Parlamento grego aprova cortes em meio a protestos
As medidas
incluem o corte de 15 mil empregos públicos, uma redução de 22% no
salário mínimo e um pacote de impostos e reformas previdenciárias
O Parlamento
grego aprovou nesse domingo (12) novas medidas de austeridade em meio
a protestos violentos na capital Atenas.
Durante todo o
dia, houve manifestações no centro de Atenas, em meio à indignação por
causa dos cortes nos gastos públicos, uma exigência do Fundo Monetário
Internacional (FMI), da União Europeia e do Banco Central Europeu para
liberar um pacote de resgate de 130 bilhões de euros (R$ 296 bilhões),
que deverão permitir ao país o pagamento de suas dívidas.
A polícia usou
gás lacrimogêneo contra os manifestantes, que atiravam pedras e
coquetéis Molotov. Edifícios históricos, incluindo cafés e cinemas,
ficaram em chamas. A Praça Syntagma, no centro da capital, ficou
coberta por uma nuvem de gás.
Os manifestantes
tentaram atravessar um cordão formado por policiais da tropa de choque
em volta do Parlamento, que votava as medidas de austeridade. Ioannis
Simantiras, de 34 anos, disse que os manifestantes foram encurralados
pela polícia. "Ninguém podia escapar do gás. Quando ele envolveu a
todos e estava sufocando, a polícia abriu um corredor para nós, para
longe do Parlamento. Então todos correram", contou à BBC.
Antes da votação,
o primeiro-ministro Lucas Papademos disse que a Grécia não pode se dar
ao luxo de ter protestos desse tipo em tempos tão difíceis.
"Vandalismos, violência e destruição não têm lugar em um país
democrático e não serão tolerados, acrescentou.
Nesse domingo,
também foi aprovado acordo para tentar negociar com investidores
privados uma redução de 100 bilhões de euros na dívida do país, que
totaliza 360 bilhões.
As medidas
incluem o corte de 15 mil empregos públicos, uma redução de 22% no
salário mínimo, a flexibilização de leis trabalhistas (para facilitar
a demissão de trabalhadores) e um pacote de impostos e reformas
previdenciárias. As propostas têm provocado forte descontentamento
entre o povo grego, atingido por uma recessão econômica e por altas
taxas de desemprego.
Antes da votação,
o premiê grego, Lucas Papademos, havia advertido, em comunicado pela
televisão, que a não aprovação das medidas de austeridade forçaria a
Grécia a declarar a moratória de suas dívidas, o que levaria o país a
uma aventura desastrosa. "O custo social desse programa é limitado em
comparação com a catástrofe econômica e social que aconteceria se não
o adotássemos", acrescentou. Segundo Papademos, economias seriam
perdidas, o governo seria impossibilitado de pagar salários e as
importações de combustível, remédios e maquinaria seriam
interrompidas.
Os países
europeus querem que a Grécia economize mais 325 milhões de euros este
ano e insistem que os líderes gregos deem "fortes garantias políticas"
da implementação dos pacotes. O país não consegue pagar a dívida e há
receio de que uma eventual moratória prejudique a estabilidade
financeira da Europa e leve a uma desintegração da zona do euro.
Fonte: Brasil de
Fato, [Agência Brasil], 13/2/12.