O PT como patrão
Enviado por Cesar Brod em 02/08/2012
Acabo de receber esse email:
“Orientação sobre a folha de ponto dos servidores em greve
Informo que, seguindo orientação superior do MP, os
grevistas deverão ter os pontos cortados, desta forma não
deverá constar nenhuma observação na folha de ponta dos
servidores que estão de greve e não registraram o ponto.
Já aqueles servidores que estão de greve e mesmo assim
registraram o ponto deverão ter seus pontos cortados
(anulados) já que não trabalharam.
Quanto aos servidores que estão trabalhando normalmente e
que não puderam trabalhar no dia 5 de julho por causa da
greve dos ônibus podem ter seu dia abonado, código 05.”
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Sou coordenador geral de inovações tecnológicas do departamento
de sistemas de informação da secretaria de logística e sistemas
de informação do ministério do planejamento, orçamento e gestão
do governo do Brasil. Estou neste cargo desde setembro de 2011.
Hoje comunico, publicamente, meu pedido de exoneração.
Todos sabem qual é meu salário graças à Lei de Acesso à
Informação. Preciso deste salário e, de fato, tenho orgulho em
merecê-lo. Mas a partir do momento em que tenho que ferir meus
princípios para manter minha remuneração, meus princípios sempre
ganharão o jogo, independente do que virá depois.
Trabalho, há bastante tempo, com o conhecimento livre e modelos
de negócios baseados nisso. Em Porto Alegre, no final dos anos
1990, tive o prazer de ver um projeto de governo crescer levando
em conta a crença em que a liberdade ampla para todas as formas
de conhecimento era um fator gerador de inovação tecnológica e
de criação de emprego e renda. Apoiei esse projeto mas nunca
integrei nenhum quadro do governo até setembro de 2011, quando
assumi o cargo acima mencionado, e passei a ser o responsável
pelo Portal do Software Público Brasileiro, pela Infraestrutura
Nacional de Dados Abertos, além de outras atividades.
Não foi fácil, vindo da iniciativa privada e há mais de doze
anos como empresário, aprender a hierarquia e a burocracia que
são parte de um emprego público. Aliás, esse é um aprendizado
constante. Mas segui trabalhando com minha paixão: liberdade de
conhecimento como geração de inovação e riqueza.
No decorrer de meu trabalho deparei-me com a greve do
funcionalismo federal, à qual aderiram muitos dos que estavam
sob minha coordenação. Enfrentar uma greve como executivo
público foi algo totalmente inédito para mim. Acompanhei greves
desde o tempo de meu avô, no surgimento do PT. Toda a
articulação para as greves, para a criação de uma força que
mudasse o estado, conscientizou uma população que colocou o PT
no poder. Mas o PT patrão parece não ter aprendido com sua
própria história. O PT patrão apenas aprimora as táticas de
pressão psicológica e negociação questionável daqueles com os
quais negociou na época em que a greve era sua.
O PT patrão virou governo, melhorou o país e acha que não
depende mais da máquina que sustenta o estado. O PT patrão, que
fez muito pela nação, tem a certeza de que vai muito bem
sozinho. E está indo mesmo!
Eu espero que nosso país siga melhorando, mas estou nele para
mudá-lo e não para cumprir ordens com as quais não concordo.
Como coordenador, jamais cortarei o ponto daqueles que trabalham
comigo e estão em greve. Independente da greve, eles cumpriram
seus compromissos civis sempre que necessário. E, na greve,
cultivaram ainda mais sua união na crença da construção de um
Brasil melhor”.
(César Augusto Brod, responsável pela Coordenação Geral de
Inovação Tecnológica da Secretaria de Logística e Tecnologia da
Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão).
Fonte:
http://www.brod.com.br/diario/o-pt-como-patr-o
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