Grevistas da Uerj são recebidos por comissão, mas negociações não
avançam
Após realizarem
uma manifestação em frente à reitoria, docentes da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro, acompanhados de técnico-administrativos e
de estudantes, conseguiram reunir-se na última quinta-feira (5) com
vários sub-reitores. Na ocasião, foi firmado um acordo de 17 itens,
iniciando o processo de negociação interna da pauta de reivindicação
dos três segmentos. Na ocasião, foi firmado um compromisso que a
reitoria indicaria nesta segunda-feira (9) os nomes dos servidores do
processo de negociação.
Como pela manhã a
relação dos negociadores não foi divulgada, docentes,
técnico-administrativos e estudantes voltaram a fazer nova
manifestação em frente à reitoria. No início da tarde, a lista foi
divulgada, mas a comunidade acadêmica ficou decepcionada, pois
peças-chave nesse processo, como o reitor e sub-reitores não farão
parte da comissão de negociação. “Não tem ninguém nem do primeiro, nem
do segundo escalão da reitoria, o que significa que essa comissão não
tem poder de negociação”, afirmou o presidente da Associação dos
Docentes da Uerj, Guilherme Mota.
Para Mota, o
governo está usando a estratégia levar o movimento para o esgotamento.
“Assim como tem feito o governo federal, o governador tem prolongado o
processo de negociação, como forma de enfraquecer a nossa mobilização,
mas a greve continua forte e unificada”, adianta. A paralisação dos
professores começou no dia 30 de maio e, logo em seguida, os
técnico-administrativos somaram forças.
Outra estratégia
governista e ficar jogando as responsabilidades para a reitoria. “A
Secretaria de Planejamento diz que devemos negociar com a reitoria da
Uerj e esta diz que pode fazer muito pouco. É um jogo de empurra com o
único objetivo de postergar as negociações e tentar nos vencer pelo
cansaço. Mas resistiremos”, diz Mota.
Acordo
O acordo assinado
na quinta-feira (17) foi fechado após cinco horas de reunião. No
segundo item, a reitoria reitera seu compromisso com a garantia do
exercício do direito de greve e afasta qualquer possibilidade de
retaliação a servidores ou estudantes em greve, em especial o não
preenchimento do Registro Final de Notas.
No item seguinte,
“a SR1 (Sub-reitoria de Graduação) se compromete a não realizar o
processamento das notas antes da sessão do Csepe". Foi firmado ainda o
compromisso de que a reitoria não apresentará à Seplag outra proposta
de índice para a Dedicação Exclusiva diferente da aprovada pelos
Conselhos Superiores e que não negociará o fato de ser regime de
trabalho e de abranger todas as categorias, por opção de todos os que
puderem.
Manifestação
A reunião com a
reitoria foi conseguida pela mobilização dos presentes à assembleia
comunitária realizada na tarde de quinta-feira (5/7). Logo no início
da assembleia, que se iniciou às 15h, foi decidida uma ida conjunta à
reitoria para cobrar uma reunião com o reitor, que não recebia o
comando desde o início da greve.
O gupo ocupou o
corredor e determinou que só sairia após o reitor receber uma comissão
do Comando Unificado de Greve. Depois de alguns momentos de tensão, o
vice-reitor, Paulo Roberto Volpato , e as sub-reitoras de Graduação,
Lená Medeiros, e de Extensão e Cultura, Sônia Henriques decidiram
receber a comissão. O reitor Ricardo Vieiralves, mais uma vez, não se
encontrava no campus.
Por volta das
18h, logo após o início da reunião entre o Comando de Greve e a
reitoria, carros de polícia entraram no campus da Uerj. Informados
sobre a chegada da polícia, representantes do Comando interromperam a
reunião condicionando seu reinício à saída da PM e do grupo de
seguranças terceirizados que se encontrava em frente à porta de vidro
da reitoria. A saída da polícia foi negociada pelo assessor do reitor,
professor Márcio Tadeu, que garantiu ao comando da PM tratar-se de uma
mobilização pacífica.
Após um acordo
que, por um lado, restringiu o espaço da ocupação no corredor e, por
outro, substituiu os terceirizados por seguranças efetivos da Uerj, a
negociação foi retomada.
Pedro Ernesto
O Comando de
Greve Unificado da Uerj também está mobilizado para que as instalações
do Hospital Universitário Pedro Ernesto(Hupe), que teve o almoxarifado
incendiado semana passada, sejam imediatamente recuperadas.
Como parte dessa
mobilização, o Comando divulgou uma “Nota de Solidariedade”, em que
reivindica a plena recuperação do Hupe e a aplicação de, no mínimo, 6%
da receita líquida na Uerj, que administra o hospital. O texto também
reafirma a defesa da educação e da saúde públicas.
Na nota (leia
aqui), o Comando explica que o almoxarifado, onde começou o incêndio e
onde se concentravam materiais inflamáveis, estava localizado em duas
alas do hospital, além de ficar próximo dos fundos da cozinha e do
local de abastecimento de oxigênio.
“Assim, elementos
altamente explosivos (gás e oxigênio) poderiam levar a uma situação
ainda mais grave. Felizmente não ocorreu, pois, certamente, a tragédia
teria sido maior. Segundo os bombeiros, as condições precárias das
instalações dificultaram um controle mais rápido das chamas. Foi
visível a necessidade de maior treinamento das equipes e da formação
de brigadas de incêndio, especialmente por se tratar de um hospital de
grande porte”, denuncia a nota.
Para o Comando, a
situação mostra que, se por um lado, “acidentes acontecem”, por outro,
esses também podem ser evitados, com investimento de verba pública na
universidade. A nota, diz, ainda, que as obras não podem ser de
maquiagem e que é necessária uma melhor projeção dos prédios do Hupe.
Com informações
do blog WWW.comandodegreveunificadouerj.blogspot.com
Fonte: ANDES-SN,
10/7/12.