Desafios para 2012 marcam abertura do 31º Congresso do ANDES-SN
Em um
auditório lotado, com mais de 350 participantes, começou na manhã
deste domingo (15), em Manaus, o 31º Congresso Nacional do
ANDES-SN, que se estenderá até o próximo dia 20 e terá como tema
central “Caprichar na educação e garantir direitos dos
trabalhadores”. Todos os participantes da mesa de abertura
ressaltaram a importância do Sindicato Nacional para a construção
de uma educação pública de qualidade e fizeram votos para que, a
partir do debate democrático, a entidade saia fortalecida.
“Os desafios
que a realidade atual nos coloca vão exigir de nós muita
responsabilidade, disciplina e disposição para o debate. Vamos
cumprir o que nos propomos, em respeito à luta que o ANDES-SN tem
feito nos seus 31 anos e ao trabalho realizado no último ano na
defesa de uma educação pública de qualidade”, afirmou a presidente
do Sindicato, Marina Barbosa, ao anunciar a mesa de abertura do
31º Congresso.
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Ao saudar os
participantes do 31º Congresso, o 1º Secretário da Associação dos
Docentes da Universidade Federal do Amazonas – Seção Sindical do
ANDES-SN (Adua), José Alcimar de Oliveira, lembrou da importância do
evento para a região amazônica, “umas das mais contraditórias do
país”. “Mas, pela natureza classista e combativa da nossa entidade, o
fato de estarmos aqui é porque acreditamos na expressão
‘invencibilidade da substância humana’. Sairemos melhor do que
entramos, pois a partir do enfrentamento das nossas contradições
ficaremos mais fortes e com mais inventividade”, previu.
O 31º Congresso
também foi saudado pelo reitor da Universidade Estadual do Amazonas
(UEA), José Ademir de Oliveira, que defendeu um maior debate em
relação ao papel das universidades estaduais. “Também estou aqui em
respeito ao ANDES-SN, esta instituição que prestou e presta relevantes
serviços à educação brasileira”, afirmou.
A luta pela
moradia foi introduzida no 31º Congresso a partir da fala de Júlio
César Ferraz, representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST), de Manaus. Após relatar que na capital amazonense existem 33
áreas de risco e dois acampamentos de sem tetos, ele denunciou a
criminalização dos movimentos sociais e a grilagem de terra em Manaus
e elogiou o ANDES-SN por se incluir nas lutas sociais.
Para Juliana
Melin, representante do Conselho Federal de Serviço Social (CFSS) na
abertura do 31 Congresso, o evento reúne “uma das categorias mais
combativas deste país”. Ela listou as lutas do Conselho que contaram
com a participação do ANDES-SN, como a campanha “Educação não é fast
food – diga não à educação à distância do serviço social”. “O meu
desejo é que este Congresso nos reanime, nos fortaleça e nos dê forças
coletivas para que a gente possa seguir vivos na luta por uma educação
de qualidade e por uma sociedade mais justa”, afirmou.
Já o presidente
do Instituto Mosap, Edson Haubert, lembrou que não existe sindicato
forte sem a integração de ativos, aposentados e pensionistas e
convidou a todos para participarem de lutas comuns, como a aprovação
das Propostas de Emendas à Constituição 270, que restabelece a
paridade e a integralidade e a PEC 55, que acaba com a contribuição
previdenciária sobre aposentadorias e pensões dos servidores públicos.
O representante
do Sinasefe, José de Araújo, elogiou o trabalho realizado pelo
ANDES-SN. “Apesar das diferenças que possamos ter, é preciso dizer que
nenhuma entidade tem um comprometimento tão grande com causas tão
amplas como vocês têm”, afirmou. Ele disse esperar que o ANDES-SN, o
Sinasefe e a Fasubra continuem a atuar juntos para fazer com que o
governo federal valorize os profissionais de ensino e para que seja
aprovado um Plano Nacional de Educação (PNE) realmente voltado para a
melhoria da educação pública.
