71% dos
brasileiros querem uma melhor regulamentação da TV
Os brasileiros e
as brasileiras acreditam que a regulação da TV anda frouxa. Pelo
menos é o que aponta a pesquisa “Democratização da mídia”, realizada
pelo Núcleo de Estudos e Opinião Pública (NEOP) da Fundação Perseu
Abramo (FPA), lançada no dia 16, em São Paulo. De acordo com o
resultado apresentado, 71% da população é favorável a que haja mais
regras para se definir a programação veiculada e 66% acreditam que o
mesmo vale para a publicidade nesse veículo.
Em relação aos
anúncios de bebidas alcoólicas veiculados pelas emissoras de
televisão, por exemplo, 88,1% dos entrevistados defenderam a
proibição ou a restrição do horário desse tipo de publicidade,
contra 10,2% que se disseram favoráveis à total liberação.
Com o objetivo
principal de investigar as percepções da população brasileira sobre
os meios de comunicação, a pesquisa, orientada por Gustavo Venturi
(Dep. Sociologia - USP) e por Vilma Bokany (NEOP), abordou temas
como o conhecimento sobre o grau de concentração da mídia e sobre o
regime de concessões das TVs e rádios, a penetração da internet, a
percepção sobre a neutralidade dos meios e opiniões sobre sua
regulamentação. Foram colhidas 2.400 entrevistas junto a uma amostra
representativa da população brasileira com 16 anos ou mais cobrindo
as áreas urbana e rural de 120 municípios das cinco regiões do país.
Impacto da
televisão
A pesquisa
realizada pelo NEOP demonstrou que a televisão aberta se apresenta
ainda como o principal veículo de comunicação no cotidiano dos
brasileiros e brasileiras. As novas mídias se mostram em bastante
desvantagem, assim como o que acontece com os meios que utilizam a
escrita como forma de comunicar.
No que diz
respeito aos hábitos da sociedade brasileira, 94% declararam
assistir TV aberta (87,1% desse percentual afirmaram que assistem
diariamente), enquanto 79% dizem ouvir rádio, 43% acessam internet,
43% lêem jornais, 37% vêem TV por assinatura e apenas 24% costumam
consumir revistas.
Representação e
diversidade
Segundo a
pesquisa da FPA, 43% dos entrevistados não costumam se reconhecer na
TV, 25% se vêem retratados negativamente e 32% de modo positivo. A
maioria (56%) afirmou que “só de vez em quando” se identifica com o
modo de pensar das pessoas mostradas, enquanto 28% disse nunca ter
sua opinião representada pelas pessoas que aparecem na tela.
Haveria também,
de acordo com os resultados, uma assimetria no espaço concedido pela
televisão ao diferentes grupos econômicos. Enquanto 60,7% acreditam
que se dá mais vez aos empresários, 18,1% defendem que há
favorecimento dos trabalhadores e 21,3% vêem equilíbrio nessa
representação.
Discriminação
Os números da
pesquisa de opinião apontam que muitos brasileiros e brasileiras
desconfiam que não há igualdade e respeito na representação dos
diferentes grupos na TV. De acordo com o documento, 51,7% dos
entrevistados acreditam que a televisão mostra a população negra
menos do que deveria, sendo que 48,7% afirmam que esse grupo é
apresentado “às vezes com desrespeito” e 16,8% vêem-no representado
“quase sempre com desrespeito”.
Já no que diz
respeito à representação da população “nordestina”, 44,1% dizem que
esse grupo é retratado “às vezes com desrespeito” e 19,2% vêem que
“há quase sempre desrespeito” direcionado nessa retratação. No caso
da imagem das mulheres, 46,8% afirmam que elas são tratadas “às
vezes com desrespeito” e 16,8% vêem-nas “quase sempre [retratadas]
com desrespeito”.
Fonte: Observatório do Direito à Comunicação
Andes-SN, 19/8/13.