Juiz nega reintegração de posse a fazendeiros que ameaçam acampamento
do MST em Curionópolis
Jonas da
Conceição Silva extinguiu o processo e sentenciou como improcedente o
pedido da "proprietária" por ela estar ocupando ilegalmente terra
pública; há 15 dias, fazendeiros de Parauapebas e Curionópolis cercam
o acampamento e ameaçam expulsar as famílias de forma violenta
Em sentença
publicada no final da semana, o juiz da vara agrária de Marabá, Jonas
da Conceição Silva, indeferiu o pedido de reintegração de posse da
área denominada Fazendinha, cuja propriedade era requerida pela
pecuarista Kênia de Freitas Barreto. O juiz extinguiu o processo com
julgamento do mérito da causa e sentenciou como improcedente o pedido
da autora. Para o juiz, a autora estava ocupando ilegalmente terra
pública e não preenchia os requisitos para regularizar o imóvel em seu
nome.
A área
encontra-se parcialmente ocupada, há dois anos, por 280 famílias sem
terra ligadas ao MST. O acampamento “Frei Henri” (em homenagem ao
padre e advogado dominicano que trabalha na CPT do sul do Pará) está
localizado no município de Curionópolis, próximo da cidade de
Parauapebas.
Há 15 dias, os
fazendeiros de Parauapebas e Curionópolis cercam o acampamento e
ameaçam expulsar as famílias de forma violenta. Os fazendeiros, usando
tratores, cavaram trincheiras a uma distância de 500 metros do
acampamento de onde lançam holofotes nos barracos das famílias e
soltam fortes bombas durante todas as noites. Muitos tiros de armas de
fogo também são disparados. A ofensiva dos fazendeiros tem como
objetivo não permitir que as famílias possam dormir e, aterrorizadas,
abandonem o acampamento. Com isso, facilitaria a ação do grupo para
expulsar à força os que ainda resistirem.
A violência dos
fazendeiros e pistoleiros contra as famílias tem sido denunciada a
todos os órgãos competentes, mas, não há informações se a polícia
sequer instaurou inquérito para apurar os fatos.
Mesmo enfrentando
uma situação de terror permanente, as famílias têm resistido e
permanecido no local. A preocupação é que os fazendeiros decidam
invadir o acampamento - o que poderia resultar em uma tragédia com
muitos mortos e feridos.
A decisão do juiz
traz segurança jurídica para as famílias. É uma vitória importante. No
entanto, caberá ao INCRA, ingressar imediatamente, com uma ação de
reintegração de posse perante à Justiça Federal, retirar os
fazendeiros que ocupam ilegalmente a área e destiná-la para o
assentamento das famílias acampadas. Enquanto isso, o MST continuará
resistindo a qualquer tentativa de expulsão ilegal por parte dos
latifundiários.
Fonte: Brasil de
Fato, [do MST e da CPT, de Marabá], 22/10/12.