Professor da UFT é assassinado, vítima de homofobia no Tocantins
O professor
Cleides Antônio Amorim, 42 anos, foi brutalmente assassinado na última
quinta-feira (5). De acordo com informações da Polícia Civil,
divulgadas pela imprensa local, o docente estava em um bar em
Tocantinópolis com mais dois amigos, onde foi verbalmente agredido com
insultos homofóbicos por um homem identificado como Gilberto Afonso de
Sousa. Segundo testemunhas, os dois discutiram e Sousa esfaqueou o
professor. O autor do crime ainda está foragido.
Cleides Antônio
Amorim era coordenador do curso de Ciências Sociais da Universidade
Federal do Tocantins e ministrava aulas nas disciplinas de
Antropologia, Introdução à Metodologia da Pesquisa em Ciências Sociais
e Sociologia da Educação.
Graduado pela
Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Amorim era mestre em
Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e atuava em pesquisas sobre tambor de mina, medicina popular,
educação e relações étnicas.
Dados do Giama
(Grupo Ipê Amarelo de Conscientização e Luta pela Livre Orientação
Sexual) constatam que desde 2002 o Estado do Tocantins computou 25
crimes com características de homofobia.
Desde sua
fundação, o ANDES-SN luta pela igualdade de gênero, etnia e classe e
contra todas as formas de preconceito e discriminação.
Repúdio
Várias entidades
manifestaram repúdio à morte do docente e cobraram punição exemplar ao
crime. A Seção Sindical dos Docentes da UFT (Sesduft – seção sindical
do ANDES-SN) classificou o crime como brutal, fútil e torpe.
A entidade lançou
a campanha “Sesduft contra a Homofobia no Tocantins”, para, segundo
nota divulgada em seu sítio na internet, “coletivamente introduzir no
cotidiano docente e na sociedade civil uma reforma do pensamento, uma
vez que o sexismo e a homofobia deseducam e prejudicam a vida social e
identitária de crianças, adolescentes, jovens, homens e mulheres deste
país, sejam eles, homoafetivos ou heterossexuais.”
Ainda de acordo
com o texto, a diretoria da Sesduft afirma que “defendemos a
inviolabilidade dos direitos humanos e denunciamos os crimes
homofóbicos e quaisquer tipos de opressão, discriminação e preconceito
a população LGBT constituída em sua diversidade sexual (HSH, Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais)”. Confira a íntegra da
manifestação.
A Associação
Brasileira de Antropologia (ABA) e Giama do Tocantins também
divulgaram nota de repúdio após o assassinato do professor. A ABA
classificou o crime como “covarde” e se manifestou “a favor da lei que
criminaliza a homofobia, demanda atuação firme e justa das
autoridades”. O Giama pediu “justiça exemplar a este crime covarde e
torpe”. “São necessárias leis que punam esse tipo de crime. Hoje, se
odeia sem motivo e não há lei que coíba isso”, disse o presidente do
Giama, Renilson Cruz.
PLC 122/06
O integrante do
setorial LGBT da CSP-Conlutas, Anderson Nogueira Alves, defende a
aprovação do Projeto de Lei Complementar 122/06, que criminaliza a
homofobia, como forma de se combater crimes como o que tirou a vida do
professor da UFT. “Mas tem de ser o projeto original e não o que foi
reformulado pela senadora Marta Suplicy (PT/SP). Ela descaracterizou o
projeto para que ele fosse aceito pela base conservadora do governo e,
mesmo assim, os evangélicos não concordaram”, afirma.
Para que o PLC
122/06 seja aprovado é preciso, segundo Anderson Alves, que o
movimento LGBT tenha uma postura independente em relação ao governo.
“Diariamente gays e lésbicas são mortos no Brasil, o que nos leva a
ter os índices mais altos de crimes por razões homofóbicas. Temos de
mudar essa realidade, mas não avançaremos se continuarmos dependendo
de alianças com governos que mantém acordos com os setores mais
conservadores da sociedade”, avalia.
Com informações
do IG e blog da Roberta Tum
Fonte: ANDES-SN,
9/1/12.