V Encontro sobre
Saúde do Trabalhador contribui para avanço na luta sindical
A influência do
produtivismo na intensificação e precarização do trabalho docente e
a forma como este modo de exploração contribui para a redução da
qualidade social da universidade e para o adoecimento dos
professores foi um dos temas amplamente discutidos durante do V
Encontro Nacional sobre Saúde do Trabalhador do ANDES-SN, que reuniu
mais de 90 participantes e 29 Seções Sindicais entre os dias 27 e 29
de setembro, na Universidade Federal do Ceará (UFC).
A diretora do
ANDES-SN e membro da coordenação do Grupo de Trabalho Seguridade
Social e Assuntos de Aposentadoria (GTSS/A), Maria Suely Soares,
avalia que o Encontro foi “um sucesso em participação e de avanços
para a luta sindical, pelas contribuições para a discussão e
reafirmação de rumos e novas proposições”.
Além de reafirmar
as lutas em curso do Sindicato Nacional, foi encaminhado que o
ANDES-SN, nas ações relativas ao enfrentamento do adoecimento
docente relacionado ao trabalho, aprofunde a discussão sobre saúde
mental do professor; a realização de encontro conjunto entre os
Grupos de Trabalho Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria
(GTSS/A), Política Educacional (GTPE) e Ciência e Tecnologia (GTCT),
a fim de elaborar diagnóstico sobre a pós-graduação e a pesquisa no
país, em especial no que se refere ao enfrentamento do produtivismo
e as condições de intensificação e precarização do trabalho impostas
aos docentes que resultam em adoecimento; que as Seções Sindicais
busquem constituir, junto à representação sindical dos
técnico-administrativos e estudantes, fóruns de saúde do trabalhador
nas Instituições de Ensino Superior (IES) para aprofundar e elaborar
estratégias de lutas conjuntas no campo da saúde; pautar nos
encontros de assuntos de aposentadoria do Sindicato Nacional
questões de adoecimento docente após a aposentadoria por doenças
decorrentes do trabalho; além de discutir, no âmbito do GT, como
tratar na universidade o encaminhamento de denúncias sobre casos de
violência e assédio moral.
Nos três dias de
encontro, os participantes debateram, entre outras questões, sobre
as políticas institucionais produtivistas, o combate à precarização
das condições de trabalho, a insalubridade e a periculosidade, a
privatização do espaço público, as consequências da Empresa
Brasileira de Serviços Hospitalares e a retirada de direitos dos
servidores na aposentadoria com o Funpresp.
Debates
Os professores
discutiram estratégias para enfrentar, de forma coletiva, a grave
situação dos docentes diante da intensificação e precarização do
trabalho, que tem entre as consequências o adoecimento, e como
buscar novas perspectivas para o trabalho desenvolvido nas IES, em
especial em relação ao sistema de avaliação da pós-graduação.
“O mesmo Governo
Federal que se omite em providenciar os meios para que o trabalho
docente não seja precarizado, nem exercido em ambiente insalubre e
perigoso, vem determinando a retirada de direitos em relação à
insalubridade e periculosidade no que se refere à indenização e ao
reconhecimento do tempo para aposentadoria especial,
constitucionalmente assegurados. Para enfrentar esta situação,
deve-se insistir na defesa destes direitos e na denúncia contra o
descumprimento da lei, tanto no parlamento como pela via jurídica,
mas, de forma especial, continuar a lutar intensamente pela melhoria
das condições de trabalho e pela redução de riscos de insalubridade,
periculosidade e penosidade, não incentivando a simples
monetarização dos riscos”, afirma Maria Suely.
A Ebserh e o
Funpresp também foram questões debatidas durante o Encontro.
“Reafirmou-se enfaticamente o caráter maléfico da Ebserh, em relação
aos seus aspectos privatizante e antidemocrático, por atacar
frontalmente a autonomia universitária no que se refere a ensino,
pesquisa e extensão e, também, por retirar direitos dos
trabalhadores e deteriorar condições e relações de trabalho, bem
como o atendimento público de saúde nos HU”, explica a diretora do
ANDES-SN. As Seções Sindicais também fizeram informes sobre a luta
travada nas universidades contra a adesão à Ebserh, e na denúncia de
irregularidades nos hospitais universitários que envolvem a empresa,
além do trabalho relacionado à coleta de dados para a elaboração do
dossiê-denúncia em andamento. Segundo a diretora do ANDES-SN, foi
reforçada a necessidade de continuar e intensificar a luta contra a
Ebserh.
Maria Suely conta
que, sobre os direitos da aposentadoria, regime de previdência
complementar e luta contra a adesão ao Funpresp, os participantes
destacaram a necessidade de também intensificar a luta, a fim de
conscientizar especialmente os novos docentes, incluindo os
ingressantes a partir de fevereiro de 2013, que serão mais
pressionados a aderir ao Fundo. “Foi consenso também de que se deve
tentar neutralizar ações feitas pelos responsáveis por recursos
humanos das IES no momento da contratação, com pressões para
aderirem ao Funspresp”, acrescenta a diretora do ANDES-SN.
Em relação à
Pesquisa Piloto sobre Saúde Docente, que está em curso, os
participantes reforçaram a necessidade de usá-la como elemento de
conscientização e mobilização dos docentes, e de buscar subsídios a
partir dos seus resultados.
Fonte: ANDES-SN, 30/9/13.