Dívida Pública
brasileira supera R$ 3 trilhões
Em artigo desta
quarta-feira (6), a Auditoria Cidadã da Dívida denuncia que,
diferente do divulgado por vários veículos da imprensa brasileira, o
montante da dívida pública já ultrapassou R$ 3 trilhões de reais.
A entidade baseia
a afirmação na soma da dívida pública federal interna - R$ 2,823
trilhões no final do ano passado - e da dívida externa bruta - US$
441,757 bilhões no mesmo período - , conforme dados divulgados pelo
Banco Central.
Segundo a
Auditoria Cidadã, a informação divulgada pela imprensa de que a
dívida teria ultrapassado os R$ 2 trilhões no final do ano passado
não reflete o montante da dívida bruta brasileira, uma vez que a
mesma mostra apenas parte da dívida – a que se encontra “em poder do
público”, excluindo os mais de R$ 900 bilhões de títulos que foram
repassados ao Banco Central, dos quais grande parte é entregue ao
mercado.
“Trata-se de um
mero artifício para não mostrar o verdadeiro montante da dívida
pública brasileira, pois o Tesouro emite os títulos da dívida
mobiliária e os entrega ao Banco Central que, por sua vez,
repassa-os aos bancos por meio das “Operações de Mercado Aberto”.
Portanto, a maior parte dos títulos da dívida não fica em poder do
BC, mas é efetivamente repassada aos bancos”, explica a nota da
Auditoria Cidadã.
De acordo com o
texto, parte dos títulos que fica com o BC é utilizada para que o
Tesouro cubra os constantes prejuízos do BC com a manutenção das
reservas internacionais (em benefício do mesmo setor financeiro
privado), dado que nos últimos anos o dólar tem se desvalorizado
frente ao real.
Adicionalmente,
estejam os títulos em poder de quem seja, os mesmos correspondem a
títulos efetivamente emitidos e sobre estes terão que ser pagos os
juros nominais a cada período (de acordo com o prazo de cada
emissão) e ao final terão que ser resgatados. Dessa forma, trata-se
efetivamente de dívida pública e a omissão de quaisquer parcelas
fere o princípio da transparência.
“Por isso devemos
tomar em conta – sempre – o montante da dívida bruta”, justifica a
entidade.
Os dados oficiais
mostram que a dívida interna cresceu R$ 288 bilhões no ano passado,
principalmente devido aos altíssimos juros. Apesar do discurso
oficial de que as taxas de juros teriam caído para 7,25% ao ano
(Taxa Selic), o custo médio da dívida pública federal interna
atingiu 11,72% ao ano, em dezembro de 2012. Isto ocorre, pois a
maior parte dos títulos da dívida interna não é mais indexada à Taxa
Selic, mas a outras taxas, bem maiores.
As emissões de
títulos para a obtenção de recursos para bancos públicos (BNDES,
Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) também inflaram a dívida
em R$ 66 bilhões no ano passado.
*Com edição do
ANDES-SN
Fonte: Auditoria Cidadã da Dívida, 6/2/13.