Governo nega inflação aos servidores, mas remunera rentistas acima do
IGP
Enquanto o
governo se nega a conceder, pelo menos, a reposição inflacionária para
os servidores, o pagamento do serviço da dívida pública é atualizado
mensalmente pelo IGP. A observação foi feita pela economista Maria
Lúcia Fattorelli, integrante da Auditoria Cidadã da Dívida, no artigo
“Não ao terrorismo contra os servidores”. “O ‘mercado’ não precisa
fazer greve e além da atualização privilegiada pelo IGP mensal, ainda
é remunerado acima disso, pelos juros reais mais elevados do mundo”,
denuncia.
Enquanto isso, os
salários dos servidores ficaram congelados durante anos, e vêm obtendo
ultimamente reajustes esporádicos que sequer repuseram a inflação
medida pelo IPCA. No texto, Maria Lucia argumenta que a participação
dos gastos com pessoal vem caindo de maneira expressiva em relação à
Receita Corrente Líquida (RCL) do governo federal: em 1995, o governo
gastava 56,2% da RCL com pessoa, em 2011 destinou apenas 32,1%.
Para a
economista, as reivindicações dos servidores são plenamente
exeqüíveis, pois representam uma pauta mínima, que sequer repõe as
perdas históricas observadas a partir do Plano Real. “Enquanto o
governo e a imprensa fazem um verdadeiro terrorismo diante da hipótese
de gastar R$ 279,8 bilhões em 2010 com toda a folha de trabalhadores
de todos os órgãos federais ativos, aposentados e pensionistas, nada
se fala do gasto com a dívida pública, superior a R$ 2,1 bilhões por
dia”, argumenta.
Maria Lúcia
também contabiliza que nos primeiros quatro meses de 2012, o governo
federal gastou com o pagamento de pessoal R$ 59,4 bilhões. Este valor
foi apenas 2% maior que os R$ 58,3 bilhões gastos no mesmo período do
ano passado. O que, para ela, comprova o congelamento dos salários dos
servidores, que no ano passado não tiveram sequer a reposição da
inflação, pois os 2% correspondem apenas a progressões automáticas de
carreira e poucas contratações.
“Na prática, os
servidores estão perdendo seu poder de compra frente à inflação. Isto
significa também que o Projeto de Lei Complementar 549/2009 – que
congela o salário dos servidores por 10 anos – já está sendo
implementado na prática, e de forma ainda mais perversa”, denuncia.
Ela diz, ainda,
que no mesmo período, os gastos com juros e amortizações da dívida
pública federal subiram 40%, de R$ 263,9 bilhões nos quatro primeiros
meses de 2011 para R$ 369,2 bilhões no mesmo período de 2012. Este
valor corresponde a seis vezes mais que todos os gastos com pessoal,
ativos, aposentados e pensionistas, de todas as carreiras de
servidores federais, de todos os poderes.
Fonte: ANDES-SN,
6/7/12.