Estudantes da UFRRJ ocupam Reitoria e clamam por melhorias
Na noite de quarta-feira (13), os estudantes da Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) ocuparam o prédio da
Reitoria, em protesto pela falta de infraestrutura e pela
falta de segurança no campus. A ocupação aconteceu logo após
assembleia, que reuniu aproximadamente 250 estudantes. Cerca
de 60 deles permanecem acampados no prédio principal (P1).
Eles adotaram um esquema de revezamento para não perder
aulas e tomaram as devidas precauções para não trazer
prejuízos ao patrimônio público, preservando equipamentos e
documentos.
Os discentes reivindicam que a Reitoria assine um termo de
compromisso, na presença de um representante do Ministério
Público, para dar andamento às obras que precisam ser
feitas. Os manifestantes também vão exigir a realização de
uma auditoria externa nas contas da instituição. Os
estudantes mostraram um dossiê documentado com fotos que
evidencia os graves problemas de infraestrutura vivenciados
pela Universidade. Algumas irregularidades administrativas
apontadas pelo Relatório de Auditoria Anual de Contas
(referente ao exercício de 2011), emitido pela Controladoria
Geral da União (CGU), também tem sido levado em consideração
pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRRJ.
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“Cerca de metade dos processos licitatórios da Universidade
apresentaram alguma irregularidade, seja por falta de fundamento,
seja por erro no valor para dispensa de licitação, seja por falta de
argumentação e falta de discrição para o destino do material. Vamos
elaborar o nosso dossiê e vamos acionar o Ministério Público. A
ocupação está crescendo. Quando as pessoas têm contato com o dossiê,
vêem que temos motivos para estar aqui”,
diz Douglas Nobre, Coordenador Geral do DCE.
Os estudantes reivindicam maior investimento em infraestrutura,
iluminação, segurança no campus, acessibilidade. Lutam contra a
precarização das instalações de salas de aulas e laboratórios.
Alice Soares Brito, que cursa o quinto período de Engenharia de
Materiais, explica que a primeira turma de formandos não irá
concluir os créditos dentro do prazo. O curso foi criado pela
expansão proposta pelo governo federal (REUNI) e, segundo a
discente, carece de laboratórios equipados e de professores. “Haverá
um atraso de, pelo menos, seis meses”, diz.
Hoje pela manhã houve uma primeira reunião com os representantes da
Administração Superior. Como o Reitor,
Professor Ricardo Motta Miranda, está fora do Estado
participando de uma reunião da Associação Nacional dos Dirigentes
das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), ele foi
representado pelos professores Carlos Massard e Eduardo Mendes
Callado. Uma comissão de estudantes conversou com os docentes no
Salão Azul.
No mesmo dia, à tarde, houve um ato simbólico na Reitoria para dar
visibilidade à ocupação. Os estudantes cantaram o Hino Nacional e
reforçaram a disposição para dar prosseguimento à luta. À noite, às
20h, realizaram plenária para a Organização do Cronograma dos
Ocupantes (P1).
A Reitoria da UFRRJ emitiu o seguinte comunicado, publicado na manhã
desta sexta-feira (15) no site da instituição:
“Mantendo a postura do diálogo permanente com os segmentos que
compõem a comunidade universitária, a Administração Superior recebeu
o grupo de estudantes que ocupou a Reitoria, no final da tarde do
dia 13 – após assembleia realizada no hall do P1 – reivindicando
melhorias nos campi.
Na oportunidade, os estudantes dialogaram com o pró-reitor de
Assuntos Financeiros e vice-reitor eleito da UFRRJ, professor
Eduardo Mendes Callado. Na manhã de quinta-feira (14), os discentes
foram recebidos pelo pró-reitor de Assuntos Estudantis, no exercício
da Reitoria, professor Carlos Luiz Massard, juntamente com os
membros da Administração Central. Na ocasião, foi apresentada uma
pré-pauta com as principais reivindicações. Um documento mais
completo deverá ser entregue nesta sexta-feira (15). Entre os pontos
de reivindicação estão a contratação de docentes, segurança,
problemas de infraestrutura, construção de novos alojamentos,
transporte intercampi, entre outros. Os pró-reitores e assessores
presentes à reunião escutaram as reivindicações, debateram os temas
que lhes foram apresentados e se comprometeram em receber os
estudantes em uma nova reunião.
No final da tarde, com a chegada do reitor, que participava de uma
reunião da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições
Federais de Ensino Superior (Andifes), ocorreu um novo encontro. Na
ocasião, os alunos informaram que pretendem formalizar, por escrito,
as demandas da categoria em um documento que será entregue e
debatido junto à Reitoria.
Segundo o reitor, as obras e o dimensionamento de professores estão
encaminhados dentro dos programas do MEC. Já algumas das questões
pontuais estão ligadas à autonomia de gestão das unidades.
Por fim, cabe sublinhar que a Reitoria está aberta ao diálogo, e
comprometida em esclarecer todos os procedimentos que foram adotados
a fim de aprimorar a atual política estudantil”.