Sem tetos criam dois novos Pinheirinhos
Na noite de sexta-feira (02), o MTST realizou ocupações em Embu das
Artes e Santo André, na região metropolitana de São Paulo
Na noite da
última sexta-feira (02), o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)
realizou a ocupação de duas áreas na região metropolitana de São
Paulo: uma no município de Embu das Artes e outra e no município de
Santo André.
O MTST nomeou as
ocupações de “Novos Pinheirinhos” em protesto ao despejo violento da
comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos, promovido pela
Polícia Militar (PM) em 22 de janeiro. As 1,6 mil famílias que
ocupavam há oito anos o terreno pertencente à massa falida da empresa
Selecta, do grupo de Naji Nahas, foram expulsas em uma ação que contou
com um forte aparato policial - 2 helicópteros, dezenas de carros e
2000 de policiais.
Com as novas
ocupações, o MTST visa “a conquista de moradia por aqueles que há
tempos vem lutando por uma vida mais digna”. De acordo com o
movimento, a cidade de Embu das Artes possui um déficit habitacional
de cerca de 9 mil moradias, conforme dados de 2011. Já em Santo André,
o déficit é de 25 mil habitações.
Embu das Artes
Em torno de 800
famílias sem teto ocuparam o terreno conhecido como “Roque Valente”,
entre os bairros Parque Pirajuçara e Jardim Santa Tereza, em Embu das
Artes (SP). Segundo nota do MTST, o terreno pertence à Companhia de
Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU), que adquiriu a área para
construir moradias para a população de baixa renda. A CDHU chegou a
elaborar um projeto no qual previa a manutenção da vegetação, através
de um Parque Ecológico, e a construção de 1,2 mil unidades
habitacionais. “Tal projeto nunca saiu do papel visto que, em 2006, um
grupo de ambientalistas contrários à proposta das moradias populares
conseguiu uma liminar do Ministério Público proibindo construções no
local”, afirma a nota.
Segundo o MTST,
na tarde deste domingo (4), representantes da CDHU, juntamente com a
Tropa de Choque da PM, estiveram na ocupação e tentaram retirar as
famílias “sem qualquer ordem judicial”. Os sem teto resistiram e
conseguiram a realização de uma reunião com o presidente da CDHU,
Antônio Carlos Amaral, e o prefeito de Embu das Artes, Chico Brito
(PT). “Tanto a Prefeitura quanto a CDHU afirmaram o interesse de
construção de 1200 moradias para atendimento das famílias organizadas
pelo Movimento, priorizando as famílias da região de Embu”, afirmou o
MTST em nota. No entanto, por causa da liminar judicial, nada pode ser
feito até que a Justiça estadual reveja o caso.
O MTST defende
que a construção das habitações populares conciliada com a conservação
da mata pela população local “é a melhor solução para garantir o bom
uso deste terreno público, hoje completamente abandonado”. “A
regulamentação do terreno como área de ocupação mista, feita pela
prefeitura recentemente, permite a implementação desta solução que
concilia a necessidade de preservar o meio ambiente e de criar novas
moradias na região”, destaca o movimento.
Nesse sentido, o
prefeito de Embu das Artes e o presidente da CDHU se comprometeram a
tentar nesta segunda-feira (05) uma reunião no Fórum de Embu para
tratar da questão. Segundo Vanessa de Souza, que participa da
ocupação, a reunião está ocorrendo desde esta manhã. “Vamos fazer uma
assembleia às 18h e já teremos uma resposta desta reunião”, afirmou a
sem teto.
Santo André
Já em Santo André
(SP), cerca de 400 famílias sem teto ocuparam um terreno de
propriedade particular no Jardim Santa Cristina. De acordo com o MTST,
o objetivo da ação é cobrar a continuidade da construção das 400
moradias já negociadas com a prefeitura de Santo André em 2009.
“Depois de muitas lutas na cidade, de vários esforços de negociação –
todos fracassados – a ocupação surge como a única opção para fazer
valer o acordo já estabelecido e ampliá-lo para que beneficie mais
famílias no município que cada vez mais sofre com a especulação
imobiliária”, defende o MTST em nota.
Andrei Renan
Pires, integrante do MTST, afirma que somente nesta segunda-feira os
sem teto foram procurados pela prefeitura de Santo André, após a
Polícia Militar (PM) comparecer ao local da ocupação. Segundo ele, a
prefeitura se dispôs a conversar ainda hoje com representantes do
movimento.
Fonte: Brasil de
Fato, Michelle Amaral, 5/3/12.