Luta no Mato Grosso do Sul é pela recuperação da autonomia financeira


Desde 2007, quando o governo estadual fez aprovar uma lei acabando com a autonomia financeira da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (Uems), a participação da Instituição no orçamento do Estado baixou de 1,97% naquele ano para 1,37% no ano passado. Para reverter essa situação, a Associação dos Docentes da Uems - ADUEMS seção sindical do ANDES-SN, está mobilizando a categoria, que pode entrar em greve até o final do ano.

De acordo com uma lei aprovada no início dos anos 2000, o governo deveria aumentar gradativamente o repasse de recursos para a Uems, chegando em 2008 ao equivalente a 3% do orçamento do Estado. Em 2007, o governador André Pucinelli (que continua no cargo) conseguiu aprovar uma lei, sem nenhum diálogo com a Universidade e com a sociedade, acabando com essa previsão.

“Passamos a viver de pires na mão e a depender do humor do governador na hora de determinar os valores de orçamento para a Universidade, ano após ano”, denuncia o presidente da Aduems, Wilson Brum Trindade Junior. Em 2011, o governo repassou para a universidade pouco mais de 60% do orçamento aprovado pelo Couni, que tinha feito uma previsão de gastos de R$ 116 milhões e só recebeu R$ 70 milhões.

Se os recursos diminuíram em relação ao orçamento global do Estado, a Uems cresceu de forma contínua nos últimos anos. Em 2006 eram 36 cursos e agora são 54 cursos de graduação e seis de mestrado. A universidade possui hoje 191 doutores.

A Uems também desempenha um importante papel social no Estado, já que 85% dos estudantes são egressos de escolas públicas e a universidade adota cotas para negros e índios.

Mobilização

A categoria tem se mobilizado para barrar o sucateamento da Uems. “Estamos em estado de mobilização permanente, realizando assembleias semanais. Só dessa forma teremos uma resposta do governo”, argumenta a vice-presidente da Aduems, Roseli Rocha. Os docentes reivindicam um índice de reajuste salarial maior do que o concedido este ano (6%), a aprovação de um novo Plano de Cargos e Carreira (PCC) e o retorno da autonomia financeira da Universidade.

“Desde que assumimos a atual gestão, no começo deste ano, estamos pedindo uma audiência com o governador e ele não nos atende. Se ele tivesse atendido alguma das nossas reivindicações, a pauta seria menor. Agora, estamos com uma pauta maior”, afirma o presidente da Aduems, Wilson Brum.

Como parte da mobilização da categoria será realizada na próxima quarta-feira (3/10), às 13h30, na Assembleia Legislativa do Mato Grosso
do Sul, no plenário Júlio Maia, uma audiência pública sobre o tema “Função Social da Uems”, que debaterá a questão do financiamento e autonomia da universidade.

Precarização

O estrangulamento financeiro provocou o sucateamento da Universidade. De acordo com a Aduems, o laboratório de informática está há mais de seis anos sem receber novos computadores e os softwares dos cursos estão defasados. Em 2007, a biblioteca contava com 19.009 títulos e em 2011 eram apenas 20.848, um aumento insignificante diante dos novos cursos criados. No curso de enfermagem, o cadáver usado para estudo é o mesmo há dez anos.

“Épara evitar situações como essas que defendemos um orçamento melhor para a Uems, para que de fato ela volte a crescer e a desenvolver junto com o Estado e principalmente, que os professores possam ser valorizados e os alunos tenham uma universidade de qualidade e gratuita, como todos sonhamos”, defende Wilson Brum.

 

 

Fonte: ANDES-SN

 


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