Dirigente da CSP-Conlutas fala sobre ataques aos direitos
trabalhistas
Zé Maria opina sobre temas como reforma e imposto sindical
O dirigente da CSP-Conlutas, José Maria de Almeida, participou da
abertura do 32º Congresso do ANDES-SN, quando alertou para
dificuldades que serão enfrentadas pelos trabalhadores a partir do
fato de que o Brasil enfrenta uma crise em função do baixo
crescimento econômico, já anunciado pelo IBGE. Ao final do ato de
abertura, Zé Maria, como é mais conhecido, opinou à Sedufsm sobre
temas importantes que estão na pauta, entre eles, a reforma
sindical, a redução do suposto excessivo número de sindicatos no
país, bem como sobre o fim do imposto sindical, defendido pela
central, mas ainda pendente em função de pressões de outras
centrais, como a CUT e a Força Sindical. Acompanhe a seguir.
Reforma sindical
O governo tentou retomar a PEC 369 (reforma sindical) no ano
passado, mas não conseguiu levar adiante. Iniciativas no Congresso
Nacional foram feitas, mas a proposta acabou engavetada. Entretanto,
o governo tenta retomar o núcleo central da proposta através do
chamado Acordo Coletivo Especial (ACE), que foi proposto pelo
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista, filiado à CUT, que
estabelece a prevalência do negociado em relação às garantias que
temos na lei. Isso implicaria em precarizar, reduzir ou mesmo
eliminar diversas conquistas obtidas pelos trabalhadores em mais de
um século de luta. Essa é, portanto, a face mais visível da reforma
sindical, mas existem outros projetos tratando do assunto, como o da
Confederação Nacional da Indústria (CNI). Sendo assim, é importante
retomar a mobilização para impedir que esse tipo de iniciativa
prospere no Congresso Nacional. A luta contra o ACE é um dos pontos
fundamentais da Marcha a Brasília que vamos fazer no dia 24 de abril
para exigir do governo e do Congresso Nacional que deixem de lado
propostas que flexibilizem ou eliminem os direitos dos
trabalhadores.
Redução do número de sindicatos
A CSP-Conlutas já esteve reunida duas vezes com o ministério do
Trabalho, mas até agora existe muita conversa e pouco trabalho. A
discussão do governo que tenta se legitimar é de que existem muitos
sindicatos de fachada, sindicatos de carimbo, o que é verdade. Uma
boa parte dos sindicatos legalmente existentes no país não tem
qualquer relação com a luta dos trabalhadores. Pelo contrário,
acabam sendo cartório de negociação dos direitos dos trabalhadores.
No entanto, as medidas que o governo tem tomado até agora não são no
sentido de acabar com essas entidades. O que tem sido feito pelos
órgãos do Executivo e muitas vezes pela Justiça, são medidas contra
sindicatos que estão na luta, como por exemplo, o que foi feito
contra o ANDES-SN (em relação ao registro sindical), com o sindicato
dos metalúrgicos de São José dos Campos (SP), contra o sindicato dos
Rodoviários de Belo Horizonte (MG), que são sindicatos que estão
sendo atacados por articulações políticas que vão do governo até as
centrais sindicais que apóiam o governo, como são o caso da CUT e da
Força Sindical, da Nova Central. Agora, o governo também baixou uma
portaria para mexer na regulamentação de entidade sindical. Nós
achamos que, realmente, há muita bandalheira nos registros das
entidades, agora, não se pode, em nome disso, obstruir a liberdade
de organização. Então, nós temos aí uma discussão que é complexa.
Nós temos por obrigação e necessidade que defender os sindicatos que
estão na luta, impulsionando os trabalhadores. E temos também por
obrigação a defesa da liberdade de organização sindical, que não
existe no Brasil, seja em função da unicidade sindical, ou por causa
do imposto sindical, que é o que sustenta os sindicatos-fantasma.
Imposto sindical
A CSP-Conlutas tem uma campanha permanente contra o imposto
sindical, mas é um tema com muitas contradições. O antigo ministro
do Trabalho, Carlos Lupi, havia orientado que houvesse desconto do
imposto sindical do servidor público. Já o atual (Brizola Neto)
mandou parar o desconto no setor público. Entretanto, teve uma
audiência pública recente, em Brasília, com auditório lotado, com
representantes da CUT, da Força Sindical, da CTB, da Nova Central
Sindical, e a CSP-Conlutas foi a única que disse “realmente, tem que
acabar com o imposto sindical”. Nesse sentido, a nossa central
esteve lá, pela primeira vez, para apoiar uma medida do Ministério
do Trabalho. Quase apanhamos na reunião. A CUT mesmo disse “espera
aí, vamos ver, foi tomada uma medida sem consultar as centrais”. E,
o que saiu dessa reunião é que essa discussão vai para debate num
fórum bipartite que existe no âmbito do Ministério do Trabalho, que
a CSP-Conlutas não participa, mas que participam a CUT e outras
centrais, e lá será decidido o que vai ser feito, se o governo
suspende ou não essa medida (cobrança do imposto sindical no âmbito
do serviço público).
Para ver que a luta é árdua e o governo não tem interesse em se
meter nisso. As entidades sindicais, muitas delas com grande
representatividade no setor público, querem o imposto sindical, pois
estão preocupadas em recursos para financiar a máquina sindical. E a
gente, ao invés de fazer retroceder essa coisa arcaica que existe no
Brasil, o que nós temos visto é que isso continua avançando,
infelizmente.
Texto: Fritz R. Nunes
Assessoria de Imprensa da Sedufsm