OCDE constata a queda no investimento do ensino superior
 

Pesquisa divulgada nessa terça-feira (11) pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), na França, comprova o que o ANDES-SN vem denunciado há muito tempo: ao mesmo tempo em que ampliou as vagas no ensino superior, o governo reduziu os gastos. Os números mostram que de 2000 a 2009 o investimento brasileiro em universidades caiu 2% e não acompanhou o crescimento de 67% do número de alunos.

“Isso mostra uma das razões que levou os docentes à greve, pois mostra que a expansão das vagas está se dando em cima da sobrecarga dos professores, com a precarização das condições de trabalho”, argumenta a presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira.

De acordo com a pesquisa da OCDE, em um grupo de 29 países o Brasil ocupa o 23º lugar de investimentos no ensino superior. O estudo mostra que foi investido em média 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) nessa etapa de ensino, que coloca o país como o quarto pior da lista. O resultado é ainda mais precário em pesquisa e desenvolvimento, área em que o Brasil é o pior de uma lista de 36 países, com 0,4% do PIB investido.

O problema, adverte o autor da pesquisa, Andreas Schleicher, diretor adjunto da OCDE para Educação, é que o ensino superior exerce um papel econômico determinante no Brasil. De acordo com a OCDE, o mercado de trabalho nacional é o que apresenta a maior diferença entre quem conclui e quem não conclui a faculdade. Além de enfrentar um desemprego menor, quem tem curso superior ganha salários melhores.

Para Nelson Cardoso Amaral, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), a queda do investimento no ensino superior deve ser vista em relação ao aumento do número de matriculados. "Houve um aumento do investimento bruto, até por conta do Reuni (programa de expansão do ensino superior do governo Lula). Isso foi bom, porque muitos chegaram ao ensino superior. O problema é que os valores gastos não foram suficientes. Isso precisa ser cuidado, porque não podemos deixar a qualidade cair."

Já a diretora-executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz, afirmou que o país deve melhorar o ensino básico, sem abrir mão do ensino superior. “Um País com o sexto maior PIB não pode retroceder. Isso teria implicações no potencial de inovação, na competitividade e no mercado de trabalho. E se o acesso for no mercado bilionário de instituições privadas com qualidade ruim, continuaremos lanterninhas no ensino superior”, defendeu.

Para o ANDES-SN, a pesquisa da OCDE também mostra ser necessário a aplicação imediata dos 10% do PIB em educação. “Está claro que o Brasil precisa investir mais para termos uma educação pública de qualidade”, afirma Marinalva Oliveira.

 

 

Fonte: ANDES-SN, 12/9/12.

 


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