MST ocupa Incra por desapropriação definitiva de área do assentamento
Milton Santos
Os trabalhadores
rurais disseram que permanecerão no local até que o Incra apresente um
plano de trabalho contra o despejo do assentamento Milton Santos e de
outras áreas ameaçadas pelo Poder Judiciário
O MST ocupou a
superintendência estadual do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra), no começo da tarde desta terça-feira (11/12),
no município de São Paulo (SP), para cobrar medidas concretas do
governo federal para impedir o despejo das famílias do assentamento
Milton Santos, localizado em Americana.
Mais de 600
trabalhadores rurais acampados e assentados em todo o estado de São
Paulo participaram da ocupação, depois da realização de um protesto na
Avenida Paulista em defesa da Reforma Agrária.
Os trabalhadores
rurais disseram que permanecerão no local até que o Incra apresente um
plano de trabalho contra o despejo do assentamento Milton Santos e de
outras áreas ameaçadas pelo Poder Judiciário.
“A nossa jornada
é para reivindicar do governo federal a criação de novos assentamentos
e da presidenta Dilma Rousseff a assinatura do decreto de
desapropriação da área do assentamento Milton Santos. Está nas mãos
dela o futuro das famílias e esperamos uma definição para garantir um
feliz ano novo para as famílias”, disse Cláudia Praxedes, da Direção
Estadual do MST.
Manifestação
Pela manhã, os
manifestantes fizeram um protesto na frente do Tribunal Regional de
Justiça, para denunciar o papel do Poder Judiciário e do escritório da
Presidência da República em São Paulo. O MST cobra da presidenta Dilma
Rousseff a assinatura de decreto de desapropriação por Interesse
Social do Sítio Boa Vista, onde fica o assentamento, que foi enviado
pelo Incra à Presidência.
A desapropriação
por Interesse Social, de acordo com a Lei Nº 4.132, de 10 de setembro
de 1962, prevê que “será decretada para promover a justa distribuição
da propriedade ou condicionar o seu uso ao bem estar social, na forma
do art. 147 da Constituição Federal”.
“Vivemos um
momento de ofensiva do Poder Judiciário contra a Reforma Agrária. As
famílias do assentamento Milton Santos estão sob ameaça”, disse Delwek
Mateus, da Direção Nacional do MST. Segundo ele, juízes conservadores
ameaçam assentamento já consolidados e impedem a criação de novas
áreas da Reforma Agrária.
Em 28 de
novembro, a 2ª Vara de Piracicaba da Justiça Federal determinou a
reintegração de posse da área. As 70 famílias que vivem - produzem
alimentos e abastecem o mercado local - há sete anos no assentamento
têm 15 dias para sair da área a partir da notificação oficial para não
serem despejados pela Polícia Militar.
A área do
assentamento pertencia à família Abdalla e foi repassada ao INSS como
forma de pagamento dos impostos por causa das dívidas com a União. O
assentamento foi reconhecido pelo Incra em julho de
2006.
Uma luta de todos
"A Reforma
agrária está retrocedendo. O governo não cria novos assentamentos,
enquanto o Poder Judiciário ameças as famílias que vivem e produzem em
áreas conquistadas”, denunciou Delwek. “Não há democracia nem
desenvolvimento no interior do país sem dividir a terra e passar para
os trabalhadores rurais”.
O presidente da
Central Única dos Trabalhadores (CUT) do estado de São Paulo, Adi dos
Santos Lima, que participou do ato, criticou a decisão do Poder
Judiciário, cobrou uma intervenção do governo federal para garantir a
manutenção das famílias no assentamento e desapropriar novas áreas
para os Sem Terra.
“Precisamos da
aceleração da Reforma Agrária, com condições para os trabalhadores
viverem e produzirem implementadas pelos governos. O trabalhadores do
campo e da cidade se juntarão para garantir terra para todos que
querem trabalhar, viver e produzir no campo”, disse Adi.
“Não vamos tirar
da nossa pauta o tema da Reforma Agrária. Estamos juntos com o MST
para fortalecer a luta. Precisamos envolver a população, porque essa
causa é de toda a sociedade”, afirmou o presidente estadual da CUT.
“Estamos nesse
ato por entender a importância da Reforma Agrária para o povo do campo
e da cidade. Vamos fazer uma discussão com os trabalhadores do chão de
fábrica para envolvê-los na luta pela democratização da terra”, disse
Angelo Máximo de Oliveira (à esquerda na foto)), do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC.
Também
participaram do ato representantes do Sindicato dos Bancários de São
Paulo, Osasco e Região, do Sindicato dos Químicos do ABC, o Movimento
dos Trabalhadores Desempregados (MTD) e da Federação dos Empregados
rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), além de grupos
de teatro, que fizeram apresentações durante a marcha.
O MST monta na
quinta-feira (13) um acampamento de resistência no assetamento Milton
Santos. Na sexta-feira (14), o movimento faz um ato em Americana
contra a decisão do Poder Judiciário. Nesta segunda-feira (11), um
grupo de famílias do assentamento Milton Santos fez um protesto na
Presidência da República, que não foi organizado pelo MST.
Superintendência
do Incra em São Paulo
Endereço: Rua Dr.
Brasílio Machado, 203 - 6º andar - Santa Cecília
Fonte: Brasil de
Fato, Igor Felippe Santos, da Página do MST, 11/12/12.