Vale pode ganhar título de pior empresa do mundo
Agravos
ambientais e sociais colocam a mineradora entre as 5 piores do planeta
por organizações internacionais
Uma das maiores
mineradoras do mundo, a Vale, pode ser considerada nos próximos dias
como a pior empresa do mundo na realização de sua atividade de
mineração. Entre a Serra de Carajás, no sul paraense ao porto de
Itaqui em São Luis, no Maranhão, a empresa foi denunciada por provocar
devastação ambiental, trabalho escravo na cadeia de produção do aço,
exploração sexual infantil, além da invasão de terras indígenas,
quilombolas e camponesas.
A Rede Justiça
nos Trilhos, International Rivers e Amazon Watch sãos as responsáveis
pela indicação da empresa ao prêmio Public Eye Award (Olho do Público)
organizado pelas ONGs Declaração de Berna e Greenpeace.
Conhecido como o
“Oscar da Vergonha” o prêmio seleciona anualmente empresas com o pior
comportamento social e ecológico. Esse ano a Vale concorre com a
Sansung, Barclays, Freeport, Syngenta e Tepco. Independente do
resultado, a empresa estará entre as cinco mais nefastas do mundo.
Agravos
Para as
organizações que indicaram a Vale ao prêmio, a empresa vem a cada dia
agravando problemas e conflitos entre Pará e Maranhão. “A mineradora
entrou com um processo de impugnação administrativa contra o
reconhecimento das terras quilombolas de Santa Rosa dos Pretos e Monge
Belo no Maranhão, justamente interessada em suas terras para
duplicação de seus trilhos que corta a comunidade”, revela o advogado
da Rede Justiça nos Trilhos, Danilo Chammas.
A advogada revela
que tal situação possibilita a entrada nas terras quilombolas por
latifundiários para grilagem de terra e de madeireiros para derrubada
de árvores sem nenhuma punição, já que a terra não foi ainda
reconhecida.
“Uma série de
irregularidades torna a situação dos quilombolas dessas duas
comunidades problemática, pois a Vale sequer respeita a convenção da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) 169 sobre povos indígenas
e tribais, onde os quilombolas são representados, que determina a
consulta prévia às comunidades para todo tipo de obra que os
impactarem, pois se eles forem contra a obra ela não poderá acontecer,
porém a Vale vem burlando tudo isso”, conclui Chammas.
A situação
quilombola seria um dos exemplos da forma de atuação da mineradora.
Pesquisa realizada em 2011 pelo jornalista Marques Casara, do
Observatório Social, denunciou que carvoarias entre os municípios de
Marabá (PA) e Imperatriz (MA) flagradas com trabalhadores escravos,
abastecia o pólo siderúrgico, cuja Vale fornecia o minério.
“A mineradora não
cumpre acordo firmado com o Ministério do Meio Ambiente em 2008 se
comprometendo a não fornecer minério a siderúrgicas envolvidas em
processos predatórios”, esclareceu Casara na época.
Por fim, dados
das três organizações que a indicam ao prêmio, revelam que em 2009
foram 114 milhões de metros cúbicos de efluentes industriais e oleosos
despejados nos rios e mares pela empresa. A mineradora utiliza para
seus negócios, 1,2 bilhões de metros cubos de água por ano,
correspondendo ao consumo médio de água de 18 milhões de pessoas.
A Vale está
respondendo a 111 processos judiciais e 151 administrativos. É umas
das empresas campeã de multa pelo IBAMA, no entanto, em 2009 não pagou
nenhuma.
Para votar na
pior empresa do mundo, basta acessar o site:
http://www.publiceye.ch/en/vote/vale/
Fonte: Brasil de
Fato, Marcio Zonta, 6/1/12.