Fundos de investimento compram mais faculdades e movimentam R$ 2,4 bi
em 2011
O ano passado foi
movimentado no setor da educação privada. De acordo com matéria
publicada nesta segunda-feira (9) pelo jornal Valor Econômico, em 2011
as fusões e aquisições de instituições de ensino movimentaram, no
mínimo, R$ 2,4 bilhões.
As maiores
operações foram realizadas pela Kroton, que comprou a Universidade do
Norte do Paraná (Unopar) por R$ 1,3 bilhão, e pela Anhanguera, que
comprou a Uniban por R$ 510 milhões. As duas instituições compradoras
têm como principais acionistas fundos de investimento: o fundo
americano Advent, no caso da Kroton e o private equity Pátria
Investimentos, responsável por administrar a Anhanguera Educacional. A
Unopar é líder no segmento de ensino à distância e a Anhanguera é a
maior instituição de ensino privado no país, com 292 mil alunos.
“É a lógica do
capital e das bolsas de valores dominando a educação. O resultado
disso tudo é a baixa qualidade do ensino nessas universidades”,
sintetiza o 2º vice-presidente da Regional São Paulo, Marco Aurélio
Ribeiro, coordenador do setor das Instituições Particulares de Ensino
Superior (Ipes) e professor da Universidade Metodista de Piracicaba
(Unimep).
O diretor do
ANDES-SN defende que o Ministério da Educação (MEC), por meio da
Secretaria de Educação Superior (Sesu), seja mais rigoroso na
fiscalização das universidades particulares. “Do jeito que está, as
instituições sérias, historicamente constituídas, como as
confessionais, que obedecem a determinação do MEC de praticar ensino,
pesquisa e extensão, não terão condições de funcionar e serão
engolidas pelos Fundos de Investimento”, prevê.
“É impossível
oferecer um curso superior com qualidade cobrando mensalidades de R$
300,00. Se nos ensinos fundamental e médio as mensalidades estão em
torno de R$ 900,00, como uma faculdade cobra menos da metade desse
valor para formar um profissional?”, questiona Marco Aurélio.
A resposta é
simples: pagando baixos salários aos docentes e deixando de oferecer,
por exemplo, laboratórios, aulas práticas e estágios supervisionados.
Quando adquire
uma instituição, a primeira providência do Fundo de Investimento é
reduzir as despesas com pessoal. No final do ano passado, a Anhanguera
Educacional demitiu cerca de 680 professores paulistas que trabalhavam
nas faculdades Uniban, UniABC e Senador Fláquer, compradas
recentemente pela rede.
De acordo com
denúncias feitas por professores, a instituição demitiu mestres e
doutores para contratar apenas especialistas, que recebem menos por
hora/aula. Enquanto um mestre ganhava na Uniban R$ 38,00 por
hora/aula, a Anhaguera pagará 26,00 aos novatos.
“Infelizmente,
essa tem sido uma prática recorrente. As faculdades são vendidas e
imediatamente os novos donos trocam os mestres e doutores por
especialistas”, constata Marco Aurélio. Esse fenômeno foi detectado no
levantamento feito recentemente pela subseção do Dieese/ANDES-SN, que
avaliou as condições do trabalho docente e a evolução dos salários nas
Ipes entre 2008 e 2010. “Constatamos que o salário do docente está
caindo, e ele está trabalhando cada vez mais”, afirmou o diretor do
ANDES-SN.
Fonte: ANDES-SN,
9/1/12.