Hollande é eleito e França volta a ter um presidente do partido
socialista após 17 anos
“Serei o
presidente de todos”, disse Hollande em discurso da vitória
A contagem de
votos continua, mas já é possível afirmar que François Hollande, do PS
(Partido Socialista), é o novo presidente da França. Segundo o
Ministério do Interior, o socialista tem com 51,67% dos votos frente a
48,3% de Nicolas Sarkozy, candidato à reeleição. O índice de abstenção
no segundo turno do pleito atingiu 18,97%, acrescentou o Ministério.
Logo após o
fechamento dos colégios eleitorais, às 15h no horário de Brasília, as
pesquisas de boca de urna já apontavam a vitória de Hollande. Logo
após, Sarkozy discursou para anunciar que reconhecia a vitória do
oponente e lhe desejar boa sorte.
“É uma escolha
democrática, republicana. François Hollande é o presidente da França e
merece respeito”, afirmou Sarkozy diante de uma plateia de
simpatizantes que não aceitava sua derrota.
Menos de uma hora
depois, foi a vez de Hollande reconhecer sua vitória em discurso para
partidários e simpatizantes. Ciente da importância de sua conquista, o
socialista afirmou que tem certeza de que é “capaz de trazer a
esperança de volta”.
“Confio na
França. Eu a conheço bem e vi todas as possibilidades que nossa nação
oferece. Nós sempre conseguimos superar esses obstáculos. Os valores
da República são instrumentos necessários para alcançar nossos
objetivos”, afirmou Hollande. Em resposta às propostas de Sarkozy
contra os imigrantes que vivem no país, ressaltou que irá governar
para todos os franceses.
“Todos na França,
dentro da República, serão tratados de forma única”, completou o
presidente, que já citou seus principais objetivos nestes próximos
cinco anos de mandato.
“Precisamos
preservar os valores sociais. A prioridade é a educação, que estará no
coração do meu empenho”, afirmou. Hollande toma posse no próximo dia
14 e, em seguida, serão realizadas as eleições legislativas dos dias
10 e 17 de junho.
Durante seu
discurso, o socialista cumprimentou formalmente Sarkozy por conta dos
cinco anos em que esteve no comando da França. Nesse momento, o
público presente vaiou, mas a crítica foi direcionada ao oponente de
Hollande.
Sua vitória marca
o retorno dos socialistas ao poder depois de 17 anos. O último
presidente a representar o Partido Socialista foi François Mitterand,
que governou entre 1981 e 1995.
Ele mencionou
brevemente que irá transmitir suas ideias de medidas para impulsionar
o crescimento aos demais países europeus (em especial a Alemanha) “o
mais rápido possível”.
Ao comentar a
situação da Europa, Hollande afirmou que a austeridade não pode ser
encarada como um caminho sem volta para o continente. “Na hora em que
o resultado foi anunciado, tive a certeza que em diversos países
europeus houve um sentimento de alívio e de esperança, de que, por
fim, a austeridade não deve ser mais uma fatalidade”, disse.
Cumprimentos
Logo após a
confirmação da vitória de Hollande frente a Sarkozy, os líderes de
outros países europeus mandaram seus cumprimentos ao novo presidente
francês. O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, ligou para
o socialista e afirmou que deseja trabalhar junto ao francês para
consolidar a “relação próxima” que existe entre ambos os países.
O chefe do
governo espanhol, Mariano Rajoy, também felicitou Hollande pela
conquista e, assim como Cameron, ressaltou a possibilidade de
desenvolver uma relação bilateral “frutífera”.
A chanceler alemã
Angela Merkel, aliada declarada de Sarkozy, ligou para o socialista e
também o parabenizou. Merkel afirmou que deseja manter uma boa relação
com Hollande e que, juntos, poderão encontrar uma forma de compromisso
entre a via do pacto fiscal e do crescimento econômico da União
Europeia.
Festa das ruas
Desde o início da
tarde, os simpatizantes de Hollande foram em direção à simbólica Praça
da Bastilha em Paris para comemorar a vitória do socialista. Conforme
os números foram divulgados, a festa cresceu em público e animação.
O local também
foi usado por Miterrand para celebrar sua vitória em 1981. A festa
deve se estender pela madrugada e espera-se que Hollande, mais tarde,
compareça à comemoração.
Fonte: Brasil de
Fato, [do Opera Mundi], 7/5/12.