“A boa notícia é
que não perdemos a disposição de lutar”, afirma Paulo Rizzo
“Normalmente se
diz que tem sempre uma notícia boa e outra ruim. No caso do
movimento sindical, e diante dessa conjuntura, nós dizemos que temos
uma notícia ruim e outra pior. Mas o que eu posso dizer para vocês,
diante de tudo o que foi dito aqui, a boa notícia é que não perdemos
a disposição de lutar”. Com essa análise, o 2º secretário do
ANDES-SN, Paulo Rizzo, encerrou a mesa debates deste sábado (26), a
segunda do VII Encontro Intersetorial do Sindicato Nacional.
Rizzo abordou a
atuação do ANDES-SN no âmbito da luta educacional e na organização
dos trabalhadores, passando pelo processo da Constituinte de 88, a
construção do Plano Nacional de Educação da Sociedade Brasileira, a
inflexão do movimento sindical nos anos 90 e o acirramento da luta
de classe sob os ataques aos diretos dos trabalhadores por parte dos
governos, até o momento atual com Lula e Dilma.
“Na Constituinte
surgiram aspectos contraditórios, sejam nacionalistas ou com caráter
de entrega da nação, já estavam em curso as pressões neoliberais no
país”, analisou. Segundo Rizzo,o processo de revisão da
constituição, durante os primeiros anos do governo FHC, possibilitou
o avanço das privatizações e de entrada do capital estrangeiro no
país.
“Penso que o ano
de 1995 marca um momento importante de mudança da luta dos
trabalhadores, de pressão contra a classe trabalhadora, com a forte
repressão da greve dos petroleiros. A história não se explica por um
momento, mas é simbólico, porque em março FHC tomou posse e em maio
colocou o exército dentro das refinarias para reprimir os
trabalhadores”, contou.
Segundo o diretor
do ANDES-SN, com isso houve uma inflexão dentro de várias
organizações sindicais, que mudam suas pautas para o pragmatismo da
ordem e começam rebaixar sua luta. “Foi aí que surgiu o que foi
chamado de sindicalismo de resultadoS e a força sindical”, explicou.
Ampliação da luta
Rizzo ponderou
que as agendas e as pautas dos movimentos sindicais combativos
tiveram que assumir certo caráter defensivo frente às ofensivas
constantes e a crescente criminalização das organizações. “Diante
disso, temos que construir também a unidade das entidades de classes
com afinidade na luta, pois, os problemas que afetam os docentes
hoje, estão postos para todos os trabalhadores. A luta contra o
produtivismo não é uma agenda exclusiva da universidade, essa é uma
invenção do capital para a lógica do trabalho atual”, avaliou.
O diretor do
ANDES-SN reforçou ainda a necessidade de ampliação da unidade entre
as entidades do setor da educação, tanto local quanto nacionalmente,
para a construção do Encontro Nacional de Educação, em 2014. “Esse
evento deve fazer um contraponto à Conferência Nacional de Educação
Tutelada pelo governo, onde falsos consensos são criados para
legitimar as políticas oficiais. Nós temos uma pauta em comum, com
outras entidades que passa pela luta contra a avaliação
meritocrática, contra a precarização do trabalho, a defesa e a
democratização da educação pública desde a creche à pós graduação”,
explicou, chamando os participantes à debater a importância do
Encontro e dos processos de articulação para que ele se realize.
As inscrições
foram abertas e muitas das falas apontaram a necessidade de
fortalecer a luta junto a outras categorias e ampliar o debate e a
relação com a CSP-Conlutas nas seções sindicais.
Em suas
considerações finais, o 2º secretário do ANDES-SN ressaltou que é
dever do sindicato pensar para além de suas pautas coorporativas e
enxergar que a luta ampla é conjunta e não contraditória. Para isso,
Rizzo aponta que é necessário consolidar aquilo que é a concepção da
CSP-Colutas: a busca da unidade não só das organizações sindicais,
mas também dos movimentos sociais e populares.
“Os
enfrentamentos estão ocorrendo e vão continuar. O importante desse
momento é percebermos que, com todas as contradições está posto o
desafio de relacionar movimento sindical e movimento social para
fortalecer a luta”, reafirmou.
O diretor do
ANDES-SN observou que diferente do encontro do ano passado, onde
muitas falas apresentavam queixas quanto às condições de trabalho e
dificuldade de ampliação da luta, nesse VII Encontro Intersetorial
os participantes estão conseguindo discutir a organização da luta.
“Não perdemos a disposição de luta e é isso que nós temos que
ampliar e fortalecer para enfrentar os desafios que estão postos”,
concluiu.
Fonte: ANDES-SN, 26/10/13.