Alunos da Estadual de Maringá são agredidos por vigilantes da
universidade
Nesta terça-feira (10), a Sesduem, Seção Sindical do ANDES-SN, o
DCE-UEM e o Movimento em defesa da Educação para Além do Capital
(MEK) divulgaram uma carta aberta à população em que se manifestam
sobre a violência sofrida por um grupo estudantes da Universidade
Estadual de Maringá (UEM) na noite do último dia 5, quinta-feira,
agredidos por vigilantes patrimoniais da instituição.
De acordo com o documento
(confira em
http://portal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-ult-2041622926.pdf),
25 alunos de diversos cursos da UEM estavam reunidos no Centro
Acadêmico Florestan Fernandes para discutir os impasses em relação
às políticas culturais e de segurança da universidade, momento em
que perceberam uma concentração incomum de vigilantes patrimoniais
da instituição. “Intimidados e constrangidos, os estudantes, por
medida de segurança – levando em conta os recentes casos de
truculência por parte de vários vigilantes -, decidiram se deslocar
até as imediações do Bloco 6, sede do Diretório Central dos
Estudantes (DCE), e lá continuar a reunião e discussão sobre os
aspectos políticos inerentes à universidade”, afirma a carta.
Segundo o relato, próximo às 23h30, os vigilantes, apoiados pela
presença do diretor de Serviços e Manutenção (DSM) e pelo chefe da
Vigilância, abordaram os alunos e exigiram a retirada, alegando
existir uma decisão da Administração Central da Universidade que não
permite a circulação de estudantes ou de qualquer pessoa no campus
após este horário.
“[...] o grupo de vigilantes — cerca de 30 (trinta) supostos
servidores — se afastou por poucos momentos, para, em seguida,
retornar encurralando os jovens e os constrangendo ainda mais, até
chegar ao extremo de alguns agirem de forma desmedida, agressiva e
brutal, com pontapés, socos, empurrões e ameaças, em um covarde ato
de violência claramente premeditada. Um completo e inconsequente
abuso de autoridade”, relata o documento. Segundo as entidades, três
estudantes foram violentamente agredidos. “Um deles teve seu nariz
quebrado e outras lesões por ter sido empurrado contra a grade e
espancado por pelo menos três vigilantes. Outra estudante tentou
socorrê-lo para evitar maiores danos físicos e foi agredida
covardemente pelos vigilantes; e ainda, outra estudante, já fora do
campus e em busca de socorro, foi atingida por uma pedra lançada de
dentro da Universidade pelos vigilantes agressores, resultando em
fratura no crânio e oito pontos na testa”. Além das agressões
físicas, os estudantes também foram submetidos à violência moral,
intelectual e emocional, segundo o documento. Há denúncias ainda de
que os alunos foram ameaçados de morte e continuam perseguidos pelos
vigilantes. As agressões foram registradas na 9ª Subdivisão Policial
de Maringá/PR, por meio dos boletins de ocorrência 2013/863124 e
2013/862886.
As entidades criticam ainda a nota oficial divulgada à imprensa pela
Reitoria da UEM, que alega que os “servidores conversaram
pacificamente com os estudantes” e que “em nenhum momento a
vigilância cometeu excessos”, e a determinação da instituição de
estabelecer um “toque de recolhimento” na universidade.
Alguns vídeos que denunciam a violência circulam pela internet,
principalmente em páginas e perfis do facebook. Confira:
https://www.facebook.com/photo.php?v=536113336457462&set=vb.609420315744984&type=2&theater
https://www.facebook.com/photo.php?v=535984739803655&set=vb.609420315744984&type=2&theater
Providências
Diante da agressão e violência sofrida pelos estudantes, a Sesduem,
o DCE e o MEK exigem, de acordo com a carta aberta:
“1. Imediato afastamento dos vigilantes agressores, assim como
daquele(s) que autorizou(aram) e coordenou(aram) tal ato brutal de
violência, para que a integridade dos estudantes e de toda a
comunidade universitária seja mantida e preservada. E,
consequentemente, a exoneração destes por meio de sindicância e/ou
processo administrativo;
2. Total, irrestrito, gratuito e digno suporte médico e psicológico
a todas as vítimas até a sua completa recuperação, bem como o
ressarcimento financeiro pelos custos que estas já tiveram e ainda
terão com remédios e outras necessidades;
3. Imediata retratação pública por parte da administração da
Universidade, como respeito às vitimas e à comunidade universitária;
4. Imediata liberação e publicação da lista completa dos servidores
da vigilância que estavam trabalhando no período noturno do dia
05/09/2013 e madrugada do dia 06/09/2013;
5. Imediata discussão e instalação, a partir de uma comissão formada
por sorteio, de um regimento/estatuto que condene concretamente atos
de agressão, opressão, repressão e violência praticados no campus da
UEM (sede e extensão);
6. Imediata convocação de uma Assembleia Universitária, com foco nos
aspectos de autonomia e democratização da Universidade.”
“Lutamos por um autêntico projeto de universidade pública, que
valorize o ser humano enquanto essência do processo de transformação
social, e que tenha vistas ao ensino autônomo e responsável nos
âmbitos político, cultural, de acessibilidade, permanência, pesquisa
e extensão”, conclui a carta.
Apoio aos estudantes
Docentes, instituições e entidades manifestaram apoio aos estudantes
agredidos na UEM. Em nota, o Centro de Ciências Humanas pede
processo investigatório para os vigilantes e presta solidariedade
aos alunos. A Adunicentro, Seção Sindical do ANDES-SN, também
divulgou uma moção de repúdio ao caso de violência. “A Adunicentro,
Sindicato dos Docentes da Unicentro, manifesta repúdio à perseguição
que, há algum tempo, vem sendo relatada pelos estudantes e
participantes do movimento estudantil da UEM. É inaceitável a falta
de respostas e a conivência da administração Central da
Universidade, frente ao episódio de agressão física realizada por
uma parcela dos vigilantes patrimoniais, contra diver sos estudantes
que se encontravam nas dependências da universidade no dia
05/09/2013 e em várias outras situações”, afirma a Seção Sindical.
Fonte: ANDES-SN/ Sesduem - Seção Sindical