Carta de
esclarecimento à mídia sobre a ocupação da reitoria da Unesp
A decisão pela
ocupação se deve ao fato de que as sucessivas tentativas de diálogo
com a reitoria da universidade têm sido mal sucedidas
São Paulo, 27 de
junho de 2013
Nós, estudantes
da Unesp, esclarecemos por meio desta os motivos pelos quais
ocupamos a reitoria da universidade no dia 27 de junho de 2013, às
11 horas da manhã.
É importante
ressaltar que a ocupação da reitoria é composta apenas por alunos e
não contém participação de nenhuma outra categoria (funcionários ou
professores). Portanto, este ato político não tem nenhuma ligação
com o Fórum das Seis, conforme divulgado.
No momento, já
somam 10 campi da Unesp em greve estudantil. Oito em greve geral de
estudantes e dois em greves parciais de faculdade e curso.
As pautas
estudantis unificadas solicitam a garantia efetiva de políticas de
permanência estudantil, como moradia e restaurante universitário,
incluindo os campi experimentais que não contam com nenhuma dessas
estruturas básicas, e bolsas de critérios socioeconômicos e de
extensão; assegurando, assim, uma universidade verdadeiramente
pública, gratuita e de qualidade.
A categoria
estudantil também demonstra repúdio ao Pimesp como política de
cotas. Nós, estudantes da Unesp, não somos, entretanto, contra
políticas de inclusão social por cotas. A crítica do movimento
estudantil se deve ao caráter antidemocrático, meritocrático e
elitista do Pimesp.
A paridade dentro
dos órgãos colegiados e em instâncias de deliberação da universidade
também está dentro das pautas estaduais dos alunos. Isso se deve ao
fato que, discentes, funcionários e docentes não possuem o mesmo
poder de decisão dentro da universidade. Por conta disso, a
estrutura de poder dentro da Unesp é desigual: os funcionários e
estudantes tem sua participação desvalorizada.
A equiparação
salarial é outra pauta, defendida em conjunto por alunos e
funcionários. O repasse de verba pública é desigual entre as três
universidades estaduais paulistas (USP, Unicamp e Unesp).
É importante
ressaltar que as quatro pautas levantadas acima são as principais,
mas não são as únicas defendidas pelo movimento estudantil da Unesp.
A luta dos estudantes tem sido em busca da melhoria da educação
pública no estado e no país. Sendo assim, os alunos repudiam também
a constante precarização do ensino público.
A decisão pela
ocupação se deve ao fato de que as sucessivas tentativas de diálogo
com a reitoria da universidade têm sido mal sucedidas. No dia 27 de
junho, os estudantes tinham uma reunião agendada com o Conselho
Universitário por meio de uma comissão representativa eleita
anteriormente. No entanto, esta foi desmarcada com apenas dois dias
de antecedência sob a justificativa, segundo a direção, de que
outras manifestações populares estariam acontecendo na cidade de São
Paulo.
Antes dessa
reunião, alunos e funcionários receberam e-mails, assinados pelo
próprio reitor, com ameaças de represália (acadêmicas e salariais)
às greves que estão em curso.
Ainda numa
tentativa de estabelecer o diálogo, os estudantes e funcionários da
Unesp compareceram ao ato, previamente programado pelo Fórum das
Seis. Após duas horas de manifestação em frente ao prédio da
reitoria, foi autorizada a entrada de uma comissão formada apenas
por sete representantes, dentre esses alunos e funcionários da
instituição, para dialogar com o pró-reitor de administração.
Nós, estudantes,
entendendo que se tratava de mais uma manobra de adiar uma possível
negociação, optamos por ocupar a reitoria a fim de exigir um
posicionamento diante dessas reivindicações. Ainda assim, a reunião
com o pró-reitor de administração foi realizada e nela recebemos a
garantia de uma reunião com a vice-reitora e a pró-reitora de
extensão, ainda nesta tarde. Durante a reunião, também recebemos
documento assegurando que não sofreríamos nenhum tipo de repressão
ou punição (administrativa ou penal) sobre os fatos ocorridos no dia
de hoje.
Além disso, os
estudantes da Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho
repudiam a atitude antiética dos profissionais da emissora Rede
Globo. Eles compareceram à manifestação sem qualquer identificação
visual em veículos, vestimenta ou equipamento, e capturaram imagens
do ato e dos rostos dos manifestantes. As imagens foram divulgadas
na internet e veiculadas em programas de televisão sem qualquer tipo
de autorização ou conhecimento dos manifestantes, podendo
comprometê-los futuramente.
Movimento
Estudantil da Unesp
Fonte: Brasil de Fato, 27/6/13.