Professores marcham em Brasília
A coluna
organizada pelo ANDES-SN e pelo Comando Nacional de Greve (CNG) na
Marcha a Brasília, realizada nesta quarta-feira (18), contava com a
participação de cerca de 500 professores, de todos os cantos do país.
A insatisfação dos manifestantes com a proposta apresentada pelo
governo era um sentimento comum entre os manifestantes.
“É uma proposta
ruim, que desune a categoria ao conceder percentuais diferenciados”,
critica a professora do Instituto de Nutrição da Universidade Federal
do Rio de Janeiro Maria Auxiliadora Santa Cruz Coelho. Apesar de ser
professora titular, o que a coloca na classe mais beneficiada com a
proposta, Maria Auxiliadora discorda do que foi apresentado.
“Pouco conseguem
ser titulares, que representam menos de 5% dos professores na maioria
das instituições. Tive mestres brilhantes que nunca conseguiram uma
cadeira de titular, que só é aberta quando outro professor morre”,
criticou. “A proposta, como está, não cobre nem a inflação para alguns
colegas”, contabilizou.
Irmã de um
desaparecido político, a professora da UFRJ lutou contra a ditadura
militar ao lado de muitos que hoje estão no atual governo e não se
conforma com a direção tomada pelo Palácio do Planalto. “A classe
trabalhadora apostou nessas pessoas e hoje está decepcionada. Um
exemplo é o que o governo tem feito com a saúde, por meio da Ebserh,
que privatizou os hospitais públicos universitários. No lugar das
pesquisas acadêmicas, a Ebserh vai tratar a saúde como mercadoria, e
isso com o dinheiro público”, criticou.
A professora
Silma do Carlo Nunes, da Universidade Federal de Uberlândia, está
aposentada há dez anos e hoje trabalha na iniciativa privada.
“Infelizmente, muitos professores aposentados estão sendo obrigados a
dar aulas em universidades particulares para complementar renda.
Estamos colocando à disposição da iniciativa privada, todo o
conhecimento que acumulamos e as pesquisas que realizamos na
universidade pública”, lamentou.
Ela critica
veementemente a proposta do governo. “Ela é péssima, pois não
aproveita nada do que foi proposto pelo ANDES-SN. Além disso, não
podemos negociar agora o que será aplicado a nossos salários daqui a
três anos”, argumentou.
O professor de
economia da Universidade Rondônia Edílson Lobo classificou como
indecente a proposta do governo. “Foi uma forma sórdida de o governo
ludibriar a boa vontade dos professores, pois passa para a sociedade
que a proposta é interessante, quando, após descontada a inflação,
algumas classes poderão ter perdas salariais”, calculou.
UNB
Dentro da
manifestação, a coluna dos professores da UNB era uma das mais
animadas. Além de uma fileira de bonecos feitos com balaios,
confeccionados por professores do departamento de artes, os
professores se distinguiam pelas camisetas e bandeiras brancas.
Professora de engenharia da produção desde 2006, Marta Veras Rodrigues
tem participado de todas as manifestações na Esplanada convocadas pelo
ANDES-SN. “Nosso grupo é fiel. Vamos sempre às ruas, mas acho que a
participação dos professores da UNB poderia ser maior”, avalia.
Ela analisa como
importante o momento atual, em que a categoria tem de demonstrar
força. “Pensávamos que agora o governo ia apresentar uma proposta que
acabasse com as distorções remuneratórias, mas elas aumentaram”,
avalia. O professor do curso de administração da UNB Evaldo César
Rodrigues avalia que o governo precisa melhorar a proposta. “Ela foi
apresentada para ser melhorada”, aposta.
A marcha também
contou com a participação dos deputados Chico Alencar (PSOL/RJ), Érica
Kokay (PT/DF) e Vicente Silestre (PSB/RS). Todos elogiaram a
capacidade de mobilização dos servidores, declararam apoio à greve e
cobraram do governo a abertura efetiva das negociações.
Fonte: ANDES-SN,
18/7/12.