Chacina de Unaí completa nove anos
 

Nove anos depois, um réu morreu, outros quatro tiveram seus processos desmembrados. Antério Mânica não é mais prefeito de Unaí. Cinco réus estão em liberdade e apenas três presos

Nove anos depois do crime que ficou conhecido internacionalmente como Chacina de Unaí, nenhum dos nove réus indiciados foi julgado. Agora são oito réus, pois Francisco Elder Pinheiro, acusado de ter sido o contratante dos pistoleiros, morreu no dia 7 de janeiro, aos 77 anos, vítima de um Acidente Vascular Cerebral – AVC.

Outras coisas mudaram ao longo do tempo. Antério Mânica, que foi eleito em 2004 prefeito de Unaí, e reeleito em 2008, já não goza da imunidade que adquiriu com os mandatos executivos. Ele é acusado, ao lado do irmão Norberto Mânica, de ser mandante do crime, motivado pelas fiscalizações em suas fazendas e multas geradas pelas irregularidades encontradas pelo Auditor-Fiscal do Trabalho Nelson José da Silva, e outros.

Antério e Norberto Mânica, Hugo Alves Pimenta, José Alberto de Castro e Humberto Ribeiro dos Santos estão em liberdade. O crime de Humberto já prescreveu. Erinaldo de Vasconcelos Silva, Rogério Alan Rocha Rios e William Gomes de Miranda permanecem presos na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Região Metropolitana de Belo Horizonte (MG).

Rogério, Erinaldo, José Alberto e William tiveram seus processos desmembrados do principal pelo Superior Tribunal de Justiça em 2011. Foi uma tentativa de agilizar o julgamento dos réus que não tinham mais recursos pendentes de análise pela Justiça, porém, até agora, ninguém foi julgado. Os autos já estão de volta à 9ª Vara Federal do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, em Belo Horizonte, sob a responsabilidade da juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima. Não há qualquer pendência que impeça a marcação do julgamento, segundo a Procuradora Federal Miriam do Rosário Lima, que acompanha o caso.

O Conselho Nacional de Justiça e o Ministério Público Federal, de posse das informações repassadas pelo Sinait sobre o caso, entraram em contato com a juíza Raquel Vasconcelos em janeiro deste ano buscando a definição da data do julgamento.

Ato Público em BH no dia 28

Para pressionar pelo “JULGAMENTO JÁ, EM BH!”, o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho – Sinait e a Associação dos Auditores-Fiscais do Trabalho em Minas Gerais – AAFIT/MG, organizam, mais uma vez, um ato público, em Belo Horizonte, no dia 28, às 14 horas, em frente ao prédio do TRF – Av. Álvares Cabral, 1.860 – Bairro Santo Agostinho – BH.

A data, além de marcar os nove anos da Chacina de Unaí, é também o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo e Dia do Auditor-Fiscal do Trabalho, uma homenagem aos Auditores-Fiscais do Trabalho Eratóstenes de Almeida Gonsalves, João Batista Soares Lage e Nelson José da Silva, e do motorista Ailton Pereira de Oliveira, assassinados em 28 de janeiro de 2004.

Pela manhã, às 10 horas, a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo – Conatrae, coordenada pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, realizará sua reunião mensal ordinária no auditório do Ministério Público Federal. Os representantes das entidades que compõem a Comissão participarão do Ato Público à tarde.

À tarde, às 15 horas, a juíza Raquel Vasconcelos receberá, a pedido do deputado Domingos Dutra (PT/MA), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, uma comissão de autoridades para conversar sobre a tramitação do processo. Rosângela Rassy, presidente do Sinait, e José Augusto de Paula Freitas, presidente da AAFIT/MG, além da ministra Maria do Rosário Nunes e do deputado, participarão da audiência.

Estes eventos fazem parte das atividades da Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil. Estima-se que haja entre 25 mil e 40 mil pessoas submetidas ao regime de escravidão contemporânea no país. As atividades buscam chamar a atenção da sociedade, de autoridades e órgãos públicos para a necessidade de erradicar o problema, uma chaga inaceitável em pleno Século XXI.

 

Fonte: Sinait

 

 


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