Deputados da CEC se solidarizam com a greve nas Federais e pedem
reunião com MEC
Vários
deputados da Comissão de Educação e Cultura (CEC) da Câmara
Federal declaram solidariedade ao movimento grevista dos
professores federais. O Comando Nacional de Greve (CNG) participou
nesta quarta-feira da audiência da CEC, na qual solicitou a
intervenção dos parlamentares junto ao governo, no sentido de
reabertura das negociações.
Luiz Henrique
Schuch, 1º vice-presidente do ANDES-SN, falou em nome do CNG ao
plenário lotado pelos membros da Comissão de Educação e por uma
comitiva dos docentes em greve e estudantes.
Schuch saudou
os parlamentares ressaltando que este é um momento especial de
desenvolvimento de um sentido crítico e reflexivo desta importante
rede de ensino superior público, que é a Federal. |
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O diretor do
ANDES-SN lembrou o professor Florestan Fernandes, que dá nome à sala
onde aconteceu a reunião e que foi um importante formulador e
batalhador, inclusive na Constituinte, "sobre os grandes preceitos que
regem essa nossa meta de construção das universidades federais. Da
autonomia universitária, da indissociabilidade do ensino, pesquisa e
extensão, da responsabilidade social, do padrão de qualidade, do piso
que valorize o magistério".
"Nós vimos de um
momento recente em que a criação de novos cursos e campi, mas com
grande preocupação neste momento de regredirmos rompendo o compromisso
de buscar padrão de qualidade e degradando o papel de referência das
universidades federais, e é essa a avaliação que o movimento grevista
tem, em relação a sinais recentes de alteração para pior do paradigma
do sistema federal de ensino", observou.
O representante
do CNG relatou aos presentes o processo de debate com o governo acerca
da reestruturação da carreira, iniciado em 2010, e a forma como as
negociações vêm sendo postergadas pelos interlocutores do Ministério
do Planejamento e da Educação, de maneira intransigente.
"A nossa questão
parte do debate sobre reestruturação da carreira, mas também é
salarial", destacou. "O padrão salarial dos docentes das Ifes é muito
abaixo em relação ao de outras categorias, que também têm que ser
valorizadas sim, mas que não exigem o nível de titulação e a
capacitação que é exigido dos docentes federais", explicou.
O CNG entregou um
kit aos parlamentares com uma carta À CEC, um documento que aponta o
retrocesso social contido na Seção XXIV da MP 568, que fixa valores
nominais para os adicionais de Insalubridade e Periculosidade, além da
pauta de reivindicações dos docentes e do projeto de Carreira aprovado
por unanimidade no 30º Congresso do ANDES-SN, em 2011.
Junto aos
documentos, foi distribuída aos deputados exemplares da edição
especial de 30 anos da entidade da revista Universidade & Sociedade,
que traz a história do ANDES-SN e sua participação em vários momentos
importantes de construção da democracia e da universidade brasileira.
Schuch destacou
que entre os registros históricos conta a foto do presidente da CEC,
deputado Newton Lima Jr (PT/SP), presidindo o comando nacional de
greve do ANDES-SN em 1986, ano em que os docentes conquistaram o
PUCCRS.
"Mesmo naquela
época em que ainda vivíamos à sombra do regime militar e que a greve
no serviço público não era considerada legal, éramos recebidos para
negociarmos nossas reivindicações", lembrou.
Ao final de sua
fala, o representante dos professores em greve leu uma carta dirigida
aos deputados CEC, na qual o movimento grevista explica suas
reivindicações e pede apoio aos parlamentares.
"Solicitamos a
interveniência dos senhores deputados, em especial dos que fazem parte
da Comissão de Educação, no sentido de que negociações efetivas se
estabeleçam para que possamos chegar a bom termo no menor prazo
possível", diz o documento.
Apoio parlamentar
Newton Lima Jr
agradeceu a participação do CNG na audiência e antes de abrir a
palavra aos demais deputados ressaltou que a CEC iria intervir junto
ao governo para buscar uma solução rápida ao impasse.
"Tenha certeza
que em respeito à nossa entidade nacional e em respeito evidentemente
aos objetivos maiores que estão pautados neste documento, nós
levaremos na reunião com o senhor ministro da Educação a reivindicação
principal da abertura de discussão dessa pauta de reivindicações.
Nosso papel enquanto Comissão de Educação é trabalhar para que se
possa, o mais rapidamente possível, ver as negociações concluídas
entre o nosso sindicato e o governo", disse o deputado petista.
As deputadas
Fátima Bezerra (PT/RN), Professora Dorinha (DEM/TO) e os deputados
Paulo Rubem (PDT/PE) e Jean Willys (PSol/RJ) manifestaram
solidariedade aos professores em greve.
Fátima expressou
também o apoio do núcleo de Educação da bancada do PT na Câmara dos
Deputados à luta dos professores. "A expectativa é que a audiência
com o MEC ocorra o mais rápido possível e possamos ter avanços das
negociações. Sem dúvida a reestruturação da carreira é fundamental
para que possamos avançar do ponto de vista da valorização salarial e
profissional dos docentes das Ifes", disse.
Dorinha lembrou a
necessidade de revisão e retomada do debate acerca da Reforma
Universitária. "Essa greve nas Federais reforça, principalmente neste
momento de discussão do PNE, a necessidade dos 10% do PIB para a
Educação e mostra o quanto a gente precisa avançar na destinação de
recursos para ter uma Universidade forte e competitiva", apontou.
Rubem lembrou sua
militância no movimento docente desde a construção do ANDES-SN, na
condição de professor da UFPE e ex-presidente da Adufpe, e externou
absoluto apoio à greve.
Willys também
expressou sua solidariedade e a de seu partido à paralisação docente.
"Entendemos que as reivindicações do ANDES-SN correspondem à
construção de uma Universidade Pública de Qualidade", destacou.
Encaminhamentos
Durante a
audiência, o presidente da CEC informou que a Comissão destacou um
grupo de seis parlamentares e já agendou uma reunião, no dia 12/6, com
o ministro Aloizio Mercadante, para levar ao MEC às reivindicações dos
docentes e solicitar a abertura de negociações efetivas com os
grevistas.
Duas subcomissões
também foram constituídas para discutir o financiamento das Ifes e o
plano de carreira dos professores federais.
O ANDES-SN se
colocou à disposição da CEC para contribuir no debate e subsidiar os
deputados em termos de formulações conceituais, quanto com propostas
concretas para a construção de um projeto de Universidade Pública,
Gratuita, Autônoma e de Qualidade.
Fonte: ANDES-SN,
30/5/12.