Mobilização dos docentes paranaenses leva governador a rediscutir
reajuste
Como forma de forçar o governador Beto Richa (PSDB/PR) a apresentar
uma proposta de reajuste salarial para a categoria, docentes das
universidades estaduais do Paraná cruzaram os braços na quarta-feira
(7) e realizaram um grande ato público em Curitiba. Mais de mil
pessoas, entre professores e estudantes, marcharam pelas ruas da
capital paranaense em direção ao Palácio do Iguaçu, onde realizaram
manifestação em defesa das universidades.
Estiveram presentes, professores da Universidade Estadual de Ponta
Grossa (UEPG), Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste),
Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Estadual do
Centro-Oeste (Unicentro), Universidade Estadual de Londrina (UEL) e
Universidade Estadual do Norte Pioneiro (UENP). Quem não foi para a
manifestação, também não foi trabalhar. Segundo os sindicatos, a greve
contou com a adesão de mais de 90% da categoria.
O ato público levou o Secretário de Ciência e Tecnologia (SETI),
Alípio Leal, a receber, no dia 7, representantes dos professores e dos
técnicos-administrativos. Na ocasião, ele se comprometeu em dar uma
resposta ao acordo de equiparação salarial dos docentes com os
técnicos até o próximo dia 17. Nessa audiência, o governo anunciou a
contratação dos professores concursados em 2010 e a volta do repasse
para verba de custeio que estava em vigor nos anos anteriores.
No dia 7, o governador Beto Richa (PSDB) determinou a criação de um
grupo técnico de trabalho para apresentar uma proposta de reajuste
salarial docente até o final desta semana. “Esperamos apresentar em
uma semana uma proposta que satisfaça os professores e atenda as
possibilidades do Estado”, afirmou o governador na ocasião. O grupo
técnico de trabalho é formado por representantes das reitorias,
técnicos do governo e pelas secretarias da administração pública, da
Fazenda, da Ciência e Tecnologia e do Planejamento.
Recursos
A reunião com o secretário Alípio Leal, realizada na Assembleia
Legislativa do Paraná, também contou com a participação de deputados
estaduais da Comissão de Educação.
“Travamos um intenso debate sobre a postura do governo estadual com
relação às Instituições Estaduais de Ensino Superior (Iees) e
obtivemos o apoio de todos os deputados estaduais presentes à reunião.
Enfatizamos que o governo Richa, além de não cumprir a acordo para a
reestruturação da carreira docente oriundo das negociações, busca
retirar a autonomia de gestão administrativa das universidades
(transferência da folha de pagamento para Curitiba) e, com isso,
destruir as universidades públicas e viabilizar a privatização de
nossas”, relata Henrique Radomanski, do Sindicato dos Docentes da
Universidades Estadual de Maringá (Sesduem).
Os deputados presentes à reunião enfatizaram que há recursos no
governo para atender às reivindicações das Iees, pois o Estado investe
46,55% do orçamento governamental com o funcionalismo público. Para a
maioria dos deputados presentes, o problema é político e não
financeiro, uma vez que o governo Richa vem concedendo isenção fiscal
aos conglomerados empresariais de vários setores do empresariado
paranaense.
Mobilização
A avaliação das direções do Sesduem, Adunioeste, Adunicentro, Sinduepg
e Sinduel, segundo informe da Adunicentro, é de que a mobilização
realizada no dia 7 de março foi parcialmente vitoriosa, já que não há
garantia de que o governo cumprirá a promessa de apresentar uma
proposta de reajuste salarial esta semana. Por isso, os sindicatos
docentes indicam a necessidade de nova paralisação no dia 20 de março,
com a realização de assembleias para deliberar sobre a proposta do
governo, principalmente sobre sua implementação.
Está claro, então, que só a luta política intensa nas Iees poderá
alterar a postura do governo Richa com relação às universidades
estaduais. “Os professores vão dar mais alguns dias, para o Governo
fazer uma proposta. Mas o indicativo deve, a partir desta data, está
em pauta”, afirmou a presidente do Sindicato dos Docentes da
Universidade de Ponta Grossa (Sinduepg), Cíntia Xavier.
Com informações dos sites da Adunicentro, Sinduepg e Sesduem.
Fonte: ANDES-SN, 13/3/12.