Fernando Morais versus Yoani
De Porto Alegre,
onde participou do Fórum Social Temático, Morais foi taxativo: “Não
mexerei um palito pela blogueira cubana”
Conhecido
defensor de Cuba e um dos jornalistas mais renomados do Brasil, autor
do clássico A Ilha e do recém-lançado Os últimos soldados da guerra
fria, Fernando Morais não se curva diante do endeusamento midiático da
dissidente Yoani Sánchez. De Porto Alegre, onde participou do Fórum
Social Temático, ele foi taxativo: “Não mexerei um palito pela
blogueira cubana”.
O motivo é
simples. Para ele, toda a campanha midiática em defesa de Yoani
Sánchez e as críticas à revolução cubana “só ajudam o inimigo” – os
Estados Unidos, que mantêm um criminoso bloqueio à ilha. “Sou defensor
da liberdade de expressão. Mas, em primeiro lugar, defendo o direito
de 11 milhões de cubanos que estão sendo espezinhados pelos
americanos”.
Fernando Morais
participou de um debate no dia 27 de janeiro sobre o seu novo livro,
Os últimos soldados da guerra fria, que trata da prisão e condenação
nos EUA dos cinco cubanos que investigavam as ações terroristas da
máfia de Miami. Ele conhece a fundo as provocações patrocinadas e
financiadas pelo império contra a revolução cubana e não se ilude com
o alarde midiático.
“Já perdi a
inocência com os Estados Unidos. Na política externa, não faz a menor
diferença se é democrata ou republicano. Quem meteu os americanos nas
piores aventuras externas foram os democratas”, argumentou. Para ele,
o governo Obama “não mudou absolutamente nada” nas relações com Cuba e
mantém o bloqueio, as provocações e os subsídios à conspiração na
ilha.
“Em nome das
minhas convicções, não posso apoiar uma moça que vem dedicando sua
vida a combater a revolução. Eu não vou mexer um palito para que essa
moça venha ao Brasil”, concluiu. Fernando Morais reconhece que há
erros e limitações em Cuba, mas afirma que isto não justifica as
tentativas do império para derrubar o regime cubano, ferindo sua
soberania e independência.
Artigo
originalmente publicado na edição impressa 466 do Brasil de Fato.
Fonte: Brasil de
Fato, Altamiro Borges, 7/2/12.