Pela terceira vez neste ano, Marcha dos Servidores volta a lotar a
Esplanada
Cerca de 10 mil
servidores voltaram a ocupar a Esplanada dos Ministérios nesta
quarta-feira (15), em Brasília, para protestar contra o descaso do
governo em relação à categoria. A Marcha, em alguns momentos, chegou a
ocupar toda a extensão da avenida, com a participação da maioria das
categorias em greve. A coluna do CNG/ANDES-SN, com cerca de 300
professores, era uma das mais representativas da Marcha. Ao som da
banda “La furiosa”, formada por professores, os manifestantes cantavam
marchinhas e diziam palavras de ordem exigindo a reabertura das
negociações.
“A greve hoje em
curso no serviço público federal e o tamanho dessa Marcha demonstram a
indignação dos servidores com a intransigência do governo, que não
dialoga com as categorias”, discursou a presidente do ANDES-SN,
Marinalva Oliveira. Ela lembrou que, no caso dos docentes, a proposta
do governo não dialogou com o que a base da categoria defende.
“Mesmo assim, ele
assinou com uma entidade sem representatividade entre os docentes uma
proposta que vai contra os princípios defendidos pelos professores”,
denunciou. A presidente do ANDES-SN disse que a categoria continua em
greve para que haja a reabertura das negociações e um diálogo efetivo
com os docentes.
Dividir para
governar
O representante
da CSP Conlutas, José Maria Almeida, levou a solidariedade da central
aos servidores e denunciou o discurso da presidente Dilma Roussef, que
afirma não poder reajustar os salários dos servidores porque precisa
manter a empregabilidade dos trabalhadores da iniciativa privada. “O
que ela deveria fazer era vincular o estímulo fiscal dado às empresas
à garantia da estabilidade no emprego aos trabalhadores dos setores
beneficiados”, defendeu.
Como o governo
tem dado as isenções sem exigir contrapartidas, a arrecadação tem
diminuído ─ o que tem sido usado pelo governo para negar reajuste
salarial para os servidores ─, mas as demissões no setor privado
continuam ocorrendo. “Mesmo beneficiada com a redução do IPI, a GM já
demitiu 1,5 mil trabalhadores este ano e queria demitir mais 2 mil. Só
não demitiu porque houve uma mobilização muito grande dos metalúrgicos
e da sociedade.
Jose Maria
denunciou que o governo aplica a redução do IPI, dá subsídios às
grandes empresas e, com isso, deixa de arrecadar o valor que poderia
está sendo investido nos serviços e nos servidores públicos. “Para os
empresários e pagamento da dívida pública tem dinheiro, para os
servidores não”, disse.
Indignação
Durante todo
percurso, os participantes da coluna do ANDES-SN entoaram palavras de
ordem e marchinhas, que eram acompanhadas pela banda La furiosa. Em
uma deles, o professor Billy Graef fazia a chamada das universidades
presentes, perguntada se os docentes foram recebidos e, diante do não,
todos respondiam em coro, “olha, olha, governo federal, governo
federal, vai ter de negociar”.
Para o professor
de música da Unirio Aroldo Mauro esse tipo de manifestação é
importante porque mostra que, com criatividade, os professores estão
mostrando a indignação da categoria com a falta de negociação. “Estou
na universidade há 15 anos e nunca vivi uma situação como a atual, com
salários defasados e a falta de equipamentos para trabalharmos”,
denunciou.
A gaúcha Celeste
Pereira, professora do curso de enfermagem da Universidade Federal de
Pelotas há quatro anos e pela primeira vez participante de uma marcha
de professores na Esplanada, reclama da falta diálogo. “Nós queremos
negociar, mas até agora o governo não caminhou nesse sentido”,
afirmou. Os docentes da Ufpel realizaram assembleia nessa terça-feira
(14) e mais uma vez rejeitaram a proposta do governo e deliberaram que
o CNG deve continuar insistindo na reabertura de negociações.
O professor de
artes plásticas da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do
Rio de Janeiro Licius da Silva estava participando pela segunda vez de
uma Marcha em Brasília e acha importante a realização de atos em
Brasília “para mostrar o desacaso do governo com a educação pública”.
Brasiliense, mas
morando em Mossoró há sete meses, desde que assumiu como professor de
matemática da Universidade Federal do Semi-Árido (Ufersa), Henrique
Zanata sempre participou de manifestações na Esplanada dos Ministérios
pelo movimento estudantil, mas, pela primeira vez, como representante
de uma categoria profissional. “Acho importante virmos para a rua
mostrar nossa indignação”.
Zanata disse que
ficou decepcionado com a falta de estrutura do campus em que trabalho,
em Caraúbas, expandido recentemente pelo Reuni. “As condições são
muito precárias, sem contar que há uma sobrecarga de trabalho”,
afirmou.
Fonte: ANDES-SN,
15/8/12.