Violência contra a mulher traz números alarmantes
Entre os anos de
1980 e 2010, foram assassinadas mais de 92 mil mulheres no Brasil
Ana Cristina
Vieira do Amarante, 39 anos, foi assassinada com três tiros à
queima-roupa pelo marido.
Rosiane Borges
Carvalho, 22 anos, foi assassinada pelo ex-marido a tiros dentro de um
ônibus.
Regina Bastos
Miranda, 36 anos, foi assassinada a golpes de faca e de pau pelo
companheiro.
Maria Aparecida
da Cunha Freitas, 37 anos, foi assassinada a golpes de foice pelo
marido.
Ana Maria dos
Santos, grávida de oito meses, foi torturada e assassinada. O suspeito
do crime é o homem de quem ela estava grávida.
Cintia Lívia, 12
anos, foi assassinada por um vizinho após tentar estuprá-la.
Mulher de 42 anos
foi morta em um incêndio provocado pelo marido na casa do casal. Os
filhos de 19 e 8 anos também morreram.
Patrícia Carmo
Torres dos Reis, 25 anos, foi assassinada a facadas pelo marido.
Natália dos
Santos Vitorina, 13 anos, grávida, foi assassinada pelo namorado a
facadas.
Juliana foi
assassinada a golpes de pedra, pedaços de madeira e facadas pelo
marido.
Maria do Carmo
Santos, 17 anos, grávida de 5 meses, foi assassinada pelo namorado com
um tiro na boca.
Luciene de
Azevedo Jardim, 43 anos, morreu em cirurgia após ser atingida por
cinco tiros pelo ex-marido.
Noêmia de Souza
Pereira foi assassinada a facadas pelo companheiro.
A cada três
minutos uma mulher é violentada no Brasil. Entre os anos de 1980 e
2010, foram assassinadas mais de 92 mil mulheres no país. Nos últimos
dez anos, foram 43,7 mil assassinatos, representando um aumento de
230% em relação ao período anterior. Estes dados foram apresentados em
agosto deste ano, com o Mapa da Violência – Homicídios de Mulheres no
Brasil, um estudo do Centro Brasileiro de Estudos Latino- Americanos,
Cebela, baseado em informações do Ministério da Saúde.
A militante da
Marcha Mundial das Mulheres (MMM), Sofia Barbosa, acredita que a
naturalização da violência é fator decisivo para o aumento. “Todos os
dias vemos casos de extrema violência estampados nos jornais. A
crueldade presente nestes crimes é chocante. E a população não se
choca mais, pois é um item quase cotidiano na mídia. Além de ser
abordado com naturalidade, não é destacado o machismo como causa. O
resultado é que os crimes acabam entrando na consideração de violência
passional, que é aquele que diz que o homem matou por amor demais ou
coisa assim. Como se cada ação que a mulher fizesse justificasse ela
ser morta, quando a gente sabe a causa é o machismo, que é fato de os
homens acharem que as mulheres são objetos, que pertencem a eles”,
aponta Sofia.
Exemplo
Um caso
considerado emblemático pelas militantes da Marcha é do assassinato de
Eliza Samudio, onde o principal suspeito é o goleiro Bruno Fernandes
de Souza. Bernadete Monteiro, também membro da Marcha, diz que a
punição dos assassinos é fundamental para a causa da violência contra
as mulheres. “A mídia, como tem feito na maior parte dos casos,
culpabiliza a mulher pela sua morte. Para nós, este é mais um caso de
violência contra a mulher, mais um caso do machismo presente na vida
das mulheres. Todos os envolvidos precisam ser responsabilizados e
punidos. Não pode passar essa punição, pois se passar é mais uma
perpetuação do machismo na nossa sociedade, é reforçar que a mulher é
que gera a violência contra si”, afirma.
País machista
O Mapa da
Violência apresenta dados específicos das causas e locais das mortes
registradas em 2010, que totalizam 4.465 assassinatos de mulheres.
Destes, 41% ocorreram dentro de casa, o que sinaliza a participação de
familiares nas mortes. Os principais casos se concentram entre as
idades de 15 e 39 anos. A feminista Sofia acredita que este dado não é
coincidência. “Não dá para negar que a situação das mulheres é
diferente de alguns anos atrás. Elas têm mesmo obtido mais espaço na
sociedade. Mas o machismo também vai mudando de acordo com como a
sociedade vai mudando”, pondera. Para ela, uma vez que a mulher tenta
se libertar, vai trabalhar ou sair às ruas sem o parceiro, muitas
vezes é recebida com a resposta da violência.
Segundo o
relatório, entre os anos de 1996 e 2006 os índices de assassinatos de
mulheres permaneceram razoavelmente estáveis. A também militante da
Marcha Mundial das Mulheres, Deonara de Almeida, acredita que isso se
deu devido a campanhas e mobilizações de movimentos sociais. “Na
década de 1990, o movimento de mulheres teve uma questão forte de luta
contra a violência às mulheres e foram menos os casos. O que
precisamos hoje é criar novas campanhas e fortalecer a aplicação da
Lei Maria da Penha”, aponta a feminista.
Fonte: Brasil de
Fato, Maíra Gomes, 12/12/12.