Luta contra retirada de direitos fortalece unidade classista dos
trabalhadores
A luta contra os
ataques à classe trabalhadora brasileira reuniu nesta quarta-feira
(28) cerca de 800 representantes de diversas centrais e entidades
sindicais de 17 estados e do DF e também do movimento estudantil, em
uma tenda armada na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
O ato teve como
objetivo denunciar as novas investidas contra os direitos dos
trabalhadores como o Acordo Coletivo Especial (ACE) e pedir a anulação
da reforma da Previdência, o fim do Fator Previdenciário e rejeitar a
implantação da fórmula 85/95.
Foram debatidas
estratégias de ação para unificar a luta em defesa dos trabalhadores.
Tanto nas falas dos componentes da mesa quanto dos participantes da
plenária foi reforçada a necessidade de fortalecer o Espaço de Unidade
e Ação como instrumento importante no enfrentamento para o próximo
período.
Além da retomada
do Espaço de Unidade e Ação, que reúne além das centrais e entidades
sindicais movimentos sociais e estudantil, foi proposta a realização
de uma grande marcha nacional em Brasília, para a primeira quinzena de
abril de 2013.
A mesa do debate
foi composta pelo membro da Secretaria Executiva Nacional da
CSP-Conlutas, Zé Maria de Almeida, pelo representante de A CUT Pode
Mais Alberto Ledur, o Beto, e pelo secretário-geral da Condsef
(Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal) Josemilton
Costa. Os trabalhos foram coordenados pelo presidente da CTNA
(Confederação Nacional dos Trabalhadores da Alimentação), Artur Bueno,
e Neida Oliveira, vice-presidente do CPERS (Sindicato dos
Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Sul).
O ato foi
iniciado com uma saudação da militante da Resistência Síria, Sara Al
Suri, que disse a todos que aquele encontro servia de exemplo para ser
seguido em seu país. Sara disse ter orgulho da liberdade de
organização dos trabalhadores aqui do Brasil, já que na Síria esse
direito é negado pelo regime ditatorial imposto. Falou da importância
do papel de atuação da CSP-Conlutas para a internacionalização das
lutas, pois os ataques aos trabalhadores são os mesmos.
Zé Maria
ressaltou no ato que tanto o ACE quanto a proposta de substituição do
Fator Previdenciário, em tramite no Congresso, o Fator 85/95, são
apresentadas como propostas da classe trabalhadora, mas não é verdade.
“Esse ato comprova o oposto, pois aqui está boa parte da classe
trabalhadora se posicionando contrária a esses projetos”, disse ele.
O dirigente da
CSP-Conlutas informou aos presentes que o ato também reivindica uma
campanha pela anulação da Reforma da Previdência. “Se no STF (Supremo
Tribunal Federal) eles consideram que quem rouba tem que ir para a
cadeia e que a compra de votos também é crime, então queremos a
anulação da reforma, que se deu através da compra de votos”, frisou.
Zé Maria fez
ainda um chamado a ampliação da campanha nacional contra os ataques
aos direitos. “É preciso que consigamos avançar a unidade para impedir
que os ataques continuem. Esse evento é um primeiro passo, mas a
jornada continua e precisamos levar essa discussão aos estados para
ampliar construção da luta em todo país e derrotar esses projetos em
Brasília”, orientou.
Alberto Ledur, da
corrente A CUT Pode Mais, destacou a necessidade de unir a classe
trabalhadora. “Estamos junto com as demais centrais nessa luta contra
ACE por entender que a CUT não tem direito de entregar as conquistas
dos trabalhadores e de negar toda a história de luta e construção que
fizemos juntos até hoje, principalmente nos anos 90 contra a
flexibilização que se impunha naquele período”, disse.
A presidente do
ANDES-SN, Marinalva Oliveira, ressaltou em sua intervenção que os
ataques à classe trabalhadora visam o empoderamento do capital, para
aumentar a exploração dos trabalhadores. “A proposta do ACE fala em
conciliação de classes. Mas isso é impossível na realidade que
vivemos, pois os interesses dos patrões e dos trabalhadores são
opostos”, ressaltou.
Marinalva
ressaltou a importância da unidade que está sendo construída e que já
se expressou nas grandes greves vivenciadas no ano de 2012. Ela chamou
todos a se juntarem à luta contra a Ebserh – Empresa Brasileira de
Serviços Hospitalares, que representa um ataque não só à comunidade
acadêmica, mas a todos os usuários dos Hospitais Universitários e da
saúde pública.
A presidente do
ANDES-SN terminou sua fala convidando os presentes a participarem do
XVII Encontro Nacional de Assuntos de Aposentadoria, que o Sindicato
Nacional promove do dia 30 de novembro ao dia 2 de dezembro, em Belo
Horizonte (MG). “Lá iremos aprofundar a discussão sobre os ataques à
Seguridade Social”, completou.
Na avaliação de
Marinalva, o evento foi muito positivo, pois comprovou a força da
unidade da classe trabalhadora e ampliou a participação de entidades
sindicais em tornou de uma pauta.
“A unidade
representada aqui, com trabalhadores de setores da iniciativa pública
e privada e estudantes, é de extrema importância para resistirmos
contra o ataque do governo aos nossos direitos e avançarmos também em
conquistas para a classe”, destacou.
No período da
tarde, os participantes se dividiram em três grupos. Um foi realizar
panfletagem na Rodoviária de Brasília, para conscientizar a população
sobre os riscos contidos na proposta do ACE. Outros dois seguiram para
o Congresso Nacional, onde buscariam dialogar com deputados e
senadores e buscar apoio para a votação do fim do Fator
Previdenciário, rejeição ao Fator 85/95 e ao ACE.
O que é o ACE?
- O Acordo Coletivo Especial é uma proposta de anteprojeto de lei do
Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT, que flexibiliza as
leis trabalhistas, ao propor que o negociado prevaleça sobre o
legislado. De acordo com o sindicato do ABC, as leis trabalhistas
emperram os acordos com as empresas, por isso, é preciso facilitar
esses processos negociais. Entretanto, se aprovada esta proposta,
estariam legalizados acordos que, por exemplo, permitem a divisão das
férias em mais de dois períodos; o pagamento parcelado do 13º salário,
até mesmo em parcelas mensais; a ampliação do banco de horas; a
contratação temporária e a terceirização dentro das empresas sem
nenhum limite; entre outras medidas.
Pela anulação
da Reforma da Previdência - As entidades pedem a anulação Reforma
da Previdência, aprovada em 2003, que contou com a compra de votos de
parlamentares com o dinheiro do “mensalão”. Ao o STF (Supremo Tribunal
Federal) confirmar a existência do “mensalão” nesta votação, é justo o
pedido de anulação.
Contra o Fator
Previdenciário e a fórmula 85/95 - O presidente da Câmara dos
Deputados, Marco Maia (PT-RS), pautou para votação as mudanças na
aposentadoria que vem sendo negociadas pelo governo e centrais
sindicais governistas. Entre as alterações, está prevista a troca do
Fator Previdenciário pela Formula 85/95.
Se o Fator
Previdenciário altera o cálculo para a aposentadoria dos
trabalhadores, podendo reduzir em até 40% o benefício a ser recebido,
o Fator 85/95 prevê que para se aposentar a soma do tempo de
contribuição e idade deve chegar a 85 anos no caso das mulheres e a 95
anos no caso dos homens.
Fonte: ANDES-SN,
28/11/12.