Movimentos ocupam Shopping Higienópolis para denunciar racismo no
Estado
Organizações
fazem parte do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra
Grupos do
movimento negro, GLBTs, de direitos humanos, estudantis e culturais
participaram da ocupação simbólica de um dos halls do Shopping
Higienópolis, em São Paulo, por volta das 16h deste sábado (11).
Segundo os manifestantes, a ocupação se fez no sentido de denunciar as
recorrentes práticas de racismo institucional por parte do Estado
brasileiro e chamar atenção para os inúmeros casos recentes de racismo
no estado de São Paulo. O local foi escolhido pelo episódio da
rejeição da instalação de uma estação de metrô no Higienópolis pela
associação de moradores do bairro, em 2011.
Concentrados no
largo de Santa Cecília, região central da capital, os cerca de 300
manifestantes se dirigiram em marcha até o Shopping. Com cantos
alusivos à cultura negra e ao quilombo de Palmares, o grupo entrou
pacificamente atraindo a atenção dos clientes que se dividiam em
sorrisos de surpresa e narizes torcidos. Apesar da presença dos
seguranças, que tentaram impedir a manifestação, e da chegada da
Polícia Militar, que entrou no shopping para ‘acompanhar o ato’, não
houve tumultos.
O ato foi
organizado pelo Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra, formado
por 27 entidades que vão desde grupos culturais e estudantis a
sindicatos e mandatos partidários. Segundo Douglas Belchior, membro da
Uneafro, o protesto foi a maneira encontrada para denunciar a
dicotomia histórica mantida no país “Existe uma parte do povo no
Brasil que é privilegiada pela forma com que a sociedade se organiza.
Essas poucas pessoas têm acesso às riquezas de um país tão rico como o
nosso, enquanto a maioria do povo brasileiro é condenado à
superexploração, como por exemplo os trabalhadores das lojas desse
shopping. Nós nos solidarizamos com essas pessoas“, afirmou. Uma das
bandeiras de luta do comitê trata da reparação histórica aos
afrodescendentes.
Entre cantos e
falas de representantes das entidades, a estudante e representante do
Núcleo de Consciência Negra na USP Haydeé Fiorino leu o manifesto do
grupo. Em um dos trechos, o texto afirma que "o Brasil é um país onde
cabelo liso é padrão estético e corporativo; pobreza é crime e
problemas que deveriam ser tratados por médicos viram caso de polícia.
Este é um país onde ser negro e pobre é passível de punição, prisão e
morte. No entanto, nada acontece com o colégio que discriminou nem com
o restaurante que humilhou nem com o delegado que prendeu sem provas
ou com o PM que atacou o estudante.” O Núcleo vem sofrendo pressão da
reitoria da USP para deixar o prédio que ocupa hoje na universidade.
Após quase uma
hora os manifestantes saíram tranquilamente. Durante a saída, foram
prometidos outros atos.
Fonte: Brasil de
Fato, Fernando Knup, 13/2/12.