O protagonismo do
ANDES-SN nas lutas sociais também foi elogiado por Clara Saraiva,
representante da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Anel!). Ela
relatou as mobilizações que estão sendo realizadas em Teresina,
Vitória, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outras cidades brasileiras
contra o aumento das passagens de ônibus, a luta pelos “10% do Produto
Interno Bruto (PIB) para a educação pública, já!” e dos trabalhadores
sem teto. “Sabemos que em todas essas lutas podemos contar com o apoio
do ANDES-SN, que caminha junto conosco”, afirmou.
A fala da líder
estudantil foi seguida pelo coordenador da CSP-Conlutas, José Maria de
Almeida, para quem o 31º Congresso ocorre num momento muito delicado,
em que a crise financeira mundial está impondo a degradação do
trabalho em todo o mundo. “Aqui, na América Latina, a dimensão da
crise é diferenciada, mas a receita é a mesma: redução dos gastos
públicos e dos direitos dos trabalhadores”, afirmou.
José Maria
defendeu que o 31 º Congresso aprove uma moção para que o Brasil
retire as tropas brasileiras do Haiti. “Como podemos gastar milhões
para mantermos o Exército brasileiro lá, apenas para proteger os
interesses das empresas transnacionais que lá estão, e não temos
condições de acolher os haitianos que aqui chegam?”, questionou. Ele
argumentou que se os haitianos estão saindo de sua pátria, é porque a
Força de Reconstrução, comandada pelo Brasil, não está cumprindo sua
função inicial de melhorar as condições de vida no país.
Na previsão do
coordenador da CSP-Conlutas, o governo da presidente Dilma Roussef
endureça mais ainda em relação aos direitos dos trabalhadores. “O
orçamento aprovado para este ano dá uma mostra do que virá: quase R$ 1
trilhão para o pagamento de juros, enquanto não há previsão de
reajuste para os servidores, nem aumento real para os aposentados pelo
Regime Geral da Previdência. Também não há comprometimento do governo
para que sejam destinados 10% do PIB para a educação e 6% para a
saúde”, afirmou.
Diante da
realidade, José Maria afirmou que a central vê três desafios:
desenvolver processos de resistência junto com os movimentos
populares, construir a unidade dos trabalhadores e avançar na
organização da luta de classes.
“Todas essas
questões estarão presentes no 1º Congresso do CSP-Conlutas, no final
de abril, e o ANDES-SN será parceiro fundamental nessa luta”, afirmou
José Maria. No final da sua fala, ele desejou que o 31º Congresso do
ANDES-SN fortaleça a luta dos professores nas universidades, e,
também, de todos os trabalhadores.
Em nome da
comissão organizadora do 31º Congresso, o diretor Francisco Jacob,
falou da importância de o ANDES-SN reunir os docentes das
universidades brasileiras em Manaus. “É importante que a nossa
categoria visite a Amazônia para que tenha dimensão dos conflitos da
nossa região. E o meu desejo é que sejamos caprichosos nas nossas
decisões, para garantirmos um ano de 2012 de muitas lutas e
conquistas”, afirmou.
Na fala de
encerramento da plenária de abertura, Marina Barbosa fez um
agradecimento especial ao presidente da Adua, professor Antonio Neto,
que apesar de ter participado de toda a organização do evento, não
poderá estar presente ao Congresso por um problema de saúde.
Ela também
saudou, especialmente, os representantes dos demais movimentos e
entidades participantes do 31º Congresso, “cuja presença aqui
significa não só o reconhecimento da legitimidade do ANDES-SN, que em
sua terceira década de existência consolidou-se como um sindicato
classista, autônomo e independente, como também, a celebração da nossa
unidade nas lutas do presente”.
Ao finalizar seu
discurso, a presidente do ANDES-SN destacou que o 31º Congresso do
ANDES-SN é parte da construção do fortalecimento da categoria para
enfrentar os desafios impostos. “Debateremos, polemizaremos, votaremos
e teremos um plano para atuar em nossa base na defesa dos interesses
de toda a categoria, fortalecendo a lutas dos trabalhadores e
movimentos populares no Brasil”, previu.
Fonte: ANDES-SN,
16/1/12.