Família vê sumiço de jornalista como sequestro político
Amigos e
familiares pedem que o Gaeco e a unidade especial Tigre, grupo de
elite da Polícia Civil, assumam as investigações e confiram o caráter
político ao desaparecimento de Anderson Leandro
Depois de quatro
dias de buscas intensas, amigos e familiares do jornalista Anderson
Leandro enviaram nesta segunda-feira (15) correspondências por meio de
seus advogados e de entidades dos movimentos populares de Curitiba
(PR) ao governador do estado, Beto Richa, e ao Procurador-Geral do
Ministério Público do Paraná, doutor Gilberto Gyacoia, pedindo que o
caso seja considerado pelas autoridades policiais como sequestro por
motivação política. Também solicitaram que o Grupo de Atuação Especial
de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a unidade especial Tigre,
grupo de elite da Polícia Civil, assumam as investigações e confiram o
caráter político ao sumiço dele. Anderson Leandro atua há muitos anos
no movimento popular e, por isso mesmo, é detentor do maior acervo de
imagens políticas e de cenas de conflitos relacionados às pressões dos
movimentos sociais do Paraná.
A Delegacia de
Vigilância e Capturas (DVC) da Polícia Civil adota a linha de
investigação pautada em crime passional e a família de Anderson
Leandro tem receio de que se repita no caso dele a demora e a
consequente perda de pistas que aconteceram em outros episódios
similares, como o do sumiço do engenheiro Renato Brandão, há mais de
um ano. Amigos e familiares de Anderson Leandro pedem urgência nas
investigações e uma atenção que propicie a obtenção de vestígios, como
pistas advindas das imagens de câmeras de vigilância dos edifícios
residenciais e das empresas situados no possível caminho percorrido
pelo jornalista desde que saiu de carro da produtora onde trabalhava.
Ele vestia camisa azul e calça jeans; calçava sapatênis de couro
marrom. O carro que Anderson Leandro dirigia era uma Renault Kangoo,
placa AON 8615.
As circunstâncias
do desaparecimento
Anderson Leandro
da Silva, de 38 anos, saiu da produtora Quem TV, no bairro do
Rebouças, por volta das 12h30 (horário retificado por imagens de
câmeras de CFTV das imediações) da última quarta-feira, dia 10 de
outubro de 2012. Ele avisou ao filho que iria fazer um orçamento de
trabalho na cidade de Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba,
e que voltaria para buscá-lo para levar para casa, como fazia todos os
dias. Eram aproximadamente 20h30 quando o filho comunicou a mãe que
Anderson Leandro não havia retornado. As buscas iniciais começaram por
volta das 2h madrugada da quinta-feira (11) por meio do telefone 190,
sendo que na manhã deste mesmo dia formalizou-se o desaparecimento com
o registro da ocorrência na Delegacia da Vigilância e Capturas de
Curitiba. Após isso, na madrugada de quinta para sexta-feira (12), a
família entrou com pedido de liminar junto ao Plantão Judiciário do
Tribunal de Justiça para que fosse quebrado o sigilo telefônico do
celular e dos telefones fixos (residencial e comercial) do jornalista.
A Justiça acolheu
o pedido de quebra do sigilo telefônico ao meio-dia de sexta-feira, em
pleno feriado. A DVC recebeu o relatório com o número das chamadas
registradas no aparelho, mas a família não tem acesso ao conteúdo
desse documento. Os investigadores informaram apenas que foi detectado
sinal do aparelho às 12h55 do dia do desaparecimento na região de
Campina Grande do Sul. Também foram identificados sinais do celular de
Anderson Leandro nas regiões do bairro Parolin e nas imediações do
Detran. Depois dessa quebra de sigilo, a família não obteve mais
nenhuma informação a respeito das buscas da polícia e mobilizou amigos
e lideranças em esforços próprios.
Fonte: Brasil de
Fato, 15/10/12.