Greve nas
Instituições Federais de Ensino completa três meses
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A greve nas Instituições
Federais de Ensino (IEF) completa três meses nesta sexta-feira
(17). A paralisação teve início no dia 17 de maio e atinge no
momento 56 universidades federais e quase 90% dos Institutos
Federais.
O movimento foi ampliado com
a greve dos Estudantes e também com o início, em junho, da
paralisação nas bases do Sinasefe e da Fasubra, unificando a luta
dos docentes, estudantes e técnicos administrativos pela Educação
Pública de qualidade. Hoje o movimento grevista representa a maior
paralisação no Setor da Educação Federal nos últimos dez anos,
demonstrando o descontentamento em relação às condições de
trabalho, ensino, permanência e denunciando a precariedade nas
IFE.
Apesar das investidas do
governo federal buscando enfraquecer e dividir as categorias, a
mobilização segue forte, em resposta ao autoritarismo do governo
federal em tentar empurrar aos docentes um acordo firmado com uma
entidade que não representa a categoria. |
“O momento é duro. O governo
suspendeu unilateralmente as negociações com a categoria, firmando um
simulacro de acordo, que não atende as nossas reivindicações e os
motivos que nos levaram à greve. Insistimos pela reabertura de
negociações e já apresentamos nas reuniões os principais pontos da
carreira que queremos discutir, inclusive alguns que não acarretam em
impacto no orçamento”, diz Marinalva Oliveira, presidente do ANDES-SN.
Pela reabertura de negociação
Nas duas últimas semanas, os
Comandos Nacional e Locais de Greve do ANDES-SN realizaram diversas
ações com o intuito de pressionar o governo a reabrir negociação com a
categoria.
Nos estados, além de passeatas,
panfletagem, aulas públicas, ato-shows, os docentes buscaram os
deputados e senadores em seus estados, solicitando que os mesmos
intervenham junto aos Ministros Aloizio Mercadante (MEC) e Miriam
Belchior (Planejamento) pela retomada do diálogo com a categoria. Os
reitores também foram procurados nas Universidades e Institutos para
que exerçam pressão junto ao Ministério da Educação.
Em Brasília, o CNG do ANDES-SN
enviou ofício aos ministros solicitando audiência para a retomada de
negociação. A pedido dos docentes foram realizadas reuniões com a
Associação dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior
(Andifes), com o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) e com o
Conselho Nacional dos Dirigentes das Escolas de Educação Básica
(Condicap), na qual foi solicitada a interveniência das entidades
junto ao MEC.
Também aconteceu, por solicitação
do CNG do ANDES-SN, uma
audiência com os senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Eduardo
Suplicy (PT-SP) e Cristovam Buarque (PDT-DF). Durante a reunião
com mais de 80 docentes, eles se comprometeram a cobrar do governo
federal a reabertura de negociações com os docentes federais em greve.
Os parlamentares irão ainda
articular o participação de outros senadores e também solicitar uma
reunião tanto com o MEC quanto com o Planejamento, para cobrar uma
solução para o impasse. Um novo encontro deve acontecer na próxima
semana, com a presença de deputados federais, para ampliar a comissão
e o apoio parlamentar aos professores em greve.
Na quinta-feira (16), às vésperas
de completar três meses em greve, os docentes foram ao Palácio do
Planalto entregar uma carta à presidente Dilma Rousseff, na qual
cobram da chefe de estado interveniência pela reabertura imediata de
negociações. No documento, recordam que, durante sua campanha
eleitoral, a presidente ressaltou que não “se pode estabelecer com o
professor uma relação de atrito quando esse pede melhores salários,
recebê-lo com cassetete ou interromper o diálogo”. Leia
aqui a Carta à Presidente Dilma Rousseff.
Nesse mesmo dia, em um ato
simbólico, os professores fizeram o enterro e ressurreição da educação
pública, com cortejo fúnebre que partiu do MEC e seguiu até o
Congresso Nacional. Confira
aqui as fotos.
O que os docentes querem
Além de melhoria nas condições de
trabalho e ensino nas instituições, com atendimento das pautas locais,
os docentes federais reivindicam uma carreira única, mais simples, com
13 níveis e steps definidos, com valorização da titulação e do regime
de trabalho, em especial a Dedicação Exclusiva, incorporação das
gratificações e paridade entre ativos e aposentados. Veja
aqui o plano de carreira proposto pelo ANDES-SN, aprovado por
unanimidade no 30º Congresso do Sindicato Nacional.
“O governo trabalha com uma
lógica diferente da nossa, com uma proposta que cria diferenciações
internas na categoria, entre ativos e aposentados e entre docentes que
exercem a mesma função em instituições diferentes. Inclusive com a
desconstrução da lógica da dedicação exclusiva”, aponta Marinalva
Oliveira.
Durante os trabalhos do GT
Carreira, foram identificados pontos de divergência e convergência
entre as propostas do ANDES-SN, do governo e das outras entidades do
setor da educação.
Até o momento identificamos seis
pontos de divergências muito agudos, mas que consideramos ser possível
superá-los desde que a gente efetivamente negocie. Nós acreditamos que
o conflito é possível de ser resolvido”, disse a presidente do
Sindicato Nacional, ressaltando que os docentes sempre estiveram
disponíveis à negociação.
Fonte:
ANDES-SN, 17/8/12.