ANDES-SN é
procurado pelo governo após baixa adesão de docentes ao Funpresp
Em reunião
realizada nesta quarta-feira (18), diretores do ANDES-SN reafirmam
posição contrária em relação à Fundação e ao Regime de Previdência
Complementar
A carreira
docente foi a que mais teve recém-ingressos no serviço público
federal desde a oficialização da Fundação de Previdência
Complementar do Servidor Público Federal do Poder Executivo
(Funpresp-Exe), no início deste ano. No entanto, é a que apresenta o
menor percentual de adesão, com média de 7%. Os dados são da própria
Fundação, que juntamente com representantes dos Ministérios da
Previdência, Planejamento e da Educação – MPAS, MPOG e MEC -,
procurou o ANDES-SN em busca de diálogo, em reunião realizada nesta
quarda-feira (18).
A campanha
protagonizada pelo ANDES-SN, com a produção de materiais como a
cartilha, o panfleto e o cartaz, que mostra a posição contrária do
Sindicato Nacional em relação ao Funpresp, devido ao seu caráter de
desresponsabilização do Estado, e que explica aos docentes alguns
dos riscos da adesão, contribuiu para que o percentual de
professores que optaram pela Fundação seja o menor de todas as
outras carreiras do serviço público federal, reconhece o secretário
de Políticas de Previdência Complementar do Ministério da
Previdência, Jaime Faria Junior. “A leitura da cartilha induz o
servidor a não aderir ao Funpresp”, disse. Confira aqui a cartilha.
“Os professores
estão reticentes. Em média, 7% dos novos fizeram a adesão”, afirmou
o presidente do Funpresp-Exe, Ricardo Pena, que fez ainda algumas
críticas ao material produzido pelo ANDES-SN. “Os docentes têm
procurado nós do Funpresp para esclarecer alguns pontos sobre a
adesão”, exemplificou. O 2º tesoureiro do ANDES-SN e encarregado de
Assuntos de Aposentadoria, Almir Menezes Filho, ressalta que o
resultado é positivo. “A procura mostra que a cartilha já cumpriu um
dos seus objetivos, de levantar a discussão e provocar debates”,
explica.
Almir reafirmou a
posição contrária do ANDES-SN em relação ao Funpresp. As
inseguranças sobre o Fundo, a retirada de direitos dos trabalhadores
e a posição do governo em transferir a reponsabilidade da
Previdência Social para uma entidade privada foram destacadas pelo
encarregado de Assuntos de Aposentadoria do ANDES-SN na reunião.
“Somos a favor da previdência pública, e ficamos muito indignados
com esta decisão”, complementou a 1ª vice-presidente da Regional Sul
do ANDES-SN e uma das coordenadoras do Grupo de Trabalho Seguridade
Social/Assuntos de Aposentadoria (GTSSA), Maria Suely Soares.
Para o 2º
secretário do ANDES-SN, Paulo Rizzo, é natural que os servidores
tenham dúvidas sobre o sistema de previdência complementar que está
sendo implementado. “O que está sendo posto é a questão da adesão.
Em debates que participamos, alguns advogados orientavam o servidor
que ingressou antes do Funpresp a não aderir e, aos novos, rezar
para que o mercado não tenha revezes, já que o sistema depende de
resultados financeiros”, afirmou.
Incertezas
A advogada da
Assessoria Jurídica Nacional do ANDES-SN (AJN) Marcelise Azevedo
conta que, desde a criação do Funpresp, a AJN passou a dar
informações técnicas sobre a Fundação em todo o país, no sentido de
explicar o que é este fundo de previdência complementar. “Os
professores possuem uma desconfiança em relação à higidez do plano e
não têm certeza se terão o benefício quando aposentarem e se, por
ser um benefício de risco, já que ele tem garantido até o teto do
INSS, vale optar pela previdência complementar”, contou. Questões
relacionadas à garantia e à instabilidade do Funpresp também são
colocadas pelos docentes, segundo a advogada. “Os professores estão
entrando jovens no serviço público, com um grau alto grau de
formação, com uma visão de futuro diferente das gerações anteriores.
Alguns profissionais entram com a perspectiva de ficar um tempo e
depois ir embora. Como o fundo se manterá se os servidores não
pensam em ficar mais até o final da carreira? O professor não vê
esta opção como a melhor, e quem tem feito concurso público não tem
gostado desta opção”, destacou.
O 1º tesoureiro
do ANDES-SN, Fausto de Camargo Junior, avalia que as atuais
condições da carreira docente resultaram em um novo perfil dos
ingressantes, que entram para o serviço público pensando em algo
temporário. “O novo docente não se vê mais na universidade pública
por 35 anos, já que, além da desestruturação que se encontra a nossa
carreira, não tem mais direito à previdência integral”, disse.
Previdência
complementar em estados e municípios
Além de atingir
os servidores públicos federais, a intenção do Ministério da
Previdência é levar a reforma da previdência para todos os estados e
municípios. Segundo o secretário de Políticas de Previdência
Complementar (SPPC) do Ministério da Previdência, Jaime Faria
Junior, os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Espírito
Santo já estão com a previdência complementar. “O Ministério da
Previdência tem trabalhado para que a reforma seja feita em todos os
estados e entes federados. Em três anos queremos todos os estados
reformados”, anunciou.
No início da
reunião, Faria Junior fez uma apresentação sobre o modelo de
Previdência no Brasil e em outros países, e falou sobre o
Funpresp-Exe. Além do secretário do SPPC, dos diretores do ANDES-SN
e do presidente do Funpresp-Exe, Ricardo Pena, participaram da
reunião: o secretário de Relações de Trabalho do MPOG (SRT/MPOG),
Sérgio Mendonça, o assessor da SRT/MPOG José Borges, a
coordenadora-geral de Recursos Humanos das Instituições Federais de
Ensino do Ministério da Educação (MEC), Dulce Maria Tristão, e os
advogados da Assessoria Jurídica do ANDES-SN, Marcelise Azevedo e
Leandro Madureira Silva.
Fonte: ANDES-SN, 19/9/13.