MANTER A GREVE CONTRA A PERDA SALARIAL E A DESESTRURAÇÃO DA CARREIRA
Na última sexta (13), o governo federal, através dos Ministros da
Educação e do Planejamento, divulgou em entrevista coletiva na mídia
sua “proposta” aos professores federais em greve do Magistério
Superior e da Educação Básica, Técnica e Tecnológica.
Da dita proposta, anunciada de maneira desrespeitosa enquanto ocorria
a reunião com os comandos de greve do ANDES-SN, do SINASEFE e com o
PROIFES, a imprensa fez questão de alardear que os professores
receberiam 45% de aumento.
É preciso ter clareza do que significa esse golpe publicitário. O
governo deseja recuperar sua imagem perante a sociedade, ao mesmo
tempo em que tenta jogar a população contra os grevistas, anunciando
um índice de reajuste que a maioria dos trabalhadores jamais viu.
O que de fato foi apresentado aos professores na reunião? Em primeiro
lugar, uma tabela contendo uma proposta de reajuste salarial parcelada
em 3 anos (40% em 2013, 30% em 2014, 30% em 2015). Se realizarmos a
projeção da inflação para o período, o reajuste não é para todos. Para
maioria dos docentes, o que ocorrerá é na verdade PERDA SALARIAL.
Veja a tabela abaixo, que calcula o reajuste real com base em uma
estimativa da inflação futura
(20,8% acumulados nos próximos 3 anos):
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I |
II |
III |
IV |
V |
VI |
Titular |
11.755,05 |
17.057,54 |
45% |
13.426,62 |
16.219,35 |
5% |
Associado |
11.424,45 |
15.464,45 |
35% |
13.049,01 |
15.763,20 |
- 2% |
Adjunto |
7.333,67 |
10.007,24 |
36% |
8.376,52 |
10.118,83 |
- 1% |
Assistente |
4.651,59 |
6.171,22 |
33% |
5.313,05 |
6.418,16 |
- 4% |
Auxiliar |
2.762,36 |
4.014,00 |
45% |
3.155,17 |
3.811,44 |
5% |
(Valores em R$
reais)
I – Vencimento em fevereiro de 2010
II – Vencimento em março de 2015, segundo proposta
III – Ajuste bruto – coluna II/III
IV – Salário atual com recomposição do passado
V – Projeção para o futuro
Fonte: Estudo realizado pelo Prof. Wagner Ferreira Santos,
Departamento de Matemática/UFS – Campus |
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Na sequência da reunião, pressionados pelos protestos dos grevistas, o
governo finalmente apresentou seus “aspectos conceituais para
reestruturação da carreira”. Nesse documento, o governo expressa não
apenas sua inteira desconsideração da proposta apresentada pelo
ANDES-SN, como também revela seu verdadeiro projeto para a
universidade.
Para o governo, a carreira dos professores deve continuar sendo
diferente para Magistério Superior e para EBTT. Continuarão existindo
as classes auxiliar, assistente, adjunto e associado, mesmo que não
haja distinções funcionais justificadoras dessas denominações. A
classe de titular passa a integrar a carreira, mas só 20% dos docentes
poderão alcançá-la.
Na proposta, todo desenvolvimento na carreira está condicionado a
critérios produtivistas, que serão definidos pelo MEC e não pelas
instituições, o que representa um duro golpe na autonomia
universitária. Em desacordo com o que prevê a LDB, a carga horária
mínima semanal passa a ser de 12h-aula e condicionante para a
progressão. Os steps entre os níveis são aparentemente aleatórios, mas
criam fossos entre a remuneração dos professores das diferentes
classes, em especial entre adjuntos e associados. Os professores de
dedicação exclusiva terão que transformar sua produção em mercadoria,
para fazer jus a uma retribuição por projetos. Os docentes em estágio
probatório não poderão progredir. Os aposentados, uma vez mais, estão
excluídos do enquadramento na nova estrutura, como ocorreu com a
criação da classe associado.
O governo, além de não mencionar sequer por um instante as péssimas
condições de trabalho que também mobilizam os professores em greve, já
disse que a proposta em questão é inegociável.
Convocamos os professores da Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro para, em assembléia, rejeitar esta proposta indecente e
ofensiva de desestruturação de nossa carreira e de desmonte da
Universidade Pública. Diante da insistência do governo em ignorar o
conteúdo de nossa pauta de reivindicações, cabe aos professores
intensificarem sua mobilização e apresentarem uma resposta contundente
na mesa de negociação do dia 23.
ASSEMBLEIA DA ADUR-RJ
Dia
19
de julho (quinta-feira), às
13
horas.
LOCAL: Gustavão (P1)
Pauta:
1) Informes;
2) Discussão da proposta do governo e avaliação das perdas;
3) Encaminhamentos.
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