A proposta do governo para acabar com greve nas universidades
A proposta prevê a implantação de um novo plano de carreira e assegura
reajuste salarial já pré-estabelecido ao longo dos próximos três anos,
que pode chegar a 45%. Os professores avaliarão a oferta em
assembleias, a partir da próxima semana. A primeira impressão dos
diretores do sindicato é que a proposta não contempla as
reivindicações da categoria. A principal crítica é que a proposta de
nova carreira privilegia os poucos professores no topo, em detrimento
da maioria dos profissionais da ativa e da quase integralidade dos
aposentados.
Brasília - O governo federal apresentou, sexta-feira (13), uma
contraproposta à pauta de reivindicações dos docentes das
universidades e dos institutos federais, em greve há 57 dias. De
acordo com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), a
contraproposta prevê a implantação de um novo plano de carreira e
assegura reajuste salarial já pré-estabelecido ao longo dos próximos
três anos, que podem chegar a 45%.
De acordo com o MPOG, a oferta permitirá aos professores doutores
recém ingressos na carreira, em regime de dedicação exclusiva, receber
um salário mensal de R$ 8,4 mil. Já os professores que já estão na
universidade, no mesmo nível, terão o salário reajustado de R$ 7,3 mil
para R$ 10 mil. Ao longo dos próximos três anos, a remuneração do
professor titular com dedicação exclusiva passará de R$ 11,8 mil para
R$ 17,1 mil.
O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior
(ANDES-SN) vai submeter a contraproposta do governo, na próxima
semana, à base da categoria, já quase toda ela em greve. Das 59
universidades do país, 56 encontram-se paradas, além de institutos
tecnológicos e escolas de aplicação. Entretanto, a primeira impressão
dos diretores da entidade é que ela não atende aos anseios dos
docentes.
“Nesta reunião, nós não discutimos o conteúdo. Vamos, primeiro,
submeter a proposta à base, como é nossa prática. Mas já podemos
observar pelos menos duas características que confrontam o que
reivindicamos: o governo não enfrenta o problema da desestruturação da
carreira, arbitrando valores aleatórios para a titulação, e privilegia
os docentes alocados no topo, o que prejudica a maioria dos
profissionais da ativa e quase a integralidade dos aposentados”,
afirma o 1o vice-presidente do Andes-SN, Luiz Henrique Schuch.
Pela tabela apresentada, o governo elimina os níveis mais baixos da
carreira. Assim, o menor salário pago em 2010, de R$ 1,6 mil
(professor auxiliar, nível 1, sem titulação, em regime de 20 horas),
passará para R$ 1, 8 mil (professor assistente, nível 1, sem
titulação, 20 horas). A maioria, os adjuntos, que recebiam de R$ 1,8
mil a R$ 7,9 mil, passarão a ganhar entre R$ 2,2 mil e R$ 10,9 mil. Os
aposentados ficariam alijados da perspectiva de receber salários mais
altos, já que a imensa maioria se aposentou sem atingir a classe de
titular.
O diretor do Andes-SN criticou também o fato do governo não esclarecer
como irá escalonar o percentual de reajuste, além de comparar os
valores que eram pagos aos professores em julho de 2010 com os que
serão devidos em março de 2015. “A proposta não estabelece o
percentual de aumento que será dado a cada ano. Além disso, não dá
para comparar valores pagos em 2010 e 2015 como se não houvesse
inflação no período”, justifica.
Fonte: Ag. Carta Maior, Najla Passos, 14/7/12.