Conselho
Universitário da Federal de Santa Maria vota se adere ou não à
Ebserh
A Seção Sindical
dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria (Sedufsm – Seção
Sindical) alerta para a reunião extraordinária do Conselho
Universitário (Consu), chamada pelo reitor, Felipe Müller, que
ocorrerá na próxima sexta-feira (11), a partir das 8h30min. Na
pauta, a apreciação do contrato entre a UFSM e a Empresa Brasileira
de Serviços Hospitalares (Ebserh). Para o presidente da Sedufsm –
SSind., Rondon de Castro, o que era temido está por acontecer: no
apagar das luzes da atual gestão, uma proposta dessa envergadura,
que compromete o futuro do atendimento do Hospital Universitário à
população, vai à votação sem que a comunidade tenha conhecimento
detalhado do conteúdo desse documento.
Na tarde desta
terça (8), a assessoria de imprensa da Sedufsm – SSind. entrou em
contato com o reitor, Felipe Müller, para questionar sobre os pontos
presentes no contrato. Müller disse que estava voltando de férias, e
que na realidade quem estaria mais por dentro do próprio contrato,
que sofreu alterações por solicitação do Conselho de Administração
do Hospital (Conad) e acabou aprovado por unanimidade, seria o
reitor eleito. Paulo Burmann, que é membro do Conad, participou de
uma comissão que analisou a proposta de contrato. Junto com Burmann
teriam estado Salvador Penteado, do setor de psicologia do Husm, que
é suplente no Conad, Soeli Guerra, diretora de Enfermagem do Husm e
Vanderlei Vasconcellos, que é da direção da Assufsm.
Sem conseguir
contato durante duas vezes, ao longo da tarde, com o professor Paulo
Burmann, a assessoria da Sedufsm falou com Salvador Penteado. O
servidor técnico-administrativo do Husm avalia que a posição do
Conad, e a dele pessoal, é de concordar com a adesão. Segundo ele, a
UFSM (Husm) não teria outra alternativa viável para suprir as
dificuldades com recursos humanos e materiais. Além disso, mesmo sem
ter aderido, a instituição já é obrigada a negociar recursos e
contratações via Ebserh, tendo em vista que o MEC extinguiu o setor
que trata dos HUs no ministério. Penteado alega que o contrato que
vai ser avaliado pelos conselheiros é o que se conseguiu alcançar em
favor da instituição.
No que se refere
ao atendimento, segundo ele, a proposta é de que se mantenha 100%
SUS e de que não há possibilidade de convênio com o setor privado.
No que tange à autonomia universitária, Salvador Penteado avalia que
ela não seria ferida, pois é a universidade que indicará o
superintendente da subsidiária, bem como o gerente de projetos em
pesquisa e extensão, o que, na opinião dele, não prejudicaria o
papel de hospital escola.
Penteado admite
que o problema que não foi resolvido é o da contratação de
servidores. A empresa garantiria os direitos dos servidores cedidos
pela UFSM num primeiro momento, que atuariam junto com os
contratados via regime trabalhista privado (CLT). No entanto, a
partir das aposentadorias, no futuro, o HUSM, assim como demais HUs
que aderiram, chegaria a 100% dos funcionários contratados pela CLT
e não mais por concurso público e regidos pelo Regime Jurídico Único
(RJU) após a aprovação.
Assufsm se mantém
contra a empresa
Contatado pela
assessoria de imprensa da Sedufsm, Vanderlei Vasconcellos, que
integra a coordenação do sindicato, reforça que a entidade mantém
posição contrária à Ebserh, decisão tomada em assembleia. Ele
esclarece que participou da primeira reunião da comissão do Conad
que avaliou o conteúdo da proposta de contrato com a empresa, mas
depois se retirou e não participou dos encontros seguintes.
O coordenador da
Assufsm rebate a visão otimista de Salvador Penteado. Para Vanderlei
Vasconcellos, o reitor que assinar essa adesão estará decretando a
extinção da carreira dos servidores técnico-administrativos na área
de saúde. “Para resolver a questão de 170 contratados do Husm pela
Fatec serão exterminadas 2 mil vagas”, frisa o sindicalista.
Em relação ao
atendimento 100% SUS, ele vê um problema. “É verdade que todos
continuarão sendo atendidos pelo SUS, inclusive os que tiverem plano
de saúde. Só que quem tiver plano de saúde poderá ter que ressarcir
ao SUS (no caso, a empresa) por esse atendimento. Portanto, um
conveniado privado poderá ser mais rentável à empresa”, destaca
Vasconcellos.
No que se refere
à questão dos projetos estarem submetidos ao interesse da
universidade, o dirigente da Assufsm considera isso uma afirmação de
caráter relativo. Segundo Vasconcellos, o fato de uma empresa de
direito privado gerir o HU abre espaço para que possam ser
desenvolvidos projetos que busquem captação de recursos via
parcerias público privadas.
Contraposição ao
autoritarismo
Rondon de Castro,
presidente da Sedufsm, considera que um dos argumentos mais frágeis
utilizados é de que a Ebserh está posta e que não há o que fazer, a
não ser aderir. “Olhemos o exemplo da UFRJ, que possui uma
intrincada rede de hospitais universitários. Mesmo assim, o Conselho
Universitário rejeitou a adesão e de forma alguma o governo poderá
retaliar a instituição. Seria autoritário e quem sairia prejudicado
é a população”, reforma o professor.
Para o dirigente,
a adesão não representa favas contadas e é preciso que os
sindicatos, os movimentos sociais, a população, se mobilizem e
pressionem os conselheiros. Por isso, Rondon convoca os docentes
filiados, estudantes, técnicos, para comparecer nesta sexta, 11,
8h30min, e dizer não à saúde privada no Hospital Universitário e
gritar “Fora, Ebserh!”.
Texto: Fritz R.
Nunes
Fonte: Sedufsm - SSind., 9/10/13.