ANDES-SN realiza
Dia Nacional de Luta contra a Ebserh no Rio
Diante da ameaça
de possível adesão da rede de hospitais da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), o maior complexo de HUs a integrar o Sistema
Único de Saúde, à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
(Ebserh) no próximo dia 5 (quinta-feira), o ANDES-SN apontou a todas
as suas seções sindicais a necessidade de fortalecer a manifestação
do Dia Nacional de Luta contra a Ebserh, que acontece no Rio de
Janeiro nesta quinta.
A atividade, em
conjunto com a Fasubra, o Sinasefe e o movimento estudantil, é uma
deliberação do 58º Conad, realizado no último mês de julho. Na
circular nº 158/13, enviada nesta segunda-feira (2), o Sindicato
Nacional orienta a participação no ato ou o envio manifestações para
a UFRJ, cujo Conselho Universitário irá deliberar, na quinta, sobre
a adesão ou não à empresa. (Leia
aqui o documento).
Na última reunião
do Consuni da UFRJ, no dia 29, o reitor da instituição Carlos Levi
adiantou que convocaria a reunião para esta semana e que o próximo
dia 5 será decisivo a respeito da futura gestão dos hospitais da
universidade.
Na reunião
extraordinária, as comissões permanentes do Consuni (Legislação e
Normas - CLN; Ensino e Títulos - CET; e Desenvolvimento - CD)
deverão apresentar pareceres sobre os relatórios apresentados por
cada um dos grupos técnicos que fizeram os levantamentos sobre os
HUs, além de pareceres sobre cada uma das propostas de administração
aventadas na sessão do dia 29, na qual os movimentos contrários à
Ebserh apresentam proposta de gestão para os HU da UFRJ, que
respeita autonomia da universidade.
Saiba mais
Aos que não estão
acompanhando de perto este debate, no Consuni anterior (do dia 22),
os grupos técnicos concluíram que, para a UFRJ aderir à Ebserh, são
necessárias mudanças no contrato padrão elaborado pela empresa do
governo. Estas alterações significariam: estabelecer prazo para o
contrato e não ceder patrimônio para a Ebserh. Só que isso é
incompatível com a legislação que criou a empresa. Assim, de modo
prático, os especialistas, embora favoráveis, apontaram que não é
possível a opção governista.
Proposta da
reitoria
Roberto Medronho,
diretor da Faculdade de Medicina, apresentou a proposta da reitoria,
de contrato com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
(Ebserh). Medronho chegou a dizer que não havia com o que se
preocupar. Ele citou a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) como exemplo de empresa pública a ser seguido.
Acontece que tramita no Senado o PLS 222/2008, que nada mais é do
que uma proposta de abrir o capital da Embrapa na bolsa de valores.
Medronho entrou
em contradição sobre o Ministério da Educação. Primeiro, disse que
“o MEC não tem vocação” para atuar junto aos HUs, porque sua “missão
específica” está dirigida para o ensino básico e superior. Na frase
seguinte, pediu tranquilidade aos conselheiros, porque a Ebserh faz
parte da estrutura do MEC.
Fortalecimento
dos HUs é a proposta dos movimentos
Os professores
Roberto Leher e Nelson Souza e Silva dividiram o tempo para
apresentarem a Proposta de Modelo de Gestão para o Fortalecimento
dos HUs. Ela consiste em colocar em pleno funcionamento o Complexo
Hospitalar da UFRJ, criado em 2008, na gestão de Aloísio Teixeira.
Eles apresentaram números do atual financiamento dos hospitais e
quanto eles receberiam, caso funcionassem em rede: o aumento seria
na ordem de 70% dos recursos.
Leher,
representante dos Titulares do CFCH no Consuni, afirmou que o
Complexo Hospitalar é um consenso que unifica a universidade, ao
contrário da Ebserh, que divide. “Ele está pronto, foi criado pela
UFRJ, existe a unidade orçamentária. O Complexo é coerente com o
projeto de universidade pública e autônoma”.
Leher destacou
que a empresa não é um projeto de Estado, mas de governo, e defendeu
a autonomia universitária: “Todo o estafe da Ebserh é governamental,
indicado pelo governo Dilma. Isso impede que a universidade se
mantenha autônoma frente aos governos. A Ebserh implementará nos
hospitais o que a linha do governo mandar, seja ele qual for”.
Caso os
conselheiros ainda assim queiram celebrar o contrato com a Ebserh,
Leher destacou a necessidade de uma sessão especial do colegiado,
com quórum qualificado, já que isto representaria uma mudança de
estatuto: “Será preciso retirar os hospitais da estrutura da
universidade, já que a UFRJ não terá ingerência sobre essas
unidades”. Ou seja, aprovar a empresa em uma sessão comum seria uma
grave violação institucional, uma vez que a Ebserh é incompatível
com o Complexo Hospitalar, já aprovado pelo conselho e integrado ao
estatuto da universidade.
O docente
ressaltou que o ensino, a pesquisa e preceptoria não contam para a
progressão dos trabalhadores que serão contratados pela Ebserh:
“Somente o tempo de serviço e as metas cumpridas. Ou seja, é um
modelo empresarial, totalmente direcionado para a assistência, sem
levar em consideração a natureza do hospital universitário”.
Ebserh é ruim
para os alunos
Nelson Souza e
Silva falou também sobre a separação entre ensino, pesquisa e
assistência: “A Ebserh é uma empresa de serviços. Ela não se
preocupará em manter ensino e pesquisa associados à assistência.
Isso é ruim para os hospitais, é ruim para universidade, é ruim para
os nossos alunos”.
O professor
lembrou que a Ebserh já surge com uma dívida de US$ 1 bilhão,
resultado do empréstimo feito pelo Banco Mundial para a constituição
da empresa. “Queremos uma empresa que, além de não ter dotação
orçamentária, já nasce endividada?”, questionou.
Sem carreira
Paulo Henrique,
dirigente da Fasubra, falou, junto de outros dirigentes da entidade,
a proposta de reestruturação dos HUs elaborada pela Federação. De
acordo com ele, não existirá carreira para os funcionários
contratados pela Ebserh. “A empresa não é autônoma para contratar
quem ela quiser e nem para realizar progressões. Ela depende da
autorização do Ministério do Planejamento”.
*Com informações
da Adufrj - SSind.
Fonte: ANDES-SN, 2/9/13.