Greve completa 15 dias e professores federais intensificam mobilização
A greve dos
professores das Instituições Federais de Ensino completa 15 dias nesta
sexta-feira, 1/6. Desde a deflagração da paralisação nacional por
tempo indeterminado em 17 de maio, docentes de 48 instituições já
suspenderam as atividades (veja
a lista).
O movimento é
considerado pelo Comando Nacional de Greve (CNG) do ANDES-SN um dos
mais fortes já ocorridos nas Ifes. A expectativa agora é intensificar
as ações de mobilização para pressionar o governo a abrir negociação
com a categoria. O governo suspendeu, sem justificativas, a reunião
com o ANDES-SN e demais entidades do setor da educação, agendada para
o dia 28 de maio.
“A palavra de
ordem do nosso movimento agora, mais do que nunca, é negociação.
Queremos o agendamento de reuniões com interlocutores credenciados,
com urgência, para buscarmos uma solução positiva ao impasse
estabelecido o mais rapidamente possível”, disse Luiz Henrique Schuch,
1º vice-presidente do ANDES-SN e representante do CNG.
Mobilização
Os Comandos
Locais de Greve (CLG) têm organizado diversas manifestações, com
carreatas, passeatas, panfletagens e aulas públicas para divulgar os
motivos da greve dos professores federais e pressionar o governo a
abrir negociação.
Em Brasília, o
Comando Nacional de Greve tem feito visitas diárias ao Congresso
Nacional para sensibilizar deputados e senadores às reivindicações dos
professores e também solicitar a interveniência destes junto ao
governo. Kits contendo a pauta de reivindicação dos docentes, o
projeto de carreira defendido pelo ANDES-SN e materiais e boletins
informativos sobre a greve foram distribuídos nas Comissões
permanentes.
Na próxima
terça-feira (5/6), os professores em greve participam de uma grande
marcha organizada pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores
Públicos Federais (SPF) em Brasília. Caravanas de todo o paísirão
participar do ato, que deve ao menos 20 mil trabalhadores na Esplanada
dos Ministérios. Após a manifestação, o Fórum dos SPF fará uma
plenária ampliada, às 15h, na Esplanada, para votar a greve geral do
funcionalismo federal a partir de 11 de junho.
Saiba mais:
Apoio
Com toda essa
mobilização, a greve dos docentes federais vem recebendo forte apoio
da comunidade acadêmica e demais setores da sociedade. Vários
parlamentares se solidarizaram com o movimento e garantiram
interlocução junto ao governo cobrando abertura imediata as
negociações.
Estudantes de ao
menos 19 universidades já deflagraram greve em solidariedade ao
movimento dos professores inseridos na luta por melhores condições de
trabalho, ensino e permanência. Técnico-administrativos de várias
universidades públicas, reitores, conselhos universitários, direções
de cursos e faculdades de diversas instituições também já manifestaram
apoio à paralisação.
Todos os dias, os
Comandos Nacional e Locais de Greve recebem moções de apoio e
solidariedade à greve. A luta dos professores federais já ganhou
repercussão internacional e começa inclusive a receber manifestações
positivas vindas de movimentos sindicais e de entidades do setor da
educação de países como Peru, França e Estados Unidos.
Veja aqui:
Reivindicações
Os professores
reivindicam um plano de carreira bem estruturado, que incentive os
docentes a dedicarem sua vida profissional à instituição – condição
necessária para a construção contínua de conhecimento e
desenvolvimento da pesquisa. “O conceito de carreira que
reivindicamos tem relação direta com um projeto acadêmico de longo
prazo, essencial para termos uma Universidade Pública de qualidade”,
ressaltou Schuch.
O diretor do
ANDES-SN destaca que é fundamental que os professores sejam
valorizados também financeiramente. “O que vemos hoje é os novos
ingressantes estudando para entrar em concursos de outras carreiras,
inclusive no serviço público, que são melhores remuneradas e não
exigem titulação”, observou.
Outro ponto
fundamental para a busca da qualidade no ensino oferecido nas
instituições federais é a condição de trabalho às quais estão
submetidos os professores, principalmente nos campi em consequência da
expansão via Reuni, o que tem modificado para pior o padrão
educacional.
“É inadmissível
pensar em qualidade quando temos salas de aulas superlotadas,
professores ensinando em contêineres, falta de laboratórios e
bibliotecas, professores trabalhando com contratos precários. É um
retrocesso inchar o sistema federal degradando seu o papel de
referência no padrão de qualidade de ensino, pesquisa e extensão,
destaca Schuch.
Fonte: ANDES-SN,
1/5/12.