Alô, Dilma? Aqui é o Obama...
 

Após receber uma ligação do presidente dos EUA, que durou cerca de 20 minutos, Dilma Rousseff adiou para esta terça (17) o anúncio da decisão sobre sua viagem oficial à Washington, em 23 de outubro, posta em xeque após as denúncias de que NSA espionou a presidenta, seus ministros e assessores próximos, além da Petrobras. Por Najla Passos, de Brasília

 

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff estava reunida com o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, no gabinete dela, no início da noite desta segunda (16), para decidir se manteria ou não sua viagem à Washington, programada para 23 de outubro, quando, precisamente às 18:30 horas, uma ligação internacional interrompeu a conversa: era o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

O conteúdo do telefonema, que durou cerca de 20 minutos, está sendo guardado a sete chaves pelo Palácio do Planalto. Mas ficou claro que impactou nos humores da presidenta. Antes, a expectativa no Palácio era que a decisão sobre a viagem fosse anunciada ainda hoje. Após falar com Obama, Dilma adiou para esta terça (17).

“A presidenta recebeu uma ligação hoje às 18h30 e amanhã vai informar aos senhores qual é a posição dela em relação à viagem”, disse o porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, aos jornalistas. Ele não informou se o anúncio será feito em pronunciamento, coletiva de imprensa ou comunicado oficial.

Antes de falar com Obama, a presidenta tendia a cancelar o compromisso, em função das denúncias veiculadas pela imprensa de que a Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos vinha espionando a própria Dilma, seus ministros e assessores próximos e a Petrobras.

À tarde, no aeroporto de Porto Alegre, onde cumpriu agenda oficial, Dilma confirmou o que já vinha sendo ventilado pela imprensa: a espionagem norte-americana será tema do seu pronunciamento na abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, na semana que vem.

Em Brasília, durante a manhã, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, também se pronunciou sobre o assunto que mobiliza o governo. “O Brasil agirá neste caso com a maior seriedade, não abrindo mão, de maneira alguma, da nossa soberania, mas sem fazer bravata”, disse à imprensa.

“Saída honrosa”

Ainda não se sabe se a ligação de Obama faz parte do que o ministro das Relações Exteriores chamou de ‘construção de uma saída honrosa” para a crise diplomática entre Brasil e Estados Unidos, iniciada com as denúncias sobre a espionagem de dados sigilosos de brasileiros, via internet e telefonia.

Na semana passada, Figueiredo esteve em Washington para cobrar explicações da conselheira de Segurança Nacional da Casa Branca, Suzan Rice. Deixou os Estados Unidos, na sexta, sem uma posição formal do governo norte-americano sobre o assunto.

Antes disso, durante a reunião do G-20, há dez dias, na Rússia, a própria Dilma já havia cobrado explicações de Obama, que prometeu encaminhá-las oficialmente ao Brasil na semana passada. Mas ele desrespeitou o prazo e aumentou o mal-estar diplomático.

A viagem de Dilma a Washington, em outubro, não é um compromisso qualquer. A presidenta será recebida com honras de chefe de Estado, homenagem concedida de forma comedida pela diplomacia norte-americana. O último presidente brasileiro a ter o mesmo tratamento da Casa Branca foi o então presidente Fernando Henrique Cardoso, há 18 anos.

 

 

Fonte: Ag. Carta Maior, 16/9/13.

 


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