Universidades baianas podem sofrer “estrangulamento”
Sindicato de
professores critica futuras restrições ao orçamento
Depois de uma
greve de quase 70 dias em 2011, em que os professores das
universidades estaduais baianas venceram o governo Jaques Wagner (PT)
na questão do que chamaram de “cláusula da mordaça”, agora se preparam
para um possível novo enfrentamento. O governo já adiantou ao conselho
de reitores que irá apresentar em breve um projeto de lei para
“regulamentar” a autonomia administrativa e financeira que, em termos
práticos, criará uma subvinculação do repasse orçamentário para as
universidades, limitando a 5% da receita corrente líquida do estado.
Para o
coordenador geral do sindicato docente da Universidade Estadual de
Feira de Santana (Adufs), Gean Santana, no caso desse projeto vir a
ser apreciado e aprovado pela Assembleia Legislativa, isso poderá
significar o estrangulamento orçamentário das instituições, que somam
quatro no total: Uneb (Universidade Estadual da Bahia); Uefs
(Universidade Estadual de Feira de Santana), Universidade do Sudoeste
da Bahia (Uesb) e Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc).
Conforme o
dirigente da Adufs, os cálculos efetuados pelo movimento docente da
Bahia dão conta que um percentual mínimo para satisfazer as
necessidades do setor seria de 7%. Segundo Santana, a subvinculação
pode ser uma faca de dois gumes, pois no momento em que a arrecadação
orçamentária cair, o repasse para as universidades também sofrerá
redução. Atualmente, destaca ele, o repasse tem sido próximo a 5% da
receita líquida (4,7% a 4,8%).
Questionado sobre
os motivos que levariam o governo petista baiano a propor tal
alteração, o dirigente da Adufs é taxativo: “é uma forma de o governo
economizar com a educação e assim ter mais recursos para aplicar em
infraestrutura, como estradas, por exemplo, que beneficiam diretamente
os setores mais poderosos, como é o caso do agronegócio”. Gean Santana
avalia que para o início do semestre letivo esse tema deve ser gerador
de mais um embate entre a categoria e os gestores do estado.
Mordaça
O grande
enfrentamento em 2011 foi em função da chamada “cláusula da mordaça”.
Conforme Gean Santana, no final de 2010, o governo da Bahia (Jaques
Wagner, do PT), já reeleito, concordou em colocar em prática a
reivindicação dos professores das universidades públicas estaduais,
que era de incorporação das gratificações aos salários. Entretanto, em
março de 2011, os interlocutores do governo voltaram atrás e
condicionaram a incorporação a um compromisso que deveria ser assumido
pelos sindicatos de não realizarem mobilizações reivindicatórias no
período próximo.
Inconformados com
o que avaliaram como uma intervenção do governo junto à autonomia
sindical, os professores decidiram não aceitar e foram à greve, que
durou mais de dois meses. Durante o movimento paredista, o governo
cortou os salários, que acabaram restabelecidos por decisão judicial,
causando derrota jurídica e política ao governo Jaques Wagner.
Por Fritz R.
Nunes
Fonte: Sedufsm -
Seção Sindical, 6/2/12.