes do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) estão em greve desde o dia 31 de maio por falta de professores. Os alunos reivindicam a contratação imediata de docentes para garantir uma formação de qualidade. O curso, criado em 2009 a partir do processo de expansão implementado pelo Reuni, sofre com o quadro insuficiente de professores, que deixam de ofertar disciplinas e não conseguem atender o previsto na grade curricular.

De acordo com o coordenador do curso de Enfermagem do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da UFCG, Alan Dionísio Carneiro, durante planejamento do curso, foi feito um cálculo que indicava a necessidade de 30 a 40 docentes específicos para atender os alunos. Segundo Carneiro, o curso contava com 26 professores e uma vaga em concurso, além de sete professores temporários, que seriam substituídos por efetivos. “No dia 31 de maio, o contrato dos temporários terminou e estamos vivendo a seguinte situação: precisamos de oito professores para fechar a matriz curricular e perdemos sete docentes. O déficit saltou para 15 professores que cumpririam carga horária média de 180 horas semestrais, voltadas para ensino em sala de aula, o que é insustentável”.

A partir deste cenário, o coordenador conta que foi feito um planejamento para verificar quais disciplinas não seriam ofertadas, que foram concentradas entre o 6º e o 8º período. “Mostramos o déficit das disciplinas aos alunos, que deflagraram a greve estudantil no dia 31 de maio. Os professores estão se mobiliando para que não haja carga horária excessiva e a retirada de direitos, o que até o presente momento tem sido respeitado”, afirma.

Na tentativa de minimizar os danos aos alunos, a solução apresentada intensifica o processo de precarização da carreira docente: na última sexta-feira (14), a UFCG divulgou edital para contratação de professor voluntário que, além de não ter vínculo com a universidade, não recebe pela atividade desempenhada (veja o edital).  “Foi solicitado que se abrisse as disciplinas que não foram ofertadas com o apoio de professores voluntários, modalidade que deveria ser complementar ou suplementar dentro do sistema de ensino universitário”, afirma Carneiro. O edital disponibiliza 24 vagas. “Precisamos de no mínimo 17 professores. Como voluntário não tem vínculo empregatício e nem estabilidade, esta adesão pode ser quebrada a qualquer tempo”, explica o coordenador do curso, que justifica: “ideologicamente nós não concor damos com esta situação porque entendemos que é uma repercussão desse processo de precarização do trabalho. Temos a plena ciência de que os voluntários não são uma solução para o problema, mas uma saída para evitar que os professores efetivos sejam mais sobrecarregados em termos de carga horária, e que não percam direitos”.

Segundo Carneiro, os professores foram informados que o MEC não negociará com as universidades até julho. “Até lá, para que os alunos não sejam mais onerados, esta foi a saída encontrada. Temos respeitado este posicionamento, mas esperamos que seja pontual e que tenha prazo para terminar”. O coordenador do curso afirma ainda que todas as soluções têm sido construídas a partir da gestão local. “A problemática fica para os professores resolverem. É ruim porque fica um desgaste na relação professor e aluno e na relação Administração e professores. Somos constantemente cobrados, mas não há como fabricar professores”, desabafa.

Estrutura

No que diz respeito à infraestrutura, Carneiro afirma que os laboratórios têm alguns déficits em virtude do processo de construção. “O curso não nasceu com infraestrutura pronta, elas são construídas com o andamento do curso e das disciplinas”, justifica.

 

 

 

Fonte: ANDES-SN, 18/6/13.

 


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