Reunião internacional discute meios de unificação da luta da classe
trabalhadora
Durante dois dias
(2 e 3 de maio), cerca de 170 trabalhadores e estudantes debatem
formas de internacionalizar a luta dos movimentos sindicais e sociais
contra os ataques do capitalismo.
Com o mote
“Muitas vozes, uma só lutas”, o primeiro dia da Reunião Internacional
organizada pela CSP-Conlutas em parceria com a União Sindical
Solidaires (França) contou, nesta quarta (2), com a participação de
representantes de 20 países e das delegações brasileiras.
Dirigentes
sindicais e de movimentos sociais do Egito, França, Itália, Alemanha,
Espanha, Inglaterra, Senegal, Benin, África do Sul, EUA, Canadá, Costa
Rica, Haiti, México, Argentina, Chile, Peru, Bolívia, Paraguai,
Uruguai se uniram aos brasileiros para discutir ações conjuntas que
fortaleçam a luta da classe trabalhadora em todo o mundo.
Todas as falas
das delegações reforçaram que, com a crise mundial do capitalismo, a
necessidade de resgatar a unidade internacional da classe trabalhadora
se faz cada vez mais urgente.
A privatização da
educação, principalmente no ensino superior, também foi recorrente na
fala de vários delegados. Representantes do México, Chile, Costa Rica,
Argentina, Inglaterra e Canadá apontaram exemplos de luta dos
estudantes, docentes e funcionários no combate à mercantilização do
ensino.
Paul Tsang,
técnico administrativo da Universidade de Toronto (Canadá) e
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos (USW Local 1998), relatou
como as parceiras público-privadas estão permitindo a instalação de
empresas de comercialização do ensino e da pesquisa nas instituições.
Para ele, as entidades precisam se unir na denúncia dessa prática que
se espalha em todos os países, com o propósito de mercantilizar a
educação.
Helena Bertrand,
da Émancipation – grupo de oposição da Federação dos Professores da
França e editora do periódico L’Insurgé, apontou que o corte de vagas
nas universidades e a substituição de professores concursados por
aqueles em situação precária são problemas que enfrentam os docentes
em seu país e que motivaram mobilizações por todo o território
francês.
A criminalização
dos movimentos sociais e sindicais e o uso da violência contra os
trabalhadores também parece prática adotada por todos os países das
delegações presentes.
Trabalhadores do
Peru, Benin, Brasil, Costa Rica, Haiti, Itália, assim como estudantes
da Argentina, Chile e Inglaterra relataram a forma como os governos
têm usado a força policial como instrumento de repressão e intimidação
dos militantes. Segundo Camilo Pinto, dirigente do movimento dos
estudantes secundaristas chilenos, vários manifestantes foram presos
sob falsas alegações e crimes forjados pela própria polícia, com o
objetivo de enquadrar os estudantes na lei anti-terrorista.
Durante a
reunião, foi dado informe de que, nesta quarta-feira (2), vinte
trabalhadores que estavam acampados em frente ao Ministério da Justiça
no Egito foram assassinados e vários outros estavam feridos.
Outro ponto
abordado pelo representante da Confederação Unitária de Base (CUB) da
Itália, Moustapha Wagne, foi a necessidade das entidades incluírem na
sua pauta de lutas a questão da imigração. Segundo ele, na Itália, são
4,5 milhões de trabalhadores imigrantes legalizados, mas no mercado
informal existem cerca de 500 mil trabalhadores sem documentação
legal, sendo explorados e sem representação sindical.
Wagne reforçou
que esse é um problema mundial. Ele citou como exemplo o Brasil, onde
vários trabalhadores bolivianos e do Haiti são submetidos à exploração
e condições análogas a escravidão. “Esses trabalhadores também têm o
direito a serem representados e ter seus direitos respeitados”,
ressaltou Wagne.
Ao final, os
representantes dos vários países se dividiram em grupos setoriais para
discutir a plataforma de ações e deliberações que devem compor o
manifesto que será produzido ao final do encontro e assinado por todas
as entidades presentes.
O documento do
setorial dos trabalhadores em educação deve trazer, entre outros, os
seguintes: melhores condições de trabalho e a valorização dos docentes
e técnicos, a reivindicação da destinação de mais verba para a
educação pública, campanha contrária ao pagamento da dívida pública em
detrimento de investimentos na educação e a organização de um dia de
jornada internacional de luta pela educação pública, gratuita e de
qualidade para todos.
Fonte: ANDES-SN,
3/5/12.