Parceria entre
editoras universitárias e rede Scielo disponibiliza gratuitamente 250
livros científicos na internet
Mais três
editoras universitárias brasileiras anunciaram parceria com a
plataforma SciELO Livros, que disponibiliza online e gratuitamente
obras produzidas por pesquisadores de diversas áreas de conhecimento
científico, incluindo História. Editora UNESP, Editora Fiocruz,
EDUFBA, EDUEL, EDUEPB e EDUFSCAR agora selecionam diariamente o quê de
seu acervo pode ou não ser publicado na web. O projeto começou no
início do ano e já conta com 250 títulos disponíveis para download
– os organizadores do projeto estimam que até o fim do ano este número
dobre.
João Canossa,
editor executivo da Editora Fiocruz, diz que o projeto serve de
vitrine para os títulos publicados e que, provavelmente, a
disponibilização de obras na internet não deve prejudicar as vendas
nas livrarias. “Na medida em que um acesso mais amplo é garantido a
interessados nos temas publicados por nossa editora, há uma
contribuição significativa para a difusão do conhecimento e, ainda,
para a formação de leitores qualificados”. Não só no Brasil, mas em
outros países falantes de língua portuguesa, já que a SciELO é uma
rede internacional.
Atualmente, o
grupo possui 75 livros na ferramenta. Adriana Luccisana, supervisora
do projeto e integrante da equipe de coordenação e organização,
comenta que “a Rede SciELO Livros compartilha objetivos, recursos,
metodologias e tecnologias com a Rede SciELO de periódicos científicos
de modo a contribuir com o desenvolvimento da comunicação científica
em ambos meios de publicação”. A ideia é de levar títulos
interessantes a estudantes e pesquisadores e que possam servir de base
para pessoas que estejam próximas ou não destes núcleos de produção de
conhecimento.
Outros projetos
Há uma infinidade
de obras em domínio público presentes nas estantes das bibliotecas
públicas virtuais, que permitem pegar livros “emprestados” por tempo
indeterminado. É o caso, por exemplo, de um dos nossos mais célebres
escritores. Machado
de Assis conta até com um site especial,
feito pelo Ministério da Educação, que disponibiliza em formato PDF a
obra completa do primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras.
Até as correspondências
do escritor podem
ser baixadas para o seu computador ou tablet.
O site Domínio
Público,
do Ministério da Educação, por exemplo, é o oásis dos novos leitores,
com mais de 180 mil obras à disposição. Quem não tem tablet
não precisa se preocupar: os livros são disponibilizados, na maioria
das vezes, em formato PDF e HTML, padrão das páginas de internet que
pode ser visto em qualquer computador. Desde 2004, já foram feitos
mais de 30 milhões de downloads de livros diversos.
Apenas sobre
História Geral, são 1.263 obras – 726 delas em português. A mais
acessada é “A
escravidão”,
de Joaquim Nabuco, lida virtualmente por mais de 33 mil pessoas. Outro
que se destaca é “História
do Brasil: 1500-1627”,
de Frei Vicente de Salvador. Quem não leu o célebre “Capítulos
de História Colonial (1500-1800)”,
de João Capistrano de Abreu, pode começar a qualquer momento.
Obviamente, a
benesse não se restringe aos autores nacionais. Basta um clique para
ter acesso a obras de William
Shakespeare, Fernando
Pessoa e Dante
Alighieri – best
seller online, com mais de 1,7 milhão de livros baixados –,
passando por Pero
Vaz de Caminha e Luís
de Camões.
Não há por que se preocupar com o idioma: o site oferece 16 opções –
de latim a sânscrito! –, incluindo, obviamente, versões em português.
Bibliotecas
virtuais estaduais e independentes
Outras opções
interessantes são o Google
Livros e
os sites independentes Biblio e eBooksBrasil.
Porém, há alguns problemas: o Google não permite a busca por
disciplina, mas torna-se uma boa opção para quem sabe o que procura.
Já os outros não têm uma navegabilidade muito fácil de lidar.
Mas o melhor é
que a ideia se irradia
por outros estados.
O governo do Amazonas, por exemplo, criou sua própria Biblioteca
Virtual onde
é possível encontrar o “Almanaque
do Amazonas para 1908”,
repleto de informações sobre Manaus no início do século XX, com
direito a fotos e informações gerais da cidade. Já aeditora
da Universidade Estadual Paulista (Unesp) resolveu disponibilizar,
gratuitamente, 120
títulos acadêmicos em formato digital.
Desde o ano passado, mais de 60 mil pessoas fizeram o download.
‘Democratização
da leitura’
Por outro lado,
vários sites e blogs disponibilizam obras inteiras pirateadas – em
alguns casos, envoltas num viés ideológico de democratização
da leitura.
Num manifesto na internet, os idealizadores do projeto argumentam que
a democratização do acesso à tecnologia e a precariedade dos espaços
físicos de leitura obrigam a “reconhecer a falência do governo em
prover sua população com as ferramentas tradicionais de inclusão
cultural, como as bibliotecas”.
O projeto – que
conta com mais de 50 mil usuários cadastrados – parte da hipótese de
que “as bibliotecas digitais têm o potencial de provocar mudanças no
hábito de leitura e ampliar o acesso a livros”. Até aí, tudo bem. Só
falta combinar com os autores que, afinal, precisam sobreviver para
manter a "causa".
Num desses sites
são oferecidos, só de História Geral, 19 títulos, como o “Livro das
moedas do Brasil – 1643 até o presente”, de Cláudio Amato, Irlei Neves
e Arnaldo Russo, e até os oito volumes de “História da Geral África”.
Nenhuma editora escapa, ao ponto de algumas capas de livros ganharem
até selo do site pirata.
Iniciativas em
prol de pesquisadores e leitores
Mas como a nova
ordem veio para ficar, a Biblioteca Nacional, claro, não ficaria de
fora e está com um laboratório de digitalização a todo vapor, seguindo
a tendência das bibliotecas
mundo afora.
A BN faz parte do projeto Biblioteca Digital Mundial, juntamente com
instituições de Alexandria, Egito e Rússia. O projeto prevê a
digitalização de documentos, cartas, fotos e mapas nas seis línguas
oficiais da ONU (inglês, francês, espanhol, árabe, chinês e russo),
além do português, graças à participação da Biblioteca Nacional. Estão
sendo digitalizados 1.500 mapas raros dos séculos XVI a XVIII, além de
42 álbuns com cerca de 1.200 fotos da Coleção Thereza Christina Maria,
doada pelo Imperador D. Pedro II à BN.
Mas, quem não
aguenta de saudade do cheirinho de papel, a internet também oferece
uma solução. O site Trocando
Livros
faz, justamente, o que o nome propõe: você cria uma lista de livros
que quer trocar e fica aguardando o interesse de algum usuário. Quando
houver a solicitação, você envia pelos correios e ganha um crédito
para solicitar outro livro. E quem estiver de olho na estante alheia,
pode comprar crédito por uma quantia pré-fixada.
Fonte: Revista de História da Biblioteca Nacional