Salários defasados têm afastado professores da Uern
Os baixos
salários pagos na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern)
têm afastado muitos professores da Instituição. Segundo o professor
doutor José Ronaldo Pereira da Silva, do departamento de Física, na
unidade acadêmica em que é lotado, cerca de 60% dos docentes foram
recentemente contratados em virtude da evasão dos professores.
“A maioria desses
professores segue para as Universidades Federais em busca de salários
mais altos e melhores condições de trabalho. Isso gera uma série de
prejuízos para a Uern. Dentre eles, posso citar a descontinuidade de
projetos de pesquisa e extensão; extinção de bases de pesquisa; afeta
os projetos político-pedagógicos dos cursos que devem se adequar aos
novos professores; prejudica os programas de pós-graduação stricto
sensu. Além disso, para formar alguns desses docentes que foram
embora, foram gastos altos volumes de recursos”, elenca o professor.
Ainda segundo
José Ronaldo, os baixos salários diminuem a competitividade da
Universidade em atrair bons profissionais e alunos, além da captação
de recursos de agências de fomentos. Quanto ao argumento de que os
professores saem da Uern para voltar as suas cidades de origem, o
docente não concorda. “No departamento de Física, muitos professores
foram para a Ufersa e pelo menos quatro deles não são de Mossoró”,
explica.
De acordo com
dados da Pró-Reitoria de Recursos Humanos e Assuntos Estudantis da
Uern (Prorhae), nos últimos cinco anos, cerca de cem professores
pediram exoneração da Universidade. Destaque para o ano de 2009,
quando foram exonerados 34 docentes.
O professor
doutor Alan Martins de Oliveira é um dos ex-professores da Uern. Ele
integrava o departamento de Gestão Ambiental e saiu da Instituição em
2010, após cinco anos e meio de docência na Universidade, para
integrar o quadro docente da Universidade Federal Rural do Semi-Árido
(Ufersa), no departamento de Ciências Ambientais e Tecnológicas.
Segundo ele, o que motivou sua saída foram as condições de trabalho.
“Muitos
professores têm deixado a Uern pelas federais em virtude dos salários
que são mais altos. Já no meu caso é que na Ufersa temos mais
possibilidades de desenvolver trabalhos com órgãos fomentadores de
pesquisa e extensão”, explica Alan Martins.
Para piorar a
situação na Uern, os professores estão há mais de dois anos sem terem
os salários reajustados (o último reajuste foi em abril de 2010) .
Isso significa perdas reais de pelo menos 12% em virtude da inflação
do período. Já com relação ao cumprimento do Plano de Cargos e
Salários dos docentes da Universidade, a informação é bem mais
desanimadora. O documento afirma que o salário mais baixo do professor
da Uern deve ser maior do que o salário mais alto do professor de
nível básico. Dessa forma, a defasagem chega a 75,52%.
No ano passado,
os professores protagonizaram uma greve de 106 dias. Na pauta
salarial, estava o reajuste de 23,98%, que na época representava o
cumprimento do Plano de Cargos e Salários da categoria. O movimento
paredista teve fim em setembro, quanto o Governo do Estado firmou
acordo de reajuste de 10,65% para abril de 2012; 7,43% para abril de
2013; e 7,43% para abril de 2014. No entanto, o Governo não cumpriu o
acordado e outra greve foi deflagrada no início deste mês de maio.
Sem data para
pagamento do reajuste, os salários dos professores da Uern vão ficando
cada vez mais defasados e a Universidade corre sérios riscos de perder
mais profissionais.
Para o professor
Flaubert Torquato, presidente da Associação dos Docentes da Uern
(Aduern - Seção Sindical do ANDES-SN), a situação é preocupante. “Se
não bastassem os salários baixíssimos e defasados em relação às
universidades federais, os professores ainda convivem com as péssimas
condições de trabalho. Caso a situação de desvalorização persista, a
evasão de docentes causará sérios prejuízos a Uern”, esclarece o
docente.
Fonte: Aduern -
Seção Sindical, 22/5/12.