Servidores ocupam Esplanada na Marcha da Campanha Salarial
Cerca de 6 mil
servidores públicos ocuparam na manhã desta quarta-feira (28) duas
faixas da Esplanada dos Ministérios, em Brasília, para cobrar do
governo o início imediato da negociação salarial. O ato mostrou a
indignação da categoria e marcou o começo das mobilizações que devem
ocorrer nos estados a partir de agora. “Vamos voltar para as nossas
bases com disposição para reproduzir a unidade demonstrada aqui e
construir uma greve forte, que enfrente o descaso do governo”,
afirmou, no carro de som, a presidente do ANDES-SN, Marina Barbosa.
O ANDES-SN teve
uma bela delegação na marcha com professores de todas as regiões do
país, portando bandeiras do sindicato e vestindo camisetas com
inscriçoes que cobram a reestruturação da carreira de professor
federal já. Na avaliação de Paulo Barela, da CSP-Conlutas, a Marcha
deve ser o pontapé inicial para a aglutinação das forças dos
servidores, principalmente depois que o secretário Sergio Mendonça
anunciou que o governo não concederá o reajuste geral de 22,08%
reivindicado pela categoria.
“Esta marcha,
para mim, é preparatória para a grande paralisação que faremos no dia
25 de abril”, acredita o presidente da Confederação Nacional dos
Trabalhadores do Serviço Público Federal, Josemilton Maurício da
Costa.
Indignação
Para os
professores presentes na Marcha, o caminho será a intensificação da
mobilização. “A organização dos trabalhadores é a única saída para
enfrentarmos a política de destruição do serviço público”, argumenta
Billy Graef, da Universidade Federal do Rio Grande. Ele vê diferenças
na forma como os servidores estão construindo a mobilização. “No ano
passado ainda havia alguma crença no governo, agora, a decepção é
geral. E nós devemos buscar na memória e na história forças para
enfrentar mais essa decepção”, defende.
Mesmo antes da
reunião com Sérgio Mendonça, quando ele confirmou que o governo não
atenderia as reivindicações do conjunto dos professores, o professor
Antônio Lisboa Leitão, da Universidade Federal de Campina Grande, já
adiantava qual seria a posição do governo. “Eles não vão oferecer
nada. Cabe a nós intensificarmos a mobilização a partir da segunda
quinzena de abril”, defendeu.
Para o professor
João Negrão, da Universidade Federal do Paraná, a heterogeneidade da
Marcha, que tinha servidores de todos os cantos do país e de todas as
categorias, só mostra a forma desrespeitosa com que os últimos
governos têm tratado os servidores e o serviço público. “Os nossos
salários estão muito defasados. Um exemplo foi o último concurso para
o Senado Federal, que oferecia um vencimento de R$ 13 mil para nível
médio. Professores com doutorado ganham metade desse valor nas nossas
universidades. É um acinte”, protestou.
Caberá agora aos
servidores a construção de uma greve forte e unificada, que faça o
governo compreender a indignação da categoria. Afinal, se há dinheiro
para desonerações tributárias deveria haver para mais investimentos em
saúde, educação e na valorização dos servidores.
Fonte: ANDES-SN,
28/3/12.