Governo reapresenta proposta e mantém a desestruturação da carreira
Em uma reunião
que durou mais de cinco horas, representantes do governo apresentaram
na tarde desta terça-feira (24) algumas modificações pontuais na
proposta anterior e ajustes internos nas tabelas de vencimento básico
e retribuição por titulação da remuneração dos docentes das
instituições federais de ensino, todas expressas em valores nominais.
O secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, iniciou a
reunião afirmando que, na essência, a proposta não apresentada
diferenças da anterior.
“Ou seja, mantém
a carreira desestruturada”, resume a presidente do ANDES-SN, Marinalva
Oliveira. Essa nova versão da proposta do governo será avaliada pela
categoria em assembleias gerais marcadas para os próximos dias.
O que o governo
fez foi aumentar os recursos disponíveis, de R$ 3,9 bilhões para R$
4,2 bilhões em três anos e, com isso, promoveu alguns ajustes na
tabela, atendendo, principalmente, os docentes com mestrado, que
teriam as perdas maiores na proposta anterior.
Para o ANDES-SN,
a categoria, ao rejeitar unanimemente nas assembleias a primeira
proposta do governo, o fez por três motivos: por discordar da
desestruturação da carreira, por entender que ela traria perdas
salariais quando considerada a inflação entre 2010 e 2015 e por
entender que a proposta feria a autonomia universitária, ao impor
barreiras no desenvolvimento da carreira incompatíveis com a atividade
acadêmica.
“Desses três
pontos, podemos dizer que o governo faz um aceno na questão das
barreiras, mas, mesmo assim, remete para uma discussão em grupos de
trabalho e nós sabemos que esses GTs não têm credibilidade. Dois
exemplos são o GT criado em 2008, que nunca funcionou, e o GT
carreira, criado em agosto do ano passado que não foi concluído e
cujas discussões o governo não levou em conta ao elaborar a atual
proposta”, avalia o 1º vice-presidente do ANDES-SN, Luiz Henrique
Schuch.
“A
desestruturação continua, sem nenhuma relação lógica na evolução entre
os níveis e as classes, os regimes de trabalhos e as titulações,
desconstituindo direitos, e para a maioria dos docentes as alterações
salariais são apenas nominais, pois não acompanham sequer a inflação”,
afirma Schuch.
Ele argumenta de
que, ao contrário do que anuncia o governo, não há uma valorização da
titulação, na medida em que essa gratificação não será incorporada ao
salário e, portanto, não será constitutiva de direitos.
Durante todo o
período da reunião – que começou pouco depois das 15h e terminou às
21h, incluindo um intervalo de meia hora para que as entidades
analisassem a proposta
̶
o clima foi de bastante tensionamento, inclusive para a definição da
próxima data em que se dará a continuidade das negociações. Nesse
espaço de cinco horas, um grupo de participantes dos comandos
nacionais de greve do ANDES-SN, Sinasefe e dos estudantes esteve em
vigília em frente ao prédio do Ministério do Planejamento. No final da
reunião, os diretores deram informes do que aconteceu e a reação entre
os presentes foi de indignação como o que foi apresentado.
Além de Sérgio
Mendonça, também representaram o governo na reunião, o secretário de
Educação Superior, Amaro Lins, o secretário de Educação Técnica e
Tecnológica, Marco Antônio Oliveira, entre outros técnicos. Os
docentes estavam representantes pelo ANDES-SN, Sinasefe e
representantes de seus respectivos Comandos Nacionais de Greve, além
do Proifes.
Ficou agendado
que na próxima quarta-feira dia 1º de agosto, as 21h, haverá nova
reunião para que as entidades possam trazer posicionamentos a partir
da manifestação da categoria.
Fonte: ANDES-SN,
25/7/12.