Greve dos professores federais completa um mês neste domingo (17)
Considerado um
dos mais fortes movimentos da categoria nos últimos anos, a greve dos
professores federais completa um mês neste domingo (17). A paralisação
já conta com a adesão de 54 Instituições Federais de Ensino (IFE), que
comunicaram oficialmente sua greve ao Comando Nacional da Greve dos
Docentes das IFE (CNG) do ANDES-SN. (Veja
lista
aqui). O movimento segue crescente,
ganhando força também com a greve dos estudantes, dos
técnico-administrativos das universidades - organizados na Fasubra - e
dos servidores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica - base
do Sinasefe.
A deflagração de
greve por parte de todos os setores da educação aponta o
descontentamento em relação às condições de trabalho, ensino,
permanência e denuncia a precariedade nas IFE.
Mobilizações
Desde o início da
greve, em 17 de maio, os docentes têm realizados diversas
manifestações em todo o país. Passeatas, carreatas, aulas públicas
denunciam à sociedade o descaso do governo federal com a educação e
explicam à população os motivos da paralisação.
No último dia 5,
os professores se uniram aos demais servidores públicos federais em
uma marcha na Esplanada dos Ministérios em Brasília, que contou com a
participação de mais de 15 mil trabalhadores.
As entidades dos
setores da educação também devem marcar presença na Rio+20, onde
distribuirão um
manifesto à população (também traduzido em inglês, francês e
espanhol) e na Cúpula dos Povos, com uma tenda montada pela regional
RJ do ANDES-SN e uma grande coluna no Ato Público do evento, junto aos
demais servidores públicos federais.
Negociações
No último dia 12,
diretores do ANDES-SN e membros do CNG se reuniram com representantes
do governo e de demais setores da educação para a primeira reunião
sobre a carreira docente desde a deflagração da greve.
A dificuldade em
avançar, segundo Marina Barbosa, presidente do ANDES-SN, está na
ausência de flexibilidade do governo em negociar efetivamente com a
categoria. “Não há acordo, porque até o momento não há proposta. Só é
possível discutir o futuro do movimento, a partir do momento em que o
governo apresentar uma proposta concreta para ser avaliada”, disse
Marina lembra que
os docentes estão em negociação com o governo desde agosto de 2010 e
que na reunião realizada em maio de 15 deste ano, quando finalmente os
representantes do governo colocaram uma proposta efetiva de
reestruturação da carreira, ela trazia os mesmos parâmetros e
elementos da apresentada em dezembro de 2010.
“Eles pediram
então 15 dias para reformular e trazer uma proposta na reunião
prevista, naquele momento, em 28 de maio. Unilateralmente, eles
suspenderam esta reunião e nos chamaram para esse encontro no dia 12,
ou seja, 28 dias depois, pedindo que o movimento fizesse uma trégua,
suspendesse a greve e terminasse o semestre. E, assim, em 20 dias eles
apresentariam uma proposta”, conta a presidente do ANDES-SN.
Segundo ela, não
é era possível dar essa trégua ao governo. “Até porque na prática, o
que o movimento fez, de dezembro de 2010 até agora, foi dar tempo. Nós
inclusive assinamos um acordo emergencial no ano passado, em agosto de
2011, com prazo para 31 de março de 2012, que não foi cumprido pelo
governo”, lembra.
Após a negativa
do movimento grevista em suspender a paralisação, os representantes do
governo se comprometeram, novamente, em trazer uma proposta de
reformulação da carreira docente para o movimento avaliar, em reunião
agendada para a manhã do dia 19.
O que os docentes
querem?
Além de melhoria
nas condições de trabalho e ensino nas instituições, com atendimento
das pautas locais, os docentes federais reivindicam uma carreira
única, mais simples, com 13 níveis e steps definidos, com valorização
da titulação e do regime de trabalho, em especial a Dedicação
Exclusiva, incorporação das gratificações e paridade entre ativos e
aposentados. Veja
aqui o plano de carreira proposto pelo ANDES-SN, aprovado por
unanimidade no 30º Congresso do Sindicato Nacional.
“O governo
trabalha com uma lógica diferente da nossa, com uma proposta que cria
diferenciações internas na categoria, entre ativos e aposentados e
entre docentes que exercem a mesma função em instituições diferentes.
Inclusive com a desconstrução da lógica da dedicação exclusiva”,
aponta Marina.
Durante os
trabalhos do GT Carreira, foram identificados pontos de divergência e
convergência entre as propostas do ANDES-SN, do governo e das outras
entidades do setor da educação.
“Até o momento
identificamos seis pontos de divergências muito agudos, mas que
consideramos ser possível superá-los desde que a gente efetivamente
negocie. Nós acreditamos que o conflito é possível de ser resolvido”,
disse a presidente do Sindicato Nacional, ressaltando que os docentes
sempre estiveram disponíveis à negociação. Conheça
aqui os pontos de divergência nas propostas.
Fonte: ANDES-SN,
15/6/12.