Estudantes
denunciam perseguição política a UFMT
O Diretório
Central dos Estudantes (DCE) da UFMT denuncia a política adotada
pela reitoria, que reprime a divergência com postura semelhante à
utilizada pela Ditadura. No último domingo (13), o DCE publicou uma
carta aberta na qual relata os ataques e perseguições sofridas por
alunos que reivindicam seus direitos. Os coordenadores do DCE, Raysa
Morais, do Serviço Social, e Maurício Marinho, da Biologia, e o
representante do DCE do campus de Sinop Miller Junior Caldeira Lopes
estão respondendo a processo administrativo disciplinar e podem ser
expulsos da universidade.
De acordo com o
documento, assinado também pelo ANDES-SN e pela Adufmat, Seção
Sindical do Sindicato Nacional, além de outra entidades, a intenção
da Reitoria é expulsá-los sem a menor espécie de diálogo. Raysa e
Maurício são acusados de realizar uma festa não autorizada dentro do
campus. A festa que se chamou “Clandestina” foi um importante
movimento político construído pelas entidades estudantis, a fim de
mostrar a insatisfação e reivindicar cultura, integração e também
arrecadação financeira para turmas de formandos, CA’s e DCE, para
encaminhar suas atividades. O DCE acrescenta ainda que tem
conhecimento de um novo processo, no qual oito estudantes da gestão
do Diretório serão intimados, incluindo os alunos já processados. A
carta menciona ainda a repressão viva pelo movimento estudantil (confira
na íntegra).
“A perseguição
política é prática conhecida. Durante a ditadura militar tal prática
era comum, servindo para manutenção da ordem do governo totalitário.
Mesmo com 28 anos de pseu-democracia, os movimentos sociais têm
sofrido fortes ataques ao seu processo organizativo, pelas
Prefeituras, Governos, Reitorias, Estado e patrões”, afirma o DCE na
carta, que acrescenta: “é inadmissível a reitoria da UFMT não
respeitar a pluralidade de ideias que existem no ambiente
universitário. A inflexibilidade é mais constante para aqueles que
reivindicam direitos, que são contrários ao desmonte da universidade
pública e lutam pela democracia interna, contra o autoritarismo da
reitoria”. Os alunos reforçam que a perseguição não se restringe ao
movimento estudantil, mas aos movimentos sociais, docentes e
trabalhadores da universidade.
O DCE reafirma
que “repudia veementemente a truculência com que a reitora Maria
Lúcia Cavalli Neder age perseguindo estudantes. Não deixaremos que
nenhum militante do ME seja penalizado por exercer direitos que
foram conquistados e assegurados constitucionalmente, estudo e
liberdade de organização política. Reafirmamos nosso compromisso de
independência e luta, continuando firmes, organizados e fortes em
nossa trincheira defendendo trabalhadores e estudantes”.
O presidente da
Adufmat, Carlos Roberto Sanches, afirma que a Seção Sindical do
ANDES-SN tem acompanhado todo o processo. “Nossa assessoria jurídica
está à disposição deles e tem acompanhado os depoimentos em Cuiabá e
em Sinop. Os alunos correm o risco de, ao final do processo, serem
expulsos da universidade”, diz. “Nossa posição é contrária a uma
série de ações e práticas estabelecidas pela Reitoria. As coisas são
impostas sem que o debate ocorra e são tomadas posições bem
violentas em relação aos alunos. Em Sinop um grupo de professores
fez uma solicitação pública para suspender processos, negada pela
reitora”, ressalta o dirigente.
Em vídeo
publicado no mês de setembro (confira),
o DCE da UFMT denúncia a postura da Reitoria da UFMT frente aos
movimentos sociais e estudantis, sob título Campanha Pelos Direitos
Estudantis – Contra a Criminalização e Perseguição do Movimento
Estudantil.
Mobilização
A fim de discutir
a situação vivida pela comunidade acadêmica da UFMT, foi realizado
nesta quarta-feira (16), um debate com o tema “Criminalização dos
Movimentos Sociais, Contra as Perseguições Políticas. Abaixo a
Ditadura na UFMT!”, que integrou a programação da Semana do Calouro
da universidade e contou com a participação dos representantes do
DCE da UFMT e do campus de Sinop que estão sendo processados pela
Reitoria, da estudante Aline Camoles, expulsa em 2011 da USP e
reintegrada pela Justiça, e representantes do Sindicato dos Correios
e do MST.
A Adufmat e o
ANDES-SN, juntamente com o DCE, também participam da programação.
Para esta sexta-feira (18), está marcado o debate “Desmonte da
Universidade Pública. E eu com isso?”, que contará com a presença da
presidente do Sindicato Nacional, Marinalva Oliveira, além do
presidente da Adufmat. “Estas questões estão sendo tratadas de forma
aberta, para serem discutidas. Estamos chamando a comunidade em
geral e temos posicionamento forte em relação a esta prática na UFMT
que não é nova”, afirma Sanches.
* Com informações
do DCE e 24HorasNews
Fonte: ANDES-SN, 17/10/13